tag:blogger.com,1999:blog-87783640686021724412024-03-14T06:39:46.290-03:00URUBLUESimprecisões, algaravias, garatujas e heresiasUnknownnoreply@blogger.comBlogger475125tag:blogger.com,1999:blog-8778364068602172441.post-38260147406118160352022-12-09T15:53:00.058-03:002022-12-09T20:25:19.789-03:00O PENALTI E A VIDA<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmMTRaKi6TYkQqHoRvOUiGSuqm_zOFg2LUvFfDgauIEx6c4P5zVsTzInSVjcWhe-w6lMeGmA3jEF7ms0HqalRD5QUprCHbW55dInSHP2URi8At4Vs5MopTx7lYazu6p4In44oRGJJAxPRda1AOxSsmK0kQooBGVrbC9y6_lsXByjnFhB4kCwgvX2kwrg/s850/croacia.webp" style="display: block; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="567" data-original-width="850" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmMTRaKi6TYkQqHoRvOUiGSuqm_zOFg2LUvFfDgauIEx6c4P5zVsTzInSVjcWhe-w6lMeGmA3jEF7ms0HqalRD5QUprCHbW55dInSHP2URi8At4Vs5MopTx7lYazu6p4In44oRGJJAxPRda1AOxSsmK0kQooBGVrbC9y6_lsXByjnFhB4kCwgvX2kwrg/s400/croacia.webp" width="400" /></a></div>
jogador croatas comemoram a vitória sobre o Brasil (encurtador.com.br/stFX0)<div><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"> Eliminações em Copas do Mundo são momentos tristes. A <a href="https://www.dicaseducacaofisica.info/copa-do-mundo-de-1950/" target="_blank">eliminação do Brasil na copa de 1950</a> gerou diversas reações e diversos medos na sociedade em geral e no mundo dos boleiros. <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Barbosa_%28futebolista%29">Barbosa</a>, um excelente goleiro, foi apontado como o único culpado por aquela derrota. A culpa de Barbosa pela derrota de 1950 tem também um fundo racista. A saga do segundo gol do Uruguay, marcado por <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Alcides_Ghiggia" target="_blank">Ghiggia</a>, está no cinema, nas artes, na literatura. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"> Houve tempo que em que fiquei muito triste por uma eliminação de uma copa do mundo. Mas, na verdade, nos últimos cinquenta anos em que acompanho este torneio, vi meu time ganhar em somente três oportunidades, a última há vinte anos. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"> De certa forma, a seleção brasileira só foi grande entre os anos 1950-70, quando ganhou três de quatro mundiais disputados. Entre 1994 e 2002, ganhou duas de três. Depois disso, mesmo o meu <a href="https://www.athletico.com.br/" target="_blank">Athletico Paranaense</a> tem retrospecto melhor nas competições em que disputa que a seleção canarinho. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"> Como torcedor de um time mediano, que não tem a seu favor nem a imensa torcida, nem o poderia econômico e nem uma tradição, eu sei bem o que é perder. Dói, mas você se acostuma. Dói, mas você tem que sair na rua e aguentar a zoação. Dói, mas ninguém está nem aí as vezes nem pra te zoar, o que as vezes é pior. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"> Ou seja, tenho o dorso calejado, tenho o coração acostumado e tenho, como antidoto contra o desespero, uma boa dose de cinismo. Não é o melhor, mas é o possível.
Pra início de conversa: não há salvação. Tudo o que está sendo jogado ali é uma bola que passeia entre pés (as vezes mãos) e conta uma história. É o acaso absoluto. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Não existe você ir ao banheiro, não existe a panela de pipoca, não existe a cueca que você vestiu no primeiro jogo (urgh!) nem o lugar do sofá que você se senta.
Não existem deuses no futebol. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"> Claro que existem grandes jogadores, existem grandes times, existem grandes jogos. Mas isso não nos dá o direito de criar narrativas de nações ou de povos através da história da bola. A estatística não nos ajuda, só dá uma falsa sensação de segurança. Mas o mundo não é determinístico, o mundo é probabilístico, o mundo é bayesiano. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"> O futebol não salva um país e, pior que isso, pode perdê-lo. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Durante anos criamos fábulas sobre a tal <a href="https://fabriciomuller.com.br/wp/?p=2439" target="_blank">Pátria de chuteiras</a>. Temos alguns dos melhores jogadores do mundo, mas não temos ainda um país. E, é bom que se diga, uma coisa não tem nada a ver com a outra, embora por vezes se complementem. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"> Ao ver, torcer e sofrer neste Brasil e Croácia, Quartas de Final da Copa do Mundo, sinto-me triste e frustrado. Eu realmente queria ver nosso time ser campeão. Mas me enfurece a nossa cronicamente Crônica e anacrônica esportiva, a procurar culpados ou a perseguir inocentes. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"> Há muito tempo que eu perdia tempo vendo mesas redondas e debates sobre futebol na TV. Não, não estou pedindo debates sobre educação e cultura em seu lugar. Acho que deveríamos ter ambos, por que não?
O esporte é isso mesmo, é o jogo, é a incerteza, é o momento. Os pênaltis são a mais completa tradução desta verdade. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No pênalti, estão se confrontando um jogador cansado e as vezes abatido psicologicamente. E <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Die_Angst_des_Tormanns_beim_Elfmeter#:~:text=Die%20Angst%20des%20Tormanns%20beim%20Elfmeter%20(bra%3A%20O%20Medo%20do,beim%20Elfmeter%2C%20de%20Peter%20Handke." target="_blank">um goleiro que também está angustiado</a>, e que tem que tem poucos segundos para entender o que o cobrador vai fazer. Um instante entre a glória de um e o desespero de outro. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"> O pênalti é a tradução da incerteza. Treinar seus fundamentos não garantem uma execução eficaz.
Perder para a Croácia nos pênaltis numa Quarta de Final de Copa do Mundo não é desdouro para ninguém. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Para um futebol exigente e vencedor como o brasileiro, estar nas quartas de final é quase obrigação. Passar dela está neste limbo entre sorte e eficácia.
Isso nos faz ficar tristes e frustrados, mas não diz nada de nós como pais. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Não diz nada de nossas vidas e de nossas lutas, tanto os pessoais quanto as coletivas. O futebol nos define em muitas coisas, mas a vida, a nossa e a do país, é muito mais que uma cobrança de penalidades.
</span></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8778364068602172441.post-13636351463412314842022-12-03T21:58:00.002-03:002022-12-03T22:43:36.225-03:00ABOUBACKAR E O HEROISMO SEM CAMISA<p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirbc4ms7-lJjTaOt6kF6W_o312fv5kFI4ei3omf4Fh7sUMIZCzPLYZ3XkZ-06BLOsmd3CSAED7bQO1J3XJ0T_vIQcHl78EOWdn0x8YcQxkaDcWDBQ_QoStktNU4Q3H5c3QnKBKiLu0PLguTko0Yy42_xiFpXpSPL-MgAW_KvOIa6x1DX2dk51S6oGQGA/s4386/aboubackar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="2924" data-original-width="4386" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirbc4ms7-lJjTaOt6kF6W_o312fv5kFI4ei3omf4Fh7sUMIZCzPLYZ3XkZ-06BLOsmd3CSAED7bQO1J3XJ0T_vIQcHl78EOWdn0x8YcQxkaDcWDBQ_QoStktNU4Q3H5c3QnKBKiLu0PLguTko0Yy42_xiFpXpSPL-MgAW_KvOIa6x1DX2dk51S6oGQGA/w400-h266/aboubackar.jpg" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: verdana;">Vincent Aboubackar comemorando seu gol na Vitoria sobre a seleção brasileira<br /><span style="background-color: white; color: #333333; font-size: x-small; letter-spacing: 1px; text-align: start; white-space: pre-wrap;">MICHAEL REGAN/GETTY IMAGES </span><span style="font-size: xx-small;">encurtador.com.br/lxyI8</span></span></td></tr></tbody></table><br /></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Um fim de tarde brusco e abafado por aqui, muitas nuvens negras no céu. O jogo
da seleção brasileira com a seleção de <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Camar%C3%B5es" target="_blank">Camarões</a> termina em anticlímax com a vitória
da seleção africana por 1 a 0, gol de <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Vincent_Aboubakar" rel="nofollow" target="_blank">Vincent Aboubackar</a>.</span></div><p></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Aos 45 do segundo tempo, num contra-ataque após a intensa
pressão da seleção brasileira, Aboubackar recebeu o cruzamento da direita e
escorou de cabeça tirando Ederson da jogada. Belíssimo gol. Com o estádio inflamado
com o gol e a torcida brasileira perplexa, Aboubackar tirou a camisa e se
dirigiu ao corner. Lá, foi abraçado pelos companheiros e voltou exibindo,
orgulhoso, a sua camisa ostentando o número dez. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em meio a tanta alegria e comemoração, já não importava se
havia tirado ou não a camisa, a euforia era tanta não importava essa
penalidade tão estupida. O árbitro da partida, o americano de origem marroquina
<a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Ismail_Elfath" rel="nofollow" target="_blank">Ismail <span style="background: white; color: #333333; line-height: 107%;">Elfath</span></a>, chegou sorrindo, cumprimentou
Aboubackar e aplicou os cartões: primeiro o amarelo e, em seguir, o vermelho. O jogador saiu
de campo sorrindo, aplaudido pela torcida e numa alegria incontida. Eu nunca havia
visto uma expulsão tão injusta e tão bonita. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"> Aboubackar já havia
marcado um belo gol nesta copa, o segundo gol de <a href="https://www.google.com/search?q=camaroes+e+servia+resultado&oq=camaroes+e+servia&aqs=chrome.3.69i57j0i512l2j0i3j69i64l3.8062j1j15&sourceid=chrome&ie=UTF-8" rel="nofollow" target="_blank">Camarões contra a Sérvia</a>, onde
ele fez um gol encobrindo sutilmente o goleiro. O jogador camaronês, de 30 anos, está em sua segunda copa,
tendo vindo ao Brasil em 2014. Pela seleção de Camarões, marcou 35 gols em 91
jogos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A valentia e a alegria de Aboubackar foram uma ducha de água
fria no entusiasmo dos torcedores brasileiros. Embora não valesse rigorosamente
nada, pois a seleção brasileira já estava classificada para a próxima fase, a
derrota tomou ares de alerta e de preocupação. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Até então, desde a estreia vitoriosa contra a Sérvia quanto
a vitória suada contra a Suíça, o time brasileiro era julgado superior e franco
favorito. Agora, dúvidas pairam sobre o time e sobre a estratégia adotada pelo técnico
Tite. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Entendo pouco de futebol. Li muito desde sempre sobre o
esporte bretão e sobre a vitoriosa história da seleção brasileira, o bastante
para saber coisas importantes de sua história, desde os tempos de <a href="https://www.google.com/search?gs_ssp=eJzj4tTP1TcwTikpMjZg9OJJK8pMTUnNK0rNTM4AAGD3CC4&q=friedenreich&oq=frieden&aqs=chrome.1.69i57j46i131i433i512j46i175i199i512j0i512l2j46i512l2j0i512j46i512.5302j0j15&sourceid=chrome&ie=UTF-8" target="_blank">Friedenreich</a> até
a Campanha do Catar. Posso citar jogos que não vi, como o segundo tempo da
final de 1950 os jogos de Garrincha e equipe nos gramados do Chile. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Como observador direto, acompanhei o fantástico time de 70, fiquei
perplexo com o massacre do Sarriá, adorei o time da <a href="https://gauchazh.clicrbs.com.br/esportes/noticia/2022/06/20-anos-do-penta-a-construcao-da-familia-scolari-cl4x4in2k003e019iq164fl8w.html" target="_blank">Famiglia Scolari</a> de 2002 e
me decepcionei com o 7a1. (me explicando: sei suportar derrotas. Afinal, torço
para o <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Club_Athletico_Paranaense" target="_blank">Athletico Paranaense</a>, time que me dá algumas alegrias e muitos
vice-campeonatos). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O que me decepciona com o 7a1 foi que não purgamos a derrota,
não crescemos, não quisemos mudar a estrutura de nosso futebol. É uma dor ver
um país futebolisticamente tão poderoso e tão colonizado, mero fornecedor de
pé-de-obra para as metrópoles do futebol mundial, com diz mestre <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Juca_Kfouri" target="_blank">Juca Kfouri</a>. Onde
somos uma potência, escolhemos continuar a ser colonizados. Diz muito sobre
quem somos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Por isso, não fiquei triste com o gol de Abubackar e a
derrota para Camarões. Perder faz parte do jogo. E é só isso, um jogo. Que é,
em si muito legal. O futebol é um esporte que todos podem jogar, e em qualquer
lugar. É um esporte pré-industrial, e não um esporte industrial como o vôlei e
o basquete, onde as equipes jogam compactas como máquinas. O futebol é mais anárquico,
mais imprevisível, em que você pode ganhar o jogo numa só jogada. Onde o fraco
pode vencer o poderoso algumas vezes. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"> Portanto, saúdo a
alegria e o heroísmo de Vincent Aboubackar, que venceu e tirou a camisa, mesmo
sabendo que seria expulso. Minutos antes, ele havia tomado um cartão amarelo lá
atrás, como um bom operário da bola, protegendo sua defesa dos impetuosos e
pouco objetivos reservas brasileiros. Instantes depois, ele era o herói que
sacudia o estádio, um herói que castiga a arrogância canarinho. Um herói improvável
num mundo tão improvável. Esta é a magia do futebol. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Uma magia a que mesmo os muitos de nós que andam tão céticos com
essa magia, nos curvamos e ficamos alegres. Se existem os deuses do futebol, eles
adoram umas boas traquinagens. E de rir muito. Adoro. </span><o:p></o:p></p>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8778364068602172441.post-85482209758439122812022-11-28T18:06:00.000-03:002022-11-28T18:06:16.509-03:00CASEMIRO E A PÁTRIA SEM CHUTEIRAS<p> <table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvNW8NIDBiqrbbAq7eqJzZQIFZqPlLofQfS_SmCNfHljPjIU-GghkVbRtUZS3zjiE0rCjSib1rD196G5Jj0r07JptvB2aqdm2YNr4j9kO5HiQBM_6IM387V2f-QjGq4rZfPDcUk_hPY-1FZUMFuHbBQcG-lkd8YWtxtSyFDX17pjvK7lKtJOY35swwzw/s771/casemiro.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="420" data-original-width="771" height="217" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvNW8NIDBiqrbbAq7eqJzZQIFZqPlLofQfS_SmCNfHljPjIU-GghkVbRtUZS3zjiE0rCjSib1rD196G5Jj0r07JptvB2aqdm2YNr4j9kO5HiQBM_6IM387V2f-QjGq4rZfPDcUk_hPY-1FZUMFuHbBQcG-lkd8YWtxtSyFDX17pjvK7lKtJOY35swwzw/w400-h217/casemiro.jpeg" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Casemiro e Vini comemorando o gol <br /><span style="font-size: xx-small;">Nelson Almeida/AFP encurtador.com.br/fvxBV</span></td></tr></tbody></table><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Uma tarde de chuva fria e fina aqui em Barão Geraldo, após um
jogo de Copa de Mundo também muito chorado. No Qatar, a seleção brasileira venceu
a seleção da Suíça por um magro 1 a 0 e está classificado para as oitavas de
final, assim como a forte seleção francesa. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Depois do primeiro jogo, na última quinta-feira, está mais
comum ver pessoas com a camisa verde-amarela nas ruas e nas imagens. Apesar da
<i>overdose</i> de gente com camisas amarelas no noticiário esportivo e também no
noticiário político, percebi uma grande diferença: desta vez, em sua maioria,
quem está vestindo literalmente a camisa são, em sua maioria, corpos negros. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Eu vi uma <a href="https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2022/11/27/waka-waka-na-mare-influenciador-raphael-vicente-lanca-clipe-para-a-copa-do-mundo.ghtml" target="_blank">coreografia ensaiada por um grupo da Maré, no Rio de Janeiro, liderados pelo influenciador Raphael Vicente</a>, e que ficou linda
maravilhosa. Inspirados numa música de Shakira, ali eu vi a ginga e a alegria
que temos nos campos e nas comunidades. Ali eu vi que só quem pode ressignificar
esta camiseta é o povo. E o povo já fez isso. Os outros, da nossa arrogante
classe média branca, estão por aí, tristes, rezando e tomando chuva. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Estes brasileiros, aliás, estão lá nos estádios da Copa, semi-europeus,
torcendo para os negros e pardos que, lá no gramado, fazem do futebol
brasileiro uma arte. São estes brasileiros classe média que, do alto de seus privilégios,
ainda conseguem atacar Gilberto Gil, nosso espírito iluminado. Que as areias do
deserto se fechem sobre eles, e que mestre Gil siga nos trazendo a Paz. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Hoje decidi assistir ao jogo sozinho no meu sofá. Tive alguns
momentos um receio e um <i>dejá-vu</i>: a última vez que havia feito isso foi no tenebroso
7 a 1. Mas já sou bem velhinho e experiente para saber que o jogo é jogado lá
no Qatar e nada que eu faça, como ir ao banheiro, fazer uma pipoca, se enrolar
na bandeira, beijar uma figa, nada disso resolve. Ou resolve? <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O fato é que foi um jogo muito tenso. Mais experientes que
os sérvios, os suíços, se não reeditaram o famoso ferrolho helvético dos anos 1950, também
não deram muita folga pra gente. Outro fato é que os suíços jamais haviam
perdido para o Brasil em Copas do Mundo. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Hoje um pouco menos vibrante, a esquadra brasileira também não
jogou mal. Teve destaques fortes em Vini Jr e em Casemiro, este último esperto e
inteligente no chute ao gol. Mas ninguém foi mal. Sequer Neymar, que ficou no hotel
e foi substituído nas arquibancadas por <a href="https://www.uol.com.br/esporte/futebol/copa-do-mundo/2022/11/28/sosia-de-neymar-rouba-a-cena-e-e-tietado-no-estadio-de-brasil-x-suica.htm" target="_blank">um sósia muito mais simpático</a>. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Outra coisa que eu nunca tinha enfrentado foi o tal do VAR. Vai
demorar pra eu me acostumar ao VAR, ora se vai. Apesar da tecnologia diminuir
em muito as reclamações e as intermináveis discussão nas mesas redondas futebolísticas,
como fazemos sem as reclamações e as intermináveis discussão nas mesas redondas
futebolísticas? O gol de Vini Jr, segundo os analistas corretamente anulado,
foi uma pintura. É quase como se Van Gogh, da excelente seleção holandesa, descartasse
e jogasse fora o <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Retrato_de_Dr._Gachet" target="_blank">Retrato do Dr. Gachet</a> porque a moldura estava com problema...<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Ao fim, o placar magro valeu os tais dos três pontos. Os suíços,
pela primeira vez, souberam o que é perder para a seleção Brasileira. E nós
seguimos em frente com nossas alegrias e contradições. Cada jogo de Copa do
Mundo tem seu herói, ou seu vilão. <a href="https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/socorro-toshiro-mifune-o-brasil-precisa-de-herois-eu-de-samurais/" target="_blank">Pobre do país que precisa de heróis</a>, como
dizia um cara sábio do passado. Mas nós somos um pobre país. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O herói da vez foi Casemiro, meia forte e de futebol
elegante, e que habita lá para as bandas do Bernabeu. As histórias e as falas nas
redes sociais e na imprensa com certezas serão outras. Sai o Pombo e seu jeitão
de moleque grande, solidário e zoador, e entra em seu lugar a figura do capitão
brabão, que decide nos momentos mais difíceis. De heróis e chutes se faz a crônica
esportiva, ora pois. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A copa segue, lá nas tristes areias do Golfo Pérsico. Aqui,
o país se reinventa. Que venham camisas amarelas, que venham azuis. A pátria,
não a quero de chuteiras, assim como não a quero de armas na mão. Quero a dança
do pessoal da Maré, quero a alegria da prova dos nove, como já nos disse
Gilberto Gil. <o:p></o:p></span></p><p>
</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Pindorama o país do futuro. <o:p></o:p></span></p><p style="text-align: justify;"><br /></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8778364068602172441.post-17392866055762305302022-11-24T22:46:00.003-03:002022-11-24T22:46:25.585-03:00RICHARLISON E A ALEGRIA DE JOGAR<p style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCbnDoIR8JoYnjdiUUi8-Mu2IXLLCDbiBuWFVehBkxoKZEJBcgmq1Rl0gzzFeY2Bc8lJASZnS1LXyCmJBFwOdxPVSHYdR5l1LHcwCXXJNiDUf9U1gksSr_IG2IuVkF0nB8IIDwUv7RRRyJWduhmT_TCN44A0Ix5H9r9FOzMRcYQ1Jr373ijedgHUgAXQ/s561/richarlison.jpeg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="420" data-original-width="561" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCbnDoIR8JoYnjdiUUi8-Mu2IXLLCDbiBuWFVehBkxoKZEJBcgmq1Rl0gzzFeY2Bc8lJASZnS1LXyCmJBFwOdxPVSHYdR5l1LHcwCXXJNiDUf9U1gksSr_IG2IuVkF0nB8IIDwUv7RRRyJWduhmT_TCN44A0Ix5H9r9FOzMRcYQ1Jr373ijedgHUgAXQ/w400-h300/richarlison.jpeg" width="400" /></a></p><p style="text-align: center;"><span style="background-color: white; color: #1f1f1f; font-family: Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; letter-spacing: 0.15008px; white-space: pre;">https://5tka.short.gy/awYtw7</span></p><p><span style="font-family: verdana; text-align: justify;">Hoje fiz coisas que há muito não
fazia. Não, não consegui vestir a amarelinha. Ainda estão na minha cabeça o sequestro
de vários símbolos nacionais pelos golpistas.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Não é disto que eu quero falar
hoje.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Fui assistir o jogo da seleção
brasileira diante da Sérvia, estreia dos pentacampeões na Copa do Mundo no Qatar,
essa Copa do Mundo tão estranha e infeliz. Mas não é disso que se trata hoje. Fui
com vários amigos e diversos alunos na Estação Barão, o bar dos estudantes daqui
de Barão Geraldo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Foi uma grande emoção ver tanta
gente reunida e num mesmo sentido. O fato de estarem de verde amarelo me perturbou
no início. Muitos com camisa azul, muitos com camisas alternativas, muitas com
outras camisas. Aos poucos, fui perdendo minha inquietação e fui gostando de
ver aquela multidão. Muita alegria e esperança no ar. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No início, um jogo tenso, com os sérvios
todos na sua grande área, em duas linhas de defesa. Difícil passar por ali. O primeiro
tempo foi só isso. Os meninos do Brasil tentando furar aquela muralha vermelha.
Vermelha dos uniformes vermelhos dos sérvios, bem se diga. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No segundo tempo, a coisa começa
a mudar. A movimentação do time muda, e a barreira sérvia começa a ser
ultrapassada. Numa jogada mais estridente do até então apagado Neymar, Richarlyson
completa para o gol. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Uma imensa euforia toma conta dos
menines onde estou. Uma alegria arrebatadora. É gente gritando, se abraçando,
jogando cerveja para cima, uma grande euforia toma conta da multidão. As coisas
começam a ficar mais tranquilas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Foi pouco tempo depois. É quando Vini
Jr cruza e Richarlyson, o Pombo, voa para a consagração. Seu voleio, de uma
plasticidade incrível, faz mais cerveja voar ao redor. Golaço. Todos pulam extasiados.
Um gol maiúsculo de um menino estreante em copas do mundo. Que clareza, que
objetividade! <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O local onde estávamos foi à
loucura. Gente pulando, gente gritando, gente se abraçando. Levamos uma chuva
de cerveja, confundidas com a chuva errática que começava a cair. Que lindeza o
gol de Richarlyson. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Velho que sou, ali vi Zico, vi Sócrates,
vi Falcão, craques de minha infância/juventude a nos brindar com jogadas
estupendas e muito bem trabalhadas. Vi uma alegria de jogar e uma qualidade que
há muito não via. Que beleza meninos!!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">E quantos meninos! Depois que Neymar
saiu machucado, vi ainda Casemiro, Rodrygo, Raphinha, Gabriel Jesus e tantos
outros, todos acossando os grandalhões sérvios, que corriam e não entendiam o
que estava acontecendo. Um show de bola. Fiquei muito feliz de ver tantos meninos
jogando, alegres e com muita qualidade. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Não é pra ficar confiante demais.
A copa, para uma seleção do porte da brasileira, só começa a ser copa depois
das quartas de final. Não é arrogância, é verdade. A Sérvia era um bom adversário,
mas não e um time para afetar o time brasileiro numa Copa do Mundo. No tempo em
que eles eram parte da antiga Iugoslávia, eram melhores. Hoje, separados e
brigados entre si, são só uns grandalhões correndo atras de uma bola. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Tem muita coisa ainda pela frente
nesta Copa, mas fiquei feliz. Fui pra casa feliz. Feliz, inclusive, de saber
que Richarlyson é uma pessoa antenada e atenta ao mundo além do futebol. Não é Sócrates,
mas tudo bem. Sigamos adiante, com alegria. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Com tudo o que passamos – e ainda
estamos passando neste ano – foi um dia de muita alegria e união. Não cabem metáforas
de seleção e povo. Mas cabe a alegria que nos assombra a todos nessa noite de quinta-feira.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">É só um time de futebol. Mas parece
mais. </span><o:p></o:p></p>Unknownnoreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-8778364068602172441.post-51610164557544886932022-06-15T09:35:00.003-03:002022-06-15T09:35:43.726-03:00LULALCKMIN<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"> </span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><span>A Paleontologia Imaginária, ao contrário do que se imagina,
não tem uma evolução linear enquanto disciplina científica. Como qualquer ramo
da ciência, tem tido agudas controvérsias e grandes mudanças paradigmáticas em
seu desenvolvimento (T. Kuhn, Congresso de Paleontologia Imaginária de
Antofagasta, 1962). A questão dos Cisnes Verdes fósseis e sua comprovação
empírica (Popper, 1939), por exemplo, foi um destes grandes momentos.</span></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: verdana;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Contudo, dentre tantas controvérsias, a questão do gênero Lulalckmin
ocupa um capítulo à parte. Quando seus primeiros espécimes foram descobertos e
analisados (Lula da Silva et al., 2022, Imaginary Paleontological Review),
muitos notaram a notável semelhança com outros espécimes já muito conhecidos do
registro paleontológico, como o Lulinus, encontrados em terrenos pliocênicos do
ABC Paulista (Atas do 13º Congresso de Paleontologia Imaginária de São Bernardo,
1980), e o Geraldinus, encontrados em terrenos similares na bacia sedimentar de
Pindamonhangaba (Covas et al., Congresso de Paleontologia Imaginária de Pinda,
1996). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Segundo muito analistas, tratavam de duas espécies muito
diferentes e inclusive competidoras entre si, sendo quase impossível encontrar
um organismo com características das duas espécies. O Lulinus era um mamífero
muito adaptado a vários ambientes, associados com espécies do Gênero Sinistrus
(ver PTistus sp). O Lulinus, inicialmente descoberto em sítios paleontológicos
fosseis em Garanhuns, chegou a ser a espécie dominante no plio-pleistoceno, ocupando
inclusive trechos de cerrado no Brasil central (Lulalá et al., Congresso de Paleontologia
Imaginária de Brasília, 2002). Embora proveniente da base da cadeia alimentar,
o Lulinus chegou a conviver tranquilamente com espécies predadores enquanto
estava protegendo espécies predadas (Genro, 2005). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Já o Geraldinus era uma ave tucaniforme que chegou a dominar
extensas áreas da Pangeia (Cardoso, 1994, Imaginary Paleontological review). No
entanto, inicialmente sua distribuição geográfica era restrita ao território do
atual estado de São Paulo, que chegou a dominar desde o Cretáceo. O Geraldinus,
ao contrário dos demais tucaniformes desta época, ocupava preferencialmente
extensas áreas dominadas por cucurbitáceas, como o Sechium adule, ou chuchu.
Apesar de estarem bem adaptados ao ambiente cucurbitáceo em que viviam, os Geraldinus
quase foram extintos no fim do holoceno graças aos ataques de canídeos do gênero
Bolsodoria (Congresso Paulista de Paleontologia Imaginária, 2018). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Dada a grande dessemelhança das espécies, muito apontaram
ser o Lulalckmin uma fraude, fruto de reconstrução maliciosa de espécimes
fósseis (Gomes, 2022, Congresso de Paleontologia Imaginaria de Paris). No
entanto, alguns mostraram que o surgimento do Lulalckmin, apesar dos muitos
pontos ainda em aberto, pode ter sido muito importante para combater os vermes anaeróbios
do gênero Bolsonarus, que tornaram muito difícil a sobrevivência de importantes
ambientes paleoecológicos brasileiros. Muito apontam que mamíferos com
características de aves já foram descritos em espécimes fosseis imaginários em
vários ambientes, como o ornitorrinco australiano ou mesmo o Pegasus sp, o
cavalo alado, cujos primeiros registros foram feitos na Grécia antiga, citados
por Aristóteles em sua Física (livro IX). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A origem do Lulackmin está em aberto. Ainda não temos argumentos
que possam esclarecer sobre a origem do Lulalckmin nem a sua função
paleoecológica. Quem sabe nos próximos meses tenhamos acesso a novas
descobertas que possam dar uma nova luz e esclarecer esta importante
controvérsia. </span><o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8SVr39RINBjLFXOGo6hHP9PXtlIepB2zvNWoL1G5v3BsTo2zBfQ0l2dsTEfn8ws_ptHn8-wlUq518-gnEhXpUlfgFRQs4xq0ABqpuPl34_57ZlHFV15ZIz8KbUx9HYAyIRiXeXLSNbE6blk_qEgulUNYrtSTf3raTRdeT7Ff3fOjvlp1cY9mzeogKhg/s2048/paleontologia_Julian.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1448" data-original-width="2048" height="226" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8SVr39RINBjLFXOGo6hHP9PXtlIepB2zvNWoL1G5v3BsTo2zBfQ0l2dsTEfn8ws_ptHn8-wlUq518-gnEhXpUlfgFRQs4xq0ABqpuPl34_57ZlHFV15ZIz8KbUx9HYAyIRiXeXLSNbE6blk_qEgulUNYrtSTf3raTRdeT7Ff3fOjvlp1cY9mzeogKhg/s320/paleontologia_Julian.png" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">arte: julian fagotti</div><span style="font-family: verdana, sans-serif; font-size: 13.33px; font-style: italic;"><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana, sans-serif; font-size: 13.33px; font-style: italic;"><br /></span></p>(a Paleontologia Imaginária é um ramo da Paleontologia que trata de animais incertos; é um ramo do conhecimento que faz fronteiras com a paleontologia, a geografia, a física molecular, a psicologia e com Morretes (PR). Como membro da Sociedade Brasileira de Paleontologia Imaginária (SBPI) e colaborador da South American Review of Imaginary Paleontology, periódico classe A1 da CAPES, venho através deste blog fazer a divulgação científica da Palentologia Imaginária para o publico interessado em ciências)</span><p></p><div><span style="font-family: calibri;"><span style="background-color: transparent; color: black; font-family: verdana, sans-serif; font-size: 13.33px; font-style: italic; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; text-align: justify;"><br /></span></span></div><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; font-size: x-small;"><br /></span></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8778364068602172441.post-14685832650763580802021-05-10T20:46:00.001-03:002021-05-10T20:46:15.657-03:00A MORTE DANÇA NA RUA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgIg_3vIDHi1xq9p9PZGk6tjSNISoIL17AG2mZk4bhwxWXP_4bRUxGGRvbDFMex2gUCR7ILhUieTiMY2Bwt1_WvBeUvSIurnp3PXGhSsFZNPwfB89JUIFekhbSdqjRUy8Jrurq2n7sEm5N/s800/fantasia-masculina-ceifador-morte-festa-halloween-carnaval.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="800" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgIg_3vIDHi1xq9p9PZGk6tjSNISoIL17AG2mZk4bhwxWXP_4bRUxGGRvbDFMex2gUCR7ILhUieTiMY2Bwt1_WvBeUvSIurnp3PXGhSsFZNPwfB89JUIFekhbSdqjRUy8Jrurq2n7sEm5N/w400-h400/fantasia-masculina-ceifador-morte-festa-halloween-carnaval.jpg" width="400" /></a></div><p> https://bit.ly/3tCT7G</p><p><span style="font-family: verdana; text-align: justify;"><br /></span></p><p><span style="font-family: verdana; text-align: justify;"> E enfim é chegado o tempo em que ela, que sempre esteve
entre nós, não nos espera mais na saída de casa, nos banheiros públicos, nos
caminhos para as matas. Ela já não tem mais a antiga pressa, embora esteja
trabalhando como nunca. Funcionária zelosa e dedicada, ela agora dança
alegremente nas ruas, entra em nossas casas, toma caipirinha nas festas de
domingo.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A morte dança na rua. Nós não conseguimos enxergar os vírus
com a vista desarmada. As pessoas contaminadas não têm bubões da peste, não tem
diarreias abundantes. Portanto, concluem alguns, não existe essa tal pandemia, embora
estejamos há tanto tempo escondidos em casa, lavando obsessivamente as mãos com
álcool gel e usando máscaras. Contra todos os esforços, as vacinas, as medidas
sanitárias, ela, a morte, gargalha e zomba de nós na frente de nossas casas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A morte dança na rua, toma ônibus lotados, participa de
cultos ruidosos e ri, fumando um cigarrinho com os peões de máscara no queixo,
na roda de conversa do fim do trabalho. Mas a morte também frequenta festas e barzinhos
da moda, a morte se preocupa com a saúde e frequenta academia cheias de gente
entediada e marombada. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Como num quadro de Brueguel, o que vemos são pequenos
demônios confraternizado em nossas ruas semivazias. Alguns desses passeiam de
carros caros e engalanados de verdeamarelo para saudá-la, a ela, a desenganada
das gentes. A morte sorri seu riso sem dentes, encabulada. Sim, parece que até
para ela tais demonstrações de apoio são demasiadas, desnecessárias, pouco
pudicas. Mas o carnaval dos pequenos demônios segue por nossas ruas, numa
alegre carreata que parece não ter fim, nem senso. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A morte entra desabusada pelos palácios. Lá, senta-se na
mesa de reuniões cercada de homens sérios e cheios de assuntos importantes, dá
ordens e anda sem ser molestada pelos corredores do poder. A morte passeia
entre os comensais dos banquetes, feliz e esvoaçante, contando aqui e ali doces
piadas macabras. E nosso PIB, ali presente, ri, porque eles riem à toa.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A morte zomba de nós, e vai ceifando vidas. Antes era o
conhecido do conhecido, agora o próximo, o distante, o amigo, o ente querido.
Famílias inteiras dão um tributo amargo à morte, que dança nas ruas e nas
praças, dança feliz e sem máscara numa cidade semivazia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">As mortes ocorrem solitariamente, dentro das casas ou nos
hospitais lotados. O paciente, entubado sem sedativos e amarrado para não se
soltar, sofre seu calvário moderno no escondido das UTIs. O desespero de
comprar oxigênio passa longe, nas telas da televisão. Diante de tanta dor,
declaramos que estamos cansados, que temos direito a um pouco de descanso e
sossego, que temos direito a escapar dali, mas pra onde, meu Deus? Pra Praia?
Pro Sertão? <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O céu de maio está azul e amplo, passarinhos cantam e
procuram comida, mas nosso mundo está fechado, tomado por uma imensa bruma
verde e amarela, sulfurosa e pútrida. Não há mais pátria, não há mais senso de
unidade. A morte nos unifica, nos agrega, nos seduz.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Vacina pouca, meu pirão primeiro, antes ele
do que eu. O presidente ri e conta piadas de nosso desespero em miseráveis
shows de televisão. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O tempo está congelado, não há futuro, só este amargo
presente. Nele, a morte ri e dança nas ruas, numa festa sem fim, num pesadelo
sem direito a acordar. </span><o:p></o:p></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8778364068602172441.post-11368993867055484572021-03-11T19:46:00.004-03:002021-03-11T19:52:58.053-03:00O GRANDE DESASTRE DE 11 DE MARÇO DE 2011<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMtfpxwY1lRJuJixdqPeHcDeWyIfvZTDfO4GF4Jtpu0DjJJpBXsejnnFm-ckQpowJaP5z3J6mXXznhfg9wqe68QJREVl4u-5ZOv45ZnexgudHWYtkzihD3s3FpF8tHzfwYnC7DrP2wbiSC/s400/11_MAR%25C3%2587O_ANTONINA.JPG" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="266" data-original-width="400" height="328" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMtfpxwY1lRJuJixdqPeHcDeWyIfvZTDfO4GF4Jtpu0DjJJpBXsejnnFm-ckQpowJaP5z3J6mXXznhfg9wqe68QJREVl4u-5ZOv45ZnexgudHWYtkzihD3s3FpF8tHzfwYnC7DrP2wbiSC/w493-h328/11_MAR%25C3%2587O_ANTONINA.JPG" width="493" /></a></div><div style="text-align: center;">O morro da Laranjeira em 12 de março , após os escorregamentos (foto de Erly Ricci https://bit.ly/3t5Q0XO)</div><p></p><p><i>Dedico esta postagem ao povo de Antonina e aos moradores do bairro Floresta, em Morretes, juntos na mesma tragédia</i></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Foi hoje o dia, há dez anos atras. 11 de março de 2011. Um
dos piores desastres que o litoral do Paraná enfrentou. Um dos piores desastres
que os antoninenses enfrentaram. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Um desastre não começa exatamente durante a chuva torrencial.
Muitas vezes ele começa antes. Começa da forma como a sociedade se divide, e na
divisão desigual da riqueza, que empurra os menos favorecidos para as áreas mais
sujeitas a desastres. Continua nas casas, construídas nas regiões mais vulneráveis
e da maneira mais precária. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Durante o momento “quente” do desastre existe muito esforço
de ajudar. Existe aquela saudável animação de Bombeiros, Defesa Civil,
prefeitura, muita gente pelas ruas. Mas depois, quando o assunto esfria, quando
o jornalista deixa de pautar a notícia, quando o dia a dia se impõe, o desastre
continua por outros meios. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em março de 2011, em Antonina e Morretes, no dia anterior
tinha chovido muito. Naquela sexta feira, 11 de março de 2011, o mundo caiu
sobre o litoral do paraná. A quantidade de chuva, que nos poucos pluviômetros que
tínhamos então na região, pontam marcas de até 260 mm por metro quadrado por
dia. Para que se tenha uma ideia, um furacão tem chuvas de até 600 mm/dia. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A quantidade de chuvas era o suficiente para gerar uma catástrofe.
E catástrofe foi o que aconteceu em vários pontos do litoral paranaense naquele
dia. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A defesa civil antoninense fez o dever de casa, e chamou a
sede em Curitiba. O pessoal desceu, juntamente com alguns geólogos da MINEROPAR,
entre eles Rogerio Felipe. Ao chegar no sopé do morro da Laranjeira, Rogerio ficou
muito assustado com o que viu. “<i>Falei para Defesa Civil tirar todo mundo</i>”,
me contou, emocionado, tempo depois. A percepção de Rogério foi a diferença
entre a vida e a morte das pessoas que ali moravam. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A única vítima, infelizmente, foi seu Pedrinho, que tinha
ficado de tomar banho antes de sair de sua casa. Não deu tempo. Quando os
bombeiros resgataram seu corpo, o velho porteiro do Cine Opera na minha infância,
agora um senhor de 80 anos, já estava morto. À noite, nos fundos do cemitério são
Manoel, uma torrente tiraria a vida de uma jovem mãe que havia voltado à casa
para pegar a mamadeira de seu filho. Estas foram as duas vítimas capelistas da
grande tragédia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em Morretes, o rio Nhundiaquara havia subido, inundando a
cidade mais uma vez. Havia escorregamento por todos os lados da cidade, mas no
distrito de Floresta, na Serra da Prata, na divisa com Paranaguá, entretanto, a
situação foi bem mais dramática. Uma série de torrentes de detritos varreu os
morros da Serra da Prata, arrasando a comunidade de Floresta. Segundo seu
Arlindo Capeta, morador e líder comunitário do bairro, com quem conversei
depois, “<i>teve um grande estrondo e a terra começou a tremer</i>”. Veio água,
veio pedra, veio arvores enormes descendo com a correnteza, contou ele. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Seu Eurides Lucheta, que tinha uma casinha perto do morro do
Gigante, mais adiante na serra, ficou isolado por três dias, só se alimentando
de bananas e tomando agua suja. No domingo, foi resgatado por um helicóptero da Polícia Militar. É
dele a descrição mais precisa do tipo de torrente que descia a serra. Ele
contou que uma cachoeirinha que tinha nos fundos de sua casa subitamente secou.
Provavelmente formou-se um grande barramento natural de rochas e tronco serra
acima. Quando o barramento se desfez, houve um grande estrondo, e ele correu
para se abrigar nas pedras. A torrente veio feroz, e levou sua casinha e seu
cachorro, que havia ficado para trás. “<i>Parecia uma onda grande do mar</i>”,
nos contou ele. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWxZbmWwqeKGfOfo4SeFNUZohA9O2jeOzZ6kzItWFMeq781tRpVkLz-6hL4vNF1I9wKFSVbOQV_ymVRzmPxxjXcnoXV_WuyHDUrJWgorKp8qXO1Zx6LYC26VhxyufsKNc16qDKw0WY1RB_/s410/foto5.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="307" data-original-width="410" height="351" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWxZbmWwqeKGfOfo4SeFNUZohA9O2jeOzZ6kzItWFMeq781tRpVkLz-6hL4vNF1I9wKFSVbOQV_ymVRzmPxxjXcnoXV_WuyHDUrJWgorKp8qXO1Zx6LYC26VhxyufsKNc16qDKw0WY1RB_/w467-h351/foto5.jpg" width="467" /></a></div>O bairro de Floresta após os fluxos de detritos e as inundações de 11 de março de 2011 (foto: Renato Lima/CENACID)<br /><span style="font-family: verdana;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Quando cheguei à Antonina no dia 14 de março, numa missão do
CENACID, o Centro de Apoio Científico em Desastres da UFPR, chefiado por nosso
amigo e companheiro Renato Lima, a situação estava confusa na Deitada-a-beira-do-mar.
Ainda muita lama pela cidade, o grande escorregamento da avenida Nenê Chaminé barrava
a rua. Na Laranjeira, era só desolação: casas que desapareceram, casas
danificadas, casas ainda intactas, o cheiro de terro e morte. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Diziam que a grande pedra do Morro da Pedra iria cair. Subimos
lá e vimos que estava firme como nunca. Diziam que havia fendas no Morro do
Joubert, ameaçando as casas da Graciosa de Cima. Sim, havia uma fenda ocasionada
pelas chuvas, e ela estava em atividade, apresentando algum risco. Monitoramos sua
movimentação por três dias, até que cessou de se movimentar. Enquanto isso, os
bombeiros e a Defesa Civil pediram que as pessoas deixassem suas casas na
Graciosa de cima e de baixo. A medida era exagerada, mas ninguém tinha certeza
do que estava por vir. Era uma precaução exagerada, mas que evitaria perdas de
vidas, e ainda me parece bastante razoável. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Foram três dias intensos, onde eu, minha colega de CENACID,
a geóloga Fabiane Acordes, e o nosso líder de missão, Renato Lima percorremos vários
morros, andamos vendo várias situações. Foram também várias reuniões, com o
pessoal da Defesa Civil, os técnicos, e os voluntários. Dentre estes, conheci vários
conterrâneos que a ocasião juntou, desde funcionários da prefeitura, colegas,
vizinhos e curiosos, que sempre davam um tempero especial às nossas correrias. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Tive também oportunidade de voltar diversas vezes para
acompanhar o pós-desastre. Entre 2011 e 2014 fiz diversos campos com meus
alunos nos morros de Antonina e Serra da Prata, onde fizemos diversos trabalhos
e muitos ensaios. Boa parte destes trabalhos estão publicados em diversos eventos,
tanto no Brasil como no exterior. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Poucas vezes, no entanto, tivemos a chance de ter uma
devolutiva para a população. Por diversos motivos, acabamos por não conversar
sobre as pessoas sobre o que aconteceu. Há poucos anos, em 2017, por ideia de
meu aluno Gabriel Facuri, organizamos uma reunião com os moradores do bairro
Floresta. Foi muito interessante a troca. Aprendemos muito também. Podemos voltar
a falar só disso em outro momento. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em geral, as vítimas destes grandes desastres passam por muitos
problemas quando o momento mais agudo do desastre termina. Sofrem pressões de
diversas formas, muitas vezes são impedidos de voltar as áreas que ocupavam. Muitos
apresentam traumas psicológicos difíceis de sanar. Crianças e adolescentes,
quando não tem assistência adequada, podem passar para o crime ou o desajuste
social. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Passaram-se dez anos. Mas existem ainda muitas pontas soltas
do desastre. Hoje, um medo de chuva toma conta das pessoas que se lembram dos
dias trágicos. Algumas, tem síndrome do pânico. Outras, estão desalojadas. Antonina
ainda não incorporou o bairro da Laranjeira, embora tenha até projetos de transformar
a área num parque. O próprio Morro da Pedra perdeu todo o chamativo que tinha
como um cartão postal da cidade. As pessoas ainda não sabem direito o que aconteceu.
Os estudiosos não deram uma devolutiva adequada de seus estudos à comunidade. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O que fazer num próximo desastre? <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Estamos preparados? Como podemos fazer para
enfrentar melhor um desastre semelhante? <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Segundo um proverbio japonês, povo acostumando com todo tipo
de desastre, os desastres acontecem quando nos esquecemos deles. Fica a dica. </span><o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; font-size: x-small;"><i>(também agradeço a Renato Lima, Fabiane Acordes, Carlos Augusto Canduca Machado e José Paulo Vieira Azim, sem a ajuda dos quais eu não teria conseguido estar e trabalhar na minha cidade quando esta precisou de minha modesta ajuda)</i></span></p>Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8778364068602172441.post-24024962656011079682021-03-05T12:05:00.001-03:002021-03-05T12:06:37.590-03:00O ANO DO CORONA<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiySHEqJ5_ZE_0PHHMUuVZjZF5NTOrFNMjtPAtBLdX5nJVsNNEJp8jDYGizKVDnjaf50sPtnM_V-MZ69XCFLQcJcT9Bt7VOxibQyHBqmGX6ZLhM6h6n7YJYOmXnVNDm7QetlHYa2ZlNXIY0/s1152/ANO_DO_CORONA.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="864" data-original-width="1152" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiySHEqJ5_ZE_0PHHMUuVZjZF5NTOrFNMjtPAtBLdX5nJVsNNEJp8jDYGizKVDnjaf50sPtnM_V-MZ69XCFLQcJcT9Bt7VOxibQyHBqmGX6ZLhM6h6n7YJYOmXnVNDm7QetlHYa2ZlNXIY0/s320/ANO_DO_CORONA.jpeg" width="320" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Já faz um ano. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Naquele mês de março, as nuvens
foram sumindo do céu. Os cumulo-nimbus eram cada vez menores e mais brancos, lá
longe no horizonte. Depois, o por do sol começou a ficar mais vermelho, e um
vento frio balançava os galhos das arvores. Era o fim da estação das águas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Neste tempo, estávamos ainda
discutindo com os empresários da necropolítica, que faziam de tudo para
minimizar as “12 mil mortes” que fatalmente aconteceriam. Alguns falavam que só
matariam os velhos. Só. Não resolveríamos nada com pânico, diziam. O importante
era salvar a economia. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O tempo passou, e o álcool gel
invadiu nossas casas. Ainda sem saber como fazer com a nova situação, lavávamos
tudo obsessivamente. Para dizer bem a verdade, ainda lavamos. Cheguei a pegar
um eczema nos pulsos, de tanto sabão que usei. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No começo, não tinha máscara
ainda. Hoje, sabemos porque: não tinha máscara para todo mundo, e se dizia que
não precisava. Aí mandamos fazer máscaras de pano. Muita gente, subitamente
desempregada, começou a investir em fazer máscaras muito bonitinhas, de tudo que
é tipo de pano<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Nos assustamos muito quando vimos
os caminhões cheios de corpos na Itália. Ficamos amedrontados com os corpos na
rua em Guayaquil. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Quando a primeira onda começou a
chegar, lenta como uma maré, tentávamos imaginar quando seria seu pico de contaminações
e mortes. Quando? Diante de algum resultado ligeiramente menor das
estatísticas, alguns incautos diziam que o pico já havia sido atingido. Mas não
era pico, ao menos não pra nós. Foi um imenso planalto de mortes diárias, que
atravessamos com mortes diárias muito elevadas e hospitais quase cheios. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O céu já estava claro, com um sol
cada vez menos intenso. Choveu um pouco, mas já estava seco, e o ar ficou mais
cheio de pó. Era o mês de maio chegando. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em 25 de maio, em Minneápolis,
nos Estados Unidos, um policial matou um homem negro chamado George Floyd,
acusado de passar uma nota falsa de 20 dólares. Durante 8 minutos s 46
segundos, metodicamente, o policial Derek Chauvin ficou com o joelho no pescoço
de Floyd, terminando por matá-lo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Poderia ser mais uma pessoa negra
morrendo nas mãos da polícia, seja nos Estados Unidos seja no Brasil, onde um
jovem negro é assassinado a cada 23 minutos, segundo dados de uma CPI no Senado
de 2015. Mas não. Não desta vez. Como uma grande onda, o clamor contra este
tipo de assassinato, cruel e metódico, varreu os Estados Unidos em grandes e
massivos protestos, que acabaram por atingir totó o mundo, até mesmo no Brasil,
tão longe e tão perto das ruas de Minneápolis. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">“Não consigo respirar”, teria
dito Floyd. Pois foi justamente isso que milhares, centenas de milhares e enfim
milhões de pessoas sentiram durante todo o mundo, enquanto a epidemia se alastrava.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Primeiro foi Manaus que sentiu o
baque, depois uma a um os outros estados tiveram centenas e milhares de mortos.
Em agosto foram 100 mil, em janeiro dobrou, e agora estamos a seguir 300 mil
mortes, boa parte delas evitável. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Alguns até viram um fim durante
os dias quentes e abafados de setembro e outubro, com o céu repleto de cinzas e
poeira. Pelo segundo ano consecutivo, a Amazonia sofria com os fogaréus, enquanto
o Pantanal virava um imenso braseiro. Consta que ao menos 40 % do bioma foram
queimados. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em novembro, quando o calor e as
primeiras chuvas anunciavam a estação das águas, o coiso na TV esbravejava
contra a vacina de seu inimigo, dizendo que quem tomasse iria virar Jacaré. As
mortes e contaminações, que estavam decrescendo, voltaram a aumentar. A
barbárie, essa nossa companheira tão conhecida, nos fez o ar da sua (des)graça:
as novas variantes do vírus surgiram, trazendo o caos novamente para Manaus. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Ali, como George Floyd, muitos
não podiam respirar, agora por falta de oxigênio. Foi a malfadada e maltratada Venezuela
que socorreu os manauaras em seu período mais crítico. Devastada pela ausência dos
botijões de oxigênio nos hospitais, as famílias compravam elas mesmas os botijões
para seus entes queridos, alertando o governo sobre as futuras vantagens da
privatização do ar. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em plena estação das chuvas, o
verão, todo o país agonizante e sem ar. O orgulhoso Sul e suas colônias europeias,
o Sudeste e suas empresas modernas, o Centro Oeste e suas colheitadeiras e agrotóxicos,
todos jazem agora em filas intermináveis esperando por um leito de UTI. As
pessoas sem máscara, as pessoas se aglomerando em festas clandestinas, as
pessoas urrando que a economia não pode parar, mas o vírus não está nem aí. Indiferente
à economia e às explosões de inútil virilidade, o vírus trabalha e mata. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">As nuvens voltam a sumir no céu,
lá longe no horizonte. Um friozinho invade nossas janelas. E a sensação de um
ano que não termina, que não terminou. Apesar das vacinas, apesar do cansaço geral,
precisamos superar a angústia e vencer a ignorância e brutalidade que nos
domina. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O ano do corona é um ano que tão
cedo não termina. </span><o:p></o:p></p>Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8778364068602172441.post-14990955826930768012020-04-04T10:41:00.001-03:002020-04-04T10:41:04.277-03:00QUANTO VALE UMA VIDA?
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIvyLQU9lV8lWbCgfMbVBi1O7pyHm01YW-Lmc6VFncHd3g0-Hu2VrAtSKG-m3_DaBtTmckPtsr9Q_lY6PEdTyo7P0xsf4c_EjDw8xEi-Y9W2euFQAA7KP9cIdlJOqZxyDhKV-8_gC-lFfN/s1600/pandemia_.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1067" data-original-width="1600" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIvyLQU9lV8lWbCgfMbVBi1O7pyHm01YW-Lmc6VFncHd3g0-Hu2VrAtSKG-m3_DaBtTmckPtsr9Q_lY6PEdTyo7P0xsf4c_EjDw8xEi-Y9W2euFQAA7KP9cIdlJOqZxyDhKV-8_gC-lFfN/s400/pandemia_.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><a href="https://exame.abril.com.br/economia/pandemia-do-coronavirus-ja-impacta-vendas-no-brasil/" target="_blank">peguei daqui</a></td></tr>
</tbody></table>
<u><span style="color: #000120;"></span></u><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A pandemia/epidemia de coronavírus que estamos vivendo não
pode mais ser relativizada. Precisamente na última quinta-feira, 2 de abril, o
número de mortos pelo coronavírus (299 vítimas) ultrapassou o número de mortes
no desastre do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, 272 pessoas.
Quantas Brumadinhos cabem nesta nova tragédia?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A pergunta que muito se fez, e a única a qual não se deveria
fazer, é: Quanto vale uma vida? Entre pasmos e boquiabertos, estamos vendo
raciocínios completamente estapafúrdios sendo feitos nas nossas fuças: quantas
vidas seria necessário sacrificar para manter a sociedade, leia-se economia,
funcionando? </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O empresariado bolsonarista não se cansa de fazer esta
proposição. “<a href="https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/03/24/web-se-revolta-com-declaracao-de-durski-dono-do-madero-e-pede-boicote.htm" target="_blank">Por causa de cinco mil, sete mil vidas</a>” não se deveria parar a
economia. O próprio “mito” faz raciocínio idêntico: “<a href="https://www.sbt.com.br/auditorio/ratinho/fiquepordentro/137927-vao-morrer-alguns-do-virus-sim-vao-morrer-vai-acontecer-lamento-diz-bolsonaro-sobre-pandemia" target="_blank">morreu, lamento</a>”, diz o
ex-militar, que não parece se incomodar com baixas que seus governados vêm
sofrendo. Parece que nem ficam ruborizados. Como tantos já apontaram, vivemos
tempo em que ficou “natural” falar estas barbaridades. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">As barbaridades são ditas em ambientes limpinhos e
requintados, com empresários falando serenamente aos microfones coisas igualmente
sensatas e razoáveis. A empatia evapora-se como álcool gel. Não há aqui <a href="https://www.jornalopcao.com.br/colunas-e-blogs/imprensa/bravura-filosofo-unamuno-na-guerra-civil-espanhola-4287/" target="_blank">ogeneral franquista</a> gritando “<i>Viva la muerte!</i>”. Não há imagens de Hitler
e Goebbels defendendo a “<i>Solução Final</i>”. Mas também é Necropolítica. Na
veia.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Frente a raciocínios tão sofisticados, seria justo
perguntar: quais seriam estas vidas que se pode abrir mão? Quem são as buchas
de canhão da nova pandemia? Por certo não seriam as suas próprias, nem de seus
familiares. Seria, é claro, a vida do outro, do distante, do pobre, do negro,
do imigrante, do idoso. A morte das pessoas invisíveis não faz corar ao
empresariado liberal. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Há também os que se refugiam na aparente neutralidade dos
números. No início de março várias pessoas relativizavam a pandemia dizendo que
o número de mortos seria pequeno, por causa da <a href="https://www.bbc.com/portuguese/internacional-52078906" target="_blank">“<i>baixa letalidade</i></a>” da nova
doença. No entanto, a escalada de disseminação da doença e as mortes associadas
mostra outra realidade. Quanto dá 2,5% de 210 milhões? Quem vai pagar essa
conta?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Alguns outros argumentam: por que ligar para um número tão
pequeno de mortes, se o trânsito mata mais? Se fumantes morrem mais?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">É o mesmo problema que temos para comparar um acidente de
avião com os acidentes de carro. Um acidente de avião instantaneamente mata
centenas de pessoas. Já os acidentes de trânsito são menores e mais espaçados
no tempo. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A morte concentrada e trágica
destes eventos é mais impressionante pelo volume e intensidade. Por isso os
acidentes de avião chocam mais que <a href="https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-09/brasil-reduz-mortes-no-transito-mas-esta-longe-da-meta-para-2020" target="_blank">as milhares mortes do trânsito</a>. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">(Isso não quer dizer que os acidentes de trânsito não sejam
um problema. Obvio que são. Entretanto, a solução dada pelo atual desgoverno é
uma chocante flexibilização das regras de trânsito. <a href="https://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2019/06/entidades-assinam-nota-em-repudio-as-mudancas-nas-regras-de-transito/" target="_blank">Especialistas são unânimes</a>
em dizer que <a href="https://www.uol.com.br/carros/noticias/redacao/2019/11/13/o-que-bolsonaro-quer-mudar-e-ja-alterou-nas-leis-de-transito-no-brasil.htm" target="_blank">as medidas tomadas pelo “mito”</a> aumentam a insegurança e, por
consequência, o número de mortes.)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Não estamos mais nas “pestes” do passado, onde se acreditava
que as mortes eram causadas pela ira divina. Temos uma sociedade tecnológica
que pode (e está) respondendo rapidamente aos fatos verificados durante a
dispersão da pandemia do coronavírus. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Entretanto, vivemos, particularmente em nosso país, uma
forma perversa de pensar e agir, que tende a sacrificar os mais pobres e
vulneráveis em nome de uma pretensa racionalidade dos negócios. No entanto,
vida e economia não se separam. Quanto mais pessoas expostas, maior será a mortalidade. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Quando a escalada de mortes começar, nas próximas semanas, o
impacto na vida e no funcionamento dos hospitais e serviços funerários vão cobrar
seu preço. E isso traz consequências sociais e políticas impossíveis de prever.
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8778364068602172441.post-5567441476743378582020-03-24T14:00:00.001-03:002020-03-24T14:00:33.247-03:00NÃO É A ECONOMIA, ESTÚPIDO!
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifDOOC8bdoQejYNFHmvmqZlswH_s05EFNCYu6AU51wHKh4b5X1CA7jIF-Vcn236CHM-1NBXSg7zNQjqatZGyR2NhWsF3m9j10o9Y0ZxyLz4ZIT91f8qlmedZsIh7cbDLVlLSdxBZvtjAMt/s1600/caminhoes+bergamo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="652" data-original-width="1086" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifDOOC8bdoQejYNFHmvmqZlswH_s05EFNCYu6AU51wHKh4b5X1CA7jIF-Vcn236CHM-1NBXSg7zNQjqatZGyR2NhWsF3m9j10o9Y0ZxyLz4ZIT91f8qlmedZsIh7cbDLVlLSdxBZvtjAMt/s400/caminhoes+bergamo.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i>Caminhões do exercito italiano carregando caixões de vitimas do coronavírus</i></span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i></i><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">No meio de uma situação de tragédia, ninguém pensa em
dinheiro. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Estive em várias situações de desastre. Nestas situações, a
última coisa que você pensa é dinheiro. Pessoas estão morrendo, pessoas vão
morrer, pessoas estão em luto e em situação de estresse psicológico. Muitos
perderam tudo. E você ali, no meio daquilo tudo. Qual é a medida a tomar?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">“<i>Enterrar os mortos e cuidar dos vivos</i>”, teria dito o
Marques de Pombal a um atônito Dom João, rei de Portugal, quando este lhe
perguntou o que fazer imediatamente após o Grande Terremoto de Lisboa, em 1755. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Hoje, com o mundo todo em meio a esta brutal pandemia
causada pelo coronavírus, esta é a questão: como enfrentar esta pandemia com o
menor número de mortos? </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Entretanto, esta é uma crise <i>sui generis</i>. Estamos em
casa, e podemos assistir as notícias que vem de longe. Podemos ter acesso a
vídeos, <i>lives</i> e documentários. Podemos conversar com todos os nossos
parentes amigos e colegas pelo <i>whatsapp</i>. Não fosse a anormalidade, parece
que está tudo normal.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mas não está. A falta de conhecimento das pessoas sobre o
que é um vírus acaba levando a inúmeras ações inseguras. Uma pessoa aqui
contamina a outra ali e a pandemia vai se espalhando a uma velocidade quase
supersônica. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Um vírus é muito pequeno, não conseguimos enxergá-lo. Parece
mesmo que não está ali. Por isso, para a maioria das pessoas, parece que a
pandemia não existe. O desfile de caixões nas ruas de Bergamo na Itália, não
comovem ninguém aqui, do outro lado do mundo, também com muitos problemas a
resolver. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Esta falta de empatia, no entanto, é também viral. Pessoas
enchem a boca pra subestimar <i>“o tal do coronga</i>”. É uma gripezinha, dizem
uns. É uma histeria, uma crise à toa, dizem outros. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Entretanto, as piores são as falas que fazem pouco caso da
tragédia, tendo com o contraponto as vidas das pessoas. “<i>Morre um aqui,
outro ali pelas complicações, fazer o quê?</i>”, disse em entrevista na semana
passada <a href="https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/03/23/mp-de-bolsonaro-revolta-a-web-ou-morremos-de-coronavirus-ou-de-fome.htm" target="_blank">aquele que não mais nos governa</a>. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Os empresários que estão apoiando a necropolítica da atual
gestão também se fazem ouvir em alto e bom som: Um <a href="https://noticiasdatv.uol.com.br/noticia/celebridades/12-mil-mortes-em-7-bilhoes-e-pouco-para-histeria-reafirma-roberto-justus-34835" target="_blank">empresário do entretenimento</a>
faz coro ao necro-presidente, dizendo que "<i>12 mil mortes em 7 bilhões
de habitantes é muito pouco pra criar essa histeria coletiva</i>”. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A crise econômica que se avizinha por causa dos cuidados com
a pandemia também é criticada por estes empresários. Um <a href="https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/03/23/coronavirus-dono-do-madero-critica-fechamento-parcial-do-comercio.htm" target="_blank">empresário do ramo alimentício</a> diz que <i>“não podemos [parar a economia] por conta de 5 mil
pessoas que vão morrer”</i>. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Por obvio que estas tantas mortes, na cabeça dos
empresários, não são de parentes seus, nem de entes queridos. São da “tigrada”.
São números num gráfico de barras do Excel. São corpos amontoados carregados
por carroças, como nas antigas ilustrações da Peste Negra, ou da procissão de
caminhões carregando caixões anônimos de vítimas anônimas vista pela televisão
ou na internet. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Quanto vale uma vida, uma só?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Essa é a questão que temos que resolver como sociedade.
Estamos com uma emergência muito grande, pois temos muitas pessoas vulneráveis,
que podem morrer pelo vírus. E temos muitas pessoas vulneráveis que podem
morrer de fome, pela asfixia econômica que o confinamento vai criar. O que
fazer?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Como <a href="https://www.youtube.com/watch?v=0KvEnuXgkpE" target="_blank">disse ontem a economista Monica de Bolle</a>, neste momento
eu não perguntaria isso para um economista, eu perguntaria primeiro para um
infectologista. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Existem diversas formas de fazer com que medidas de
prevenção contra o coronavirus e medidas de apoio social possam vigorar juntas
sem promover o caos. <a href="http://www.ihu.unisinos.br/597222-e-preciso-pensar-em-medidas-que-nao-sao-usuais-porque-a-situacao-nao-e-usual-entrevista-especial-com-waldir-quadros" target="_blank">Tem muita gente pensando e propondo coisas interessantese factíveis</a>. Existem <a href="https://operamundi.uol.com.br/coronavirus/63619/dinamarca-vai-pagar-75-do-salario-de-trabalhadores-de-empresas-afetadas-por-coronavirus" target="_blank">governos executando políticas deste tipo</a>. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Quanto vale vinte mil dólares no bolso dentro do Titanic
adernando? A economia não é tudo. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Vidas são mais. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8778364068602172441.post-59220550199075933062020-03-09T08:00:00.000-03:002020-03-09T08:00:01.965-03:00A MARCHA DOS ESCOTEIROS (FINAL): "OS MILIONARIOS DOS QUILÔMETROS"<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEMhCPkkSCeAUd8DHzPadBX9H9EMe7kDSWwsoiP_SxNXHNiHI-PxbJKoiTfvmNCQ4ZnOZMnhDdBxBAJlLWSNasKdWdmI_r1xPDq3VpwJAO0SvD-N3g6-BKrJIN8EQv2KN26RWAS6PRe7An/s1600/antonina_antiga_IX.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="608" data-original-width="1010" height="384" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEMhCPkkSCeAUd8DHzPadBX9H9EMe7kDSWwsoiP_SxNXHNiHI-PxbJKoiTfvmNCQ4ZnOZMnhDdBxBAJlLWSNasKdWdmI_r1xPDq3VpwJAO0SvD-N3g6-BKrJIN8EQv2KN26RWAS6PRe7An/s640/antonina_antiga_IX.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><i>A vista da cidade de Antonina a partir da igreja de Nossa Senhora do Pilar, onde foi rezada a missa de agradecimento pelo bom fim da aventura dos rapazes. </i></span></td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><span style="background-color: white; color: black; display: inline; float: none; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 13.33px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; text-align: justify; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">(Estamos no mês de março de 1942. Enquanto o mundo está em
Guerra e o Brasil segue sob a Ditadura do Estado Novo, cinco escoteiros de
Antonina (PR), entre 15 e 18 anos, percorreram 1250 quilômetros numa marcha a pé rumo ao Rio de Janeiro
para entregar uma mensagem para Getúlio Vargas. </span><span style="background-color: white; color: black; display: inline; float: none; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 13.33px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; text-align: justify; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">No episódio de hoje, 9 de março de 1942, Beto, Antônio (Canário) e Manoel (Manduca), Milton e Lydio, estão numa missa em homenagem a eles. Depois de quase dois meses, a aventura dos cinco rapazes chega a seu fim. )</span><b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Era uma segunda feira de
quaresma, e a igreja matriz de Antonina estava cheia.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"> Parecia que era festa de
agosto, a igreja lotada de gente, o burburinho tomando conta do átrio e
ressoando pela nave da matriz. Era um dia de festa e regozijo. As oito horas da
noite do dia 9 de março de 1942 o padre Leonardo Starzinski rezou uma missa em
homenagem aos cinco escoteiros. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Fazia sete anos que o padre
Leonardo estava ali na paroquia. Iniciara seu vicariato em 1936, substituindo o
enérgico padre Bernardo Peirick, que havia feito muitas reformas na matriz, que
ainda hoje guardam seu estilo. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Padre Leonardo, ao contrário de padre Bernardo,
eram um catequizador. Naquela noite na missa noturna, esperando pelo seu
sermão, havia paroquianos especiais: os cinco rapazes recém-chegados de sua
jornada a pé ao Rio de Janeiro. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Para o sermão, escolheu alguns
trechos selecionados do Êxodo, falando das agruras sofridas pelos judeus em sua
busca pela Terra Santa. Os sacrifícios, os descaminhos, as incertezas, tudo
isso foi citado em seu sermão. Os rapazes escutaram tudo com atenção e devoção. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Ao encerrar, padre Leonardo pediu a Deus para que os rapazes seguissem sempre
os caminhos do Bem. E ressaltou que o seu feito servisse de modelo para as
gerações de escoteiros do futuro, como anotou Lydio Cabrera em seu diário. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">A aventura chegara ao fim. Depois
das festividades da volta, houve ainda diversas atividades sociais a cumprir.
Lydio nos conta que, no dia seguinte à chegada, aceitara tomar um chá na casa
da Profª Assíria Linhares, onde contou um pouco de sua experiência à velha
mestra. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">À tarde, os cinco rapazes foram visitar o capitão Custodio Raposo Neto,
Prefeito Municipal, junto a outras autoridades, conforme anotou Lydio. Depois,
ainda deram uma entrevista para o jornalista João da Cruz Leite, editor do
Jornal de Antonina. Já estava de noite quando saíram de lá. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Mas as festividades prosseguiam:
ainda nesta noite houve um jantar de confraternização na casa do Chefe Picanço.
Lá, em volta da mesa, seu Manequinho fez um pequeno discurso, dizendo-se muito
satisfeito com o feito dos cinco rapazes. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Ressaltou que os esforços e a força
de vontade de cada um haviam contribuído para o sucesso da missão. Eles eram,
para seu Maneco, o orgulho do escotismo antoninense. Talvez, frisou o chefe, um
feito desta envergadura nunca mais viesse a ser repetido no escotismo brasileiro. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Na reunião da noite, na Caserna
dos Escoteiros, houve ainda uma Sessão Cívica. A bandeirante Araildes Horibe
saudou os rapazes, finalizando com estas palavras: “os vossos nomes serão
gravados na História de Antonina e com letras de ouro, no livro desta
Associação, como os milionários dos quilômetros”. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O Chefe Beto, agradecendo as
palavras da Bandeirante Escoteira, disse que, “se fosse preciso, eles o fariam
novamente, e com grande satisfação”. Ao final, a banda musical da tropa
escoteira começou a tocar um dobrado, aumentando a alegria da festa. Com todos
eufóricos cantando o Hino Nacional, a sessão foi finalmente encerrada. A missão
havia acabado. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Ao sair da igreja aquele dia,
sentindo o vento fresco vindo do mar, os cinco rapazes não sabiam do que a vida
ia fazer deles. Cada um voltou a suas casas, a suas famílias, e cada um viveu
suas vidas como puderam. Os meninos, durante toda sua vida, foram intensamente
homenageados na cidade, onde viraram nome de rua, e onde sempre foram convidados
a contar os detalhes de sua aventura.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Sua missão não foi jamais
esquecida. Hoje, mais de 70 anos, os valentes e ingênuos rapazes da Capela
ainda povoam as nossas mentes. Não há antoninense que não saiba, ao menos por
cima, sobre a sua expedição. Alguns os chamam de heróis. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Outros, de loucos.
Outros, ainda, acham que seu sacrifício valeu somente para um bando de
políticos aproveitadores. Muito embora o significado verdadeiro de sua jornada
se tenha perdido no tempo e nas memorias de quem a viveu, o feito ainda impressiona. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Não há como não se impressionar
com cinco rapazes perdidos no mundo para entregar uma carta ao presidente. A
carta em si não significou muito, mas a jornada colocou Antonina no mapa. Isto
não é pouco. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8778364068602172441.post-12437939316849911042020-03-05T08:00:00.000-03:002020-03-05T08:00:00.200-03:00A MARCHA DOS ESCOTEIROS 83: A CHEGADA TRIUNFAL<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCGaqTFtv5Bf7knuikuwKB1Ef9L5cdJ1_na7T0bT_VTbdKiEfrU4_iM7v6CacuiYreeebmuD96YQXSY2hJKIDNiToVmTiydO7siSPNLJQUD7dgL9lb-ZUFqcQi2mP2qzYuByfY-FE4REaT/s1600/IMG_1842.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCGaqTFtv5Bf7knuikuwKB1Ef9L5cdJ1_na7T0bT_VTbdKiEfrU4_iM7v6CacuiYreeebmuD96YQXSY2hJKIDNiToVmTiydO7siSPNLJQUD7dgL9lb-ZUFqcQi2mP2qzYuByfY-FE4REaT/s400/IMG_1842.JPG" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><i>A chegada da tropa escoteira em Antonina depois de um Encontro em Joinville. Como seria a recepção dos rapazes na madrugada de 4 para 5 de março de 1942?</i></span></td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="background-color: white; color: black; display: inline; float: none; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 13.33px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; text-align: justify; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">(Estamos no mês de março de 1942. Enquanto o mundo está em
Guerra e o Brasil segue sob a Ditadura do Estado Novo, cinco escoteiros de
Antonina (PR), entre 15 e 18 anos, percorreram 1250 quilômetros numa marcha a pé rumo ao Rio de Janeiro
para entregar uma mensagem para Getúlio Vargas. </span><span style="background-color: white; color: black; display: inline; float: none; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 13.33px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; text-align: justify; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">No episódio de hoje, 5 de março de 1942, Beto, Antônio (Canário) e Manoel (Manduca), Milton e Lydio, estão chegando em casa, finalmente! E a recepção, como seria?)</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Era já noite, no dia 4 de março
de 1942, quando o navio finalmente chegou. Os rapazes iam acompanhando a lenta
e segura manobra do navio para atracar no porto de Paranaguá naquela noite
fresca e úmida de fim de verão. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">No cais, os meninos foram
recebidos pelo chefe dos escoteiros de Antonina, Maneco Picanço, e por alguns
antoninenses que moravam na cidade. Foi uma grande festa. Um momento de muita
emoção e alegria ver o chefe Manequinho e seus amigos ali esperando por eles no
porto. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Mas tinha mais. Eles foram informados que toda a cidade estava esperando
por eles naquela noite, e iria ter festa nem que fosse de madrugada. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Um Ford V8 preto estava ali,
esperando para levar os rapazes de volta para casa. Seria a última viagem até
Antonina, a Doce Antonina, de onde haviam partido em dezembro para uma viagem a
pé de 1.250 quilômetros. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">E que viagem. Na certa, os
rapazes que agora chegavam não eram os mesmos que haviam partido. Praticamente
dois meses de muito sacrifício e de muita novidade, quem ali chegava eram cinco
rapazes que conheciam muito mais do mundo. Os meninos voltavam homens. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O motorista do Ford foi encher o
tanque nas imediações. Aquela era uma tarefa bastante complicada naqueles
tempos. A gasolina estava racionada em tempos de guerra. Além disso, já era
tarde da noite na cidade, com poucos lugares abertos. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Demorou quase duas horas para
voltar com o tanque cheio. De tanque cheio também estavam os rapazes, levados
pelo Chefe para fazer uma boquinha antes da última viagem. Era o último lanche
que eles comeriam fora de casa. Famintos da viagem, mas ainda lembrando das
iguarias que eles comeram no navio, os rapazes comeram bem para aguentar a
viagem até Antonina. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O Ford deixou Paranaguá as 22:00
horas. Eles passaram pela vila de Morretes depois de quase duas horas de
viagem. Depois, o carro foi até Porto de cima e seguiram
para São João da Graciosa, no entroncamento da Estrada da Graciosa, onde pararam
para descansar. <span style="background-color: white; color: black; display: inline; float: none; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 16px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; text-align: justify; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;"> Era esse o caminho da época.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Em São João da Graciosa estava
esperando por eles o Sr Nicolau Cecyn, em seu Ford verde, para acompanhá-los no
trecho final. Depois de cumprimentar os rapazes, o agora comboio seguiu em
frente rumo a Antonina. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">No quilometro 8 da Estrada da Graciosa
o comboio encontrou o delegado de polícia de Antonina, o Sr Penny Withers. Não,
não era pra prende-los. Era só o que faltava! O delegado estava ali esperando
para dar a boa vinda aos rapazes, em nome do prefeito, Capitão Custodio Afonso
Neto. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Quando a caravana chefiada pelo
Ford Preto cruzou a Avenida Thiago Peixoto, os foguetes começaram. Era na madrugada do dia 5 de março de 1942. Segundo
Lydio, o espetáculo pirotécnico era indescritível. Essa a palavra que ele usou
em seu diário. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Indescritível. Foguetes e morteiros estouravam sem cessar, anota
ele. Os carros só pararam, em meio ao foguetório, depois do portal da cidade,
próximo do pátio da Estação Ferroviária. Ali, eles desceram para cumprimentar a
grande multidão que ali estava. Todos queriam cumprimentar os rapazes,
dando-lhes beijos e abraços. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Como Lydio anotou em seu diário,
teve início um grande desfile escoteiro nas ruas de Antonina. Este desfile, impensável
para muitos, durou parte da madrugada, que só terminou na Caserna da Tropa
Valle Porto. O desfile foi, é claro, acompanhado por grande massa de pessoas. Volta
e meia, estourava um foguete perdido, para horros dos cachorros da época. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Ali, na caserna dos Escoteiros da
Tropa Vale Porto, finalmente, os rapazes da Patrulha Touro foram dispensados de
sua missão e puderam ir para suas casas. Quanta felicidade!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Ao chegar em casa, com sua
família, Lydio conta que estava muito excitado para dormir. Estava cansado, com
fome, mas sem sono, querendo desesperadamente falar. Sua mãe, dona Nathalia,
foi fazer um café. Enquanto isso, Lydio contava para seu pai alguns dos
detalhes da viagem. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Eram 4 da manhã quando finalmente
conseguiu pegar no sono. Segundo conta, demorou pra dormir porque ainda sentia falta
do balanço do navio. Ainda excitado com a recepção, ele fechava os olhos e
tentava reter na memória tudo o que havia acontecido naquela memorável
madrugada. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">A aventura ia chegando ao fim.
Mas ainda tinha mais!!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8778364068602172441.post-61391718396592502102020-03-04T08:00:00.000-03:002020-03-04T08:00:05.354-03:00A MARCHA DOS ESCOTEIROS 82: COMO UMA ONDA NO MAR<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIkEWXphpK-21k0nqf6hKEH_UZY6X8zhFVSKyWsrorJJua8aMYkKtDQZk8U0PlDovp6YMYNHn7Xi7QFmpWkQhSPlGaeun3yYmBe2SvnhKlk1y0af9QasEIlnalate1vmfTrReMDrIjXd04/s1600/MARSEMFIM.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="332" data-original-width="564" height="235" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIkEWXphpK-21k0nqf6hKEH_UZY6X8zhFVSKyWsrorJJua8aMYkKtDQZk8U0PlDovp6YMYNHn7Xi7QFmpWkQhSPlGaeun3yYmBe2SvnhKlk1y0af9QasEIlnalate1vmfTrReMDrIjXd04/s400/MARSEMFIM.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><i>O vapor trazendo os escoteiros atravessa na madrugada de 3 para 4 de março de 1942 uma grande tempestade em alto mar. Os escoteiros passam por situações de perigo real. </i></span></td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><i></i><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><br />
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-family: Times New Roman; font-size: 16px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">
<div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="background-color: white; color: black; display: inline; float: none; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 13.33px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; text-align: justify; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">(Estamos no mês de março de 1942. Enquanto o mundo está em
Guerra e o Brasil segue sob a Ditadura do Estado Novo, cinco escoteiros de
Antonina (PR), entre 15 e 18 anos, percorreram 1250 quilômetros numa marcha a pé rumo ao Rio de Janeiro
para entregar uma mensagem para Getúlio Vargas. </span><span style="background-color: white; color: black; display: inline; float: none; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 13.33px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; text-align: justify; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">No episódio de hoje, 4 de março de 1942, Beto, Antônio (Canário) e Manoel (Manduca), Milton e Lydio, estão voltando pra casa. Nesta madrugada, o barco enfrenta uma grande tempestade... )</span><b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike></span></span></div>
</div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">
</span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Na madrugada de 3 para 4 de março
de 1942, o vapor que levava os escoteiros para sua viagem de volta enfrentava
uma forte tempestade em alto mar. Lydio Cabrera, entre assustado e encantado
com o balanço do navio, saiu para fora ver o espetáculo. Isso quase lhe custa a
vida. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Uma forte onda invadiu o convés e
acabou atirando o escoteiro para os cabos da amurada. Num instante, ele
entendeu o perigo que corria, de ser atirado ao mar pelos próximos vagalhões de
água salgada que varriam o convés. Um frio lhe correu a espinha. Entre as
coisas que lhe passaram pela cabeça nesse rápido instante foi o forte o medo de
morrer ali, sem voltar a ver seus amigos e sua família. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">As ondas prosseguiam batendo forte
no convés, e Lydio ficou ali agarrado aos cabos mais uns quinze minutos. Vinham
ondas mais fortes e ondas mais fracas, até que tomou coragem e, entre uma onda
e outra, saltou para o convés e voltou correndo a seu camarote. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Estava morrendo de medo, encharcado
e gelado. Esperou um tempo para recuperar os batimentos cardíacos. Depois tomou
um banho, caiu na cama e, para sua sorte, dormiu pesadamente. A viagem de volta
estava tão cheia de histórias e percalços quanto a ida a pé até o Rio. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Ele e seus colegas escoteiros de
Antonia, mais seu colega Gastão Batinga, escoteiro sergipano que seguia para
Curitiba, haviam embarcado havia dois dias, de volta para a sua querida Antonina. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Ainda no Rio, o general Heitor Borges, chefe e grande patrocinador do
escotismo no Brasil, havia feito uma brincadeira com os meninos, pedindo-lhes
que voltassem de outra forma que não fosse a pé. No dia da partida, o
carro preto do General Heitor, dirigido pelo Dr. João, passou no quartel
para levar os rapazes ao porto. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Mas tudo isso já era história. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Ao cair da tarde do dia 4 de
março de 1942, depois de passar ao largo de Cananeia e entrar no canal da Ilha
do Mel, o vapor que conduzia os cinco escoteiros estava chegando ao atracadouro
do porto de Paranaguá. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O fato de o navio chegar até ali e não ir até Antonina
era simplesmente o fato causador da viagem dos rapazes, fazia três meses quase:
o fechamento da Companhia Costeira pelo Governo Federal, que fazia a rota
comercial até Antonina. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">A carta que os rapazes haviam
entregado explicava ao Ditador as razões da cidade para ter a volta dos navios
da Costeira de volta. Antonina era o caminho mais curto para Curitiba, servido
diretamente pela estrada da Graciosa. Era o atracadouro mais ocidental da baia
de Paranaguá, com obvias vantagens em termos de distância e, consequentemente,
em fretes.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Os navios da Costeira, que haviam
sido recentemente estatizados pelo Governo, eram o grande elo que unia Antonina
na rede do comercio de cabotagem do Brasil. Sem ele, o comercio perdia todas as
suas vantagens e a cidade perderia muito em importância e em dinheiro. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Na
carta, a cidade pedia que a costeira pudesse voltar, e apelava para os mais
nobres sentimentos do ditador. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Getúlio fez o que lhe convinha:
posou para fotos com os rapazes, ressalvou-lhes a coragem. Fez com que a
Costeira voltasse a tocar, de maneira tímida, o atracadouro antoninense. Mas
era pouco. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Quando o ditador caiu, em 1945, a Costeira desapareceu tão
irremediavelmente que nenhuma viagem a pé poderia fazê-la voltar. A viagem dos
rapazes que agora terminava como um grande sucesso, na verdade havia sido um
movimento de grande coragem, mas que duraria somente mais os anos da guerra. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Mas agora não era hora de pensar
nisso. Os rapazes estavam alegres e entusiasmados com a chegada. Não aguentavam de saudades. Era hora de pensar na volta a suas casas e á sua cidade. Depois de
tantos percalços, como eles iriam ser recebidos pelos seus conterrâneos?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8778364068602172441.post-40311073118759697192020-03-03T08:00:00.000-03:002020-03-03T08:00:01.140-03:00A MARCHA DOS ESCOTEIROS 81: PASSEANDO EM SANTOS<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_mQteZlvheEbqU2LL04-nkbbp163btNJPJWZWLI0Zl7IHmNI4TTnjWpK2YDoKdhkLx2GuBIV6Kpb4hnqQZv7R3fZtrKLBo7koxyMpbWURRvlcuuvwaNtV6EPv_LNFLd62X28C4_8_ubLb/s1600/santos_1940.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="334" data-original-width="550" height="242" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_mQteZlvheEbqU2LL04-nkbbp163btNJPJWZWLI0Zl7IHmNI4TTnjWpK2YDoKdhkLx2GuBIV6Kpb4hnqQZv7R3fZtrKLBo7koxyMpbWURRvlcuuvwaNtV6EPv_LNFLd62X28C4_8_ubLb/s400/santos_1940.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><i>Os famosos bondes de Santos, nos quais os escoteiros passearam em 3 de março de 1942</i></span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="background-color: white; color: black; display: inline; float: none; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 13.33px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; text-align: justify; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">(Estamos no mês de março de 1942. Enquanto o mundo está em
Guerra e o Brasil segue sob a Ditadura do Estado Novo, cinco escoteiros de
Antonina (PR), entre 15 e 18 anos, percorreram 1250 quilômetros numa marcha a pé rumo ao Rio de Janeiro
para entregar uma mensagem para Getúlio Vargas. </span><span style="background-color: white; color: black; display: inline; float: none; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 13.33px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; text-align: justify; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">No episódio de hoje, 3 de março de 1942, Beto, Antônio (Canário) e Manoel (Manduca), Milton e Lydio, estão voltando pra casa. Quando o navio atraca em Santos, eles descem para conhecer a cidade. O que será que vão encontrar? )</span><b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Estava já escuro, mas mal o Vapor
atracou nas docas do porto de Santos Lydio saltou para terra. Queria conhecer a
cidade. Ficou muito impressionado com o movimento comercial do centro, mesmo
àquela hora da noite. Visitou as praças Rui Barbosa e José Bonifácio, que
gostou muito. Mas ficou mesmo impressionado com os bondes da cidade. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Os bondes tinham motorneiros
vestidos em impecáveis ternos brancos, e usavam luvas. Chamou atenção os vastos
bigodes que quase todos eles apresentavam. Só depois, mais tarde, se deu conta
que eram quase todos portugueses. Deixando para trás os bondes, e andando um
pouco mais, Lydio viu um circo. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Era o circo Piolom. Com sua tenda
armada num terreno baldio das proximidades, estava bem na hora de mais um
grande espetáculo. Provavelmente, o maior espetáculo da Terra. A vontade que
Lydio sentiu de assistir ao espetáculo daquela noite só não foi maior do que o
medo de perder o navio. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Ele deixou pra tras as alegrias do circo e se pÔs a andar pela cidade, de volta ao cais. Com o coração apertado de medo de parder o navio ele entrou de volta pelo armazém 12. Mais calmo, sabendo agora que tinha ainda muito tempo, ele andou pelo cais
apreciando os navios ali ancorados. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Estavam ali ancorados diversos
navios americanos e ingleses, os quais mostravam, na proa e na popa, canhões e
metralhadoras antiaéreas. O tempo de guerra e o encontro com submarinos e
belonaves alemãs não era uma ameaça distante, como já vimos. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Os navios
brasileiros que Lydio encontrou ali atracados também estavam armados. Mais do
que os navios de guerra, entretanto, os cassinos flutuantes que também estavam
ancorados ali também chamaram a sua atenção. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Havia muita gente e muita luz. De
lá de dentro, muita música também ressoava. No interior do navio-cassino,
imagina, Lydio, jogava-se e dançava-se freneticamente. A maioria dos
frequentadores, segundo nota, eram estrangeiros. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">No próprio vapor em que viera,
o carteado também corria solto no convés. O clima de festa dos navios ressoou
intenso. No entanto, tinha que voltar ao seu navio. De volta, correu ao seu
camarote e dormiu sob o embalo das ondas. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Pela manhã, ao acordar, os
rapazes viram o movimento intenso do porto, com seus guindastes trabalhando
freneticamente tirando e colocando cargas destinadas a todos os lugares do
brasil e do mundo. Após o café, saíram para conhecer a cidade, agora de dia. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Após visitarem um conhecido de
Antonina que estava morando em Santos, os rapazes andaram pelo centro e
passearam pelas praias de Gonzaga e José Menino. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Passaram de bonde pelo estádio
de Vila Belmiro onde, mal sabiam eles, surgiria, dezesseis anos depois, a maior
lenda do futebol mundial e um dos maiores times de futebol já vistos. Mas isto
é outra história. Na cidade, mais do que o futebol, o que mais chamou a atenção
dos rapazes foram os canais. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Iniciados em 1907 pelo engenheiro
Saturnino de Brito, os canais eram uma grande inovação higienista e
urbanística, drenando os terrenos alagadiços da Ilha e controlando as águas
pluviais. Contribuíram para o controle de doenças e induziram a ocupação urbana
da cidade durante o século XX. O mais novo dos canais só seria terminado em
1968. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Em 1942, os canais de Santos já eram uma obra de chamar a atenção dos
jovens escoteiros. Lydio também notou os morros de Santos, observando lá em
cima, no morro, a mancha branca da igreja de N.S. de Montserrat. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Alguns anos antes, em 1928, um grande desmoronamento de terra nas encostas do morro de Montserrat havia custado a vida de centenas de pessoas. pelos proximos trinta anos, estes foi um grande problema para a cidade de Santos. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">A ocupação dos moros estava sendo feita com um preço em vidas humanas. Só em fins dos anos 90, com a implantação de sistemas integrados de Gestão é que as mortes dimiuiram, e fizeram da Defesa Civil de Santos modelo em todo o Brasil. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Entretanto, estamos em março de 1942. os rapazes, depois de meses longe de casa, estavam esperando pra voltar. Era hora de voltar ao
navio. E assim o fizeram. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Os rapazes ficaram no salão do
navio, ouvindo as músicas tocadas ao piano pela jovem Doralice, gaúcha de Porto
Alegre. De namorico com Milton Horibe, a gauchinha ficou por lá conversando
alegremente com os rapazes, até que chegou a hora de se recolherem. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Durante a
madrugada, Lydio saiu ao convés para ver a tempestade que já citamos, a qual
quase lhe custou a vida. Logo depois, o escoteiro voltou ao camarote e dormiu
pesadamente. Quando acordou, havia perdido o café da manhã. No entanto, ao
conversar no convés com um marujo, descobriu que estariam chegando em casa no
começo daquela mesma noite. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Enfim, de volta pra casa!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8778364068602172441.post-50315961117774600072020-03-02T08:00:00.000-03:002020-03-02T08:00:11.768-03:00A MARCHA DOS ESCOTEIROS 80: SOB A MIRA DOS SUBMARINOS ALEMÃES<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVmrW5-Ssh4vgxtJm8ebAbcEKeTqr_Nmf7qHDeLeCYFkBywj8pL04-XMkTveGi0ccy9W-amLokH3_Up-D9WF3X_Lexbv_REJxepPfn0xJAZHze_QvZp6BG6C4M8PS9LRaFLFqir123Gz4a/s1600/ataque_submarino.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="547" data-original-width="953" height="228" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVmrW5-Ssh4vgxtJm8ebAbcEKeTqr_Nmf7qHDeLeCYFkBywj8pL04-XMkTveGi0ccy9W-amLokH3_Up-D9WF3X_Lexbv_REJxepPfn0xJAZHze_QvZp6BG6C4M8PS9LRaFLFqir123Gz4a/s400/ataque_submarino.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: black; display: inline; float: none; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 13.33px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">(Estamos no mês de março de 1942. Enquanto o mundo está em
Guerra e o Brasil segue sob a Ditadura do Estado Novo, cinco escoteiros de
Antonina (PR), entre 15 e 18 anos, percorreram 1250 quilômetros numa marcha a pé rumo ao Rio de Janeiro
para entregar uma mensagem para Getúlio Vargas. </span><span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: black; display: inline; float: none; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 13.33px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">No episódio de hoje, 2 de março de 1942, Beto, Antônio (Canário) e Manoel (Manduca), Milton e Lydio, estão voltando pra casa. Em pleno mar, todos estão com medo do ataque de submarinos de guerra alemães. )</span><b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Em viagem de primeira classe, os
rapazes foram conhecendo um mundo novo: visitaram todo o convés, foram
conversar com o comandante e com a tripulação, desceram ao porão para ver a
casa de máquinas do navio. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Desfrutaram das refeições fartas
e exóticas. Lýdio experimentou lagosta pela primeira vez na vida. Em seu
diário, anotou que as tais lagostas eram "uma espécie de camarão
gigantesco, muito saboroso e de fácil digestão". Nas sobremesas, os rapazes
se deliciaram com sorvete de goiaba, tão bom que sempre repetiam. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Naquela noite o barco continuava
navegando rumo sul, todo pintado de preto, e com as luzes apagadas. Eram
precauções importantes na época. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Quando os rapazes chegaram ao Rio, havia sido
encerrada por aqueles dias a III Reunião de Consulta dos Chanceleres das
Repúblicas Americanas. Esta conferência foi muito importante porque definiu a
posição brasileira alinhada com os países Aliados e contra as potencias do
Eixo. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O ataque a Pearl Harbour havia
sido realizado em dezembro, poucos dias antes dos rapazes partirem de Antonina.
Nesta reunião no Rio de Janeiro todos os países do continente americano,
com a exceção de Argentina e o Chile, haviam se alinhado contra a agressão
sofrida pelos Estados Unidos. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Com a situação de beligerância já
no ar, os navios brasileiros começavam a ser abertamente alvo de submarinos
alemães. Havia pouco menos de uma semana,
dois navios brasileiros, o “Olinda” e o Buarque” haviam sido afundados por
submarinos alemães. Eram dois navios cargueiros com destino aos Estados Unidos. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">No caso do Olinda não houve
mortes, mas o “Buarque a situação fio mais tensa. O navio afundou rapidamente e
a tripulação e os passageiros passaram nos botes de salvamento dias no mar gelado
do hemisfério norte. Um passageiro morreu nestas circunstâncias. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Pouco tempo depois, em
julho/agosto de 1942, os submarinos alemães iriam começar o que um comandante
alemão chamou de “<i>alegre carnificina</i>”: o ataque contra os navios
mercantes nacionais, que vitimou por volta de 3.500 brasileiros. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">A comoção
popular que isso causou foi grande. Seria o elemento que faltava para a
declaração de guerra formal aos países do Eixo que o governo brasileiro fez
cinco meses depois, em agosto. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Enquanto isso, Lydio anota em seu
diário as precauções da embarcação para uma viagem em tempos de guerra. Com o
receio de um ataque, nenhuma luz podia ser acesa no navio. Sequer fumar no
convés era permitido. No meio de tantas preocupações, Lydio certificou-se de
colocar um colete salva-vidas ao lado do beliche, para o caso de qualquer
perigo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Na primeira noite, a agitação
entre os passageiros era geral: com o embalo do navio, os passageiros estavam
todos enjoados, vomitando tudo o que haviam comido pela amurada. Milton Horibe,
o chefe Beto e Manduca estavam entre os passageiros que passaram mal nesta
primeira noite. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Após passar por todo o litoral
paulista, tendo ao largo Ilha Bela e São Sebastião, o navio começou a mudar seu
curso, e em breve estaria atracando no Armazém 3 das docas de Santos. A última
etapa da viagem estava chegando. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8778364068602172441.post-68013751964510632602020-03-01T08:00:00.000-03:002020-03-01T08:00:00.231-03:00A MARCHA DOS ESCOTEIROS 79: ADEUS, RIO DE JANEIRO!<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgb7vlmvMMqAQBKipBwDhYbsiTcYllPu1KA4ugujxWxo3Tpf8DKbwuqRNDvpw-w-eJPgrcn3SiQpjLj-jZAvaJJ5RLOkhTuby8Nfq5FNu2NBz1_9UQepQJyFTOhN-utNDlCZvPGFQgyiaOx/s1600/8aacd88a2a01966e39ea97440c0508c4.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="406" data-original-width="564" height="287" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgb7vlmvMMqAQBKipBwDhYbsiTcYllPu1KA4ugujxWxo3Tpf8DKbwuqRNDvpw-w-eJPgrcn3SiQpjLj-jZAvaJJ5RLOkhTuby8Nfq5FNu2NBz1_9UQepQJyFTOhN-utNDlCZvPGFQgyiaOx/s400/8aacd88a2a01966e39ea97440c0508c4.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i>Rio de Janeiro e a Baia de Guanabara, em março de 1942; os escoteiros de Antonina fazem suas despedidas</i></span></td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="background-color: white; color: black; display: inline; float: none; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 13.33px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; text-align: justify; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">(Estamos no mês de março de 1942. Enquanto o mundo está em
Guerra e o Brasil segue sob a Ditadura do Estado Novo, cinco escoteiros de
Antonina (PR), entre 15 e 18 anos, percorreram 1250 quilômetros numa marcha a pé rumo ao Rio de Janeiro
para entregar uma mensagem para Getúlio Vargas. </span><span style="background-color: white; color: black; display: inline; float: none; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 13.33px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; text-align: justify; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">No episódio de hoje, 1º de março de 1942, Beto, Antônio (Canário) e Manoel (Manduca), Milton e Lydio, iniciam sua viagem de volta para a terrinha. Em tempos de guerra, que perigo eles vão encontrar?)</span><b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Os rapazes acordaram cedo naquele
dia 1º de março. Aquele seria o dia da partida deles da capital federal rumo a
Antonina. A aventura estava chegando ao fim. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">No entanto, eles não sabiam nada
sobre a viagem. Não sabiam o horário, não sabiam o cais, não sabiam sequer o
nome da embarcação. Essa era uma das precauções mais comuns para aqueles tempos
de guerra. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O ano de 1942 ia ser um dos anos
mais trágicos da marinha mercante brasileira. Desde o início do conflito, várias
embarcações brasileiras sofreram restrições durante a guerra. Alguns barcos
haviam sido abordados por belonaves britânicas, e vários navios brasileiros
procedentes da Alemanha ficaram retidos em portos ingleses.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">No entanto, desde o ano anterior,
os navios mercantes brasileiros eram cada vez mais alvo fácil para os
submarinos alemães. Segundo Lydio nos conta, a radio e os jornais
frequentemente anunciavam notícias alarmantes sobre torpedeamento de navios
mesmo próximos à costa brasileira. Mas o pior ainda estaria por vir. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">De qualquer forma, somente as
sete horas da manhã o Dr João Ribeiro chegou ao colégio Militar para pegar os
rapazes. Vinha no grande carro negro do General Heitor Borges. E eles rumaram
direto para o cais do porto. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">As nove horas da manhã o navio
finalmente atracou no cais. Tinha muita gente para embarcar, carregando muitas bagagens.
Isso durou ainda um tempo, e só as dez da manhã o navio estava pronto. Levantou
ferros e foi se afastando do cais, no início vagarosamente, depois com mais
força e velocidade. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Ali no cais, ao se despedir
do Dr. João Ribeiro, que tanto havia cuidado deles, os rapazes se emocionaram. Ele
foi o principal elo da UEB e do general Borges com os rapazes. Além disso, foi
ele que “quebrou os galhos” e resolveu coisas difíceis, quando eles ainda
estavam no albergue da Boa Vontade. Depois, Dr João ainda levou os rapazes a
incontáveis passeios pela cidade, assim como os introduziu nos diferentes
locais escoteiros da Capital. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Lydio conta em seu diário ter
derramado algumas lagrimas naquela despedida no cais do Porto. Sem a pronta
ajuda do Dr João e de toda a Diretoria da UEB na época, os quatro rapazes não
teriam se desincumbido de sua tarefa. Enquanto via Dr João acenando para eles
do cais, em meio àquela paisagem absolutamente deslumbrante, Lydio e os demais
rapazes acenaram com as mãos e derramavam suas lagrimas as escondidas. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Já no navio, ao singrar as águas
da baia de Guanabara rumo a casa, os rapazes foram vendo as fortalezas
do Rio de Janeiro e as montanhas azuis ao fundo, com um ar
nostálgico de despedida. Eles passaram pelos fortes de Vilegaigaignon, de São
João e da Laje. A fortaleza da laje, construída numa laje de pedra em meio a
entrada da baia de Guanabara, foi a que mais impressionou os rapazes. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Quando o barco passava em frente
a pedra do arpoador, começou a tocar uma sineta. Era o convite dos passageiros
para o almoço. A refeição na primeira classe, onde eles estavam, constou de
sopa de lentilhas com legumes. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">A paisagem foi sumindo no
horizonte, até que só se via céu e mar. No restaurante do navio eles
encontraram dois conhecidos. Os irmãos Dirceu e Didio Viana, de Paranaguá,
estavam ali também. Eles estavam voltando de uma grande viagem por diversas
cidades litorâneas, e agora voltavam à terrinha. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Já em alto mar, o navio começou a
jogar muito. As ondas chegavam a mais de três metros de altura. O balanço era
tanto que muitos dos passageiros começaram a enjoar. Os rapazes, para se manter
em movimento, foram conhecer o navio. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Inicialmente, eles foram até a
cabine de comando, onde conversaram com o comandante e com os pilotos. Eles até
mostraram alguns equipamentos para os rapazes, maravilhados. Depois, eles foram
até a casa de máquinas, pra ver como funcionava toda aquela maquinaria. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Lydio , Milton e Canário ficaram
num camarote. Beto, Manduca e o colega escoteiro Gastão, que viajava com eles,
ficaram num outro. Procuraram dormir, o que fizeram com algum sucesso, apesar
do balanço. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8778364068602172441.post-40519377775523648772020-02-28T08:00:00.000-03:002020-02-28T08:00:02.182-03:00A MARCHA DOS ESCOTERIOS 78: UM RIO QUE PASSOU EM MINHA VIDA<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSkyFyhtp16xcv37-QYVC-coA8qDQnwydpkUGq3B2C22_-xqVjik9VlCC9183q3K_dTZreX_czC1iYfVBa_scwUjWs2OXEPGVWMyqoeLBBnKMF_ViVsCEkjtRdikdn6c-1T4zf3tIRjcxW/s1600/caio+martins.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="726" data-original-width="666" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSkyFyhtp16xcv37-QYVC-coA8qDQnwydpkUGq3B2C22_-xqVjik9VlCC9183q3K_dTZreX_czC1iYfVBa_scwUjWs2OXEPGVWMyqoeLBBnKMF_ViVsCEkjtRdikdn6c-1T4zf3tIRjcxW/s400/caio+martins.jpeg" width="366" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><i>à esquerda, o escoteiro Caio Martins (1923-1938); a esquerda, a estatua em sua homenagem, erigida em setembro de 1941, e visitada pelos escoteiros antoninenses em 1942</i></span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="background-color: white; color: black; display: inline; float: none; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 13.33px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; text-align: justify; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">(Estamos no mês de fevereiro de 1942. Enquanto o mundo está em
Guerra e o Brasil segue sob a Ditadura do Estado Novo, cinco escoteiros de
Antonina (PR), entre 15 e 18 anos, percorreram 1250 quilômetros numa marcha a pé rumo ao Rio de Janeiro
para entregar uma mensagem para Getúlio Vargas. </span><span style="background-color: white; color: black; display: inline; float: none; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 13.33px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; text-align: justify; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">No episódio de hoje, 28 de fevereiro de 1942, Beto, Antônio (Canário) e Manoel (Manduca), Milton e Lydio, em meio às despedidas da Cidade Maravilhosa, vão a Niteroi conhecer a estatua de Caio Martins. Quem foi ele?)</span><b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Amanheceu com muito calor no Rio
de Janeiro, naquele 28 de fevereiro de 1942. A temporada dos escoteiros
antoninenses na cidade Maravilhosa, depois de 45 dias andando a pé 1200 quilômetros
pra chegar lá, estava terminando. As passagens de navio para a volta já estavam
compradas. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Era o tempo de se despedir. Era o
tempo de fazer um balanço de toda aquela aventura. Como fora possível viver
tudo aquilo? Como eles avaliavam tudo por que haviam passado até aquele
momento? E todo aquele Rio que passou nas vidas deles? A cabeça dos rapazes estava fervendo mais que
o calor da cidade. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Lydio nos conta em seu diário que
este foi um fevereiro que valeu por todos os fevereiros de sua vida: “mês de
calor, mar e carnaval, mês de alegria, saúde e muitas amizades”. Quem poderia
pedir mais?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Era um Rio que tinha passado
pelas vidas deles todos...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Mas, faltava pouco tempo, e a
cidade estava ali, para ser explorada. os rapazes queriam mais. Eles pegaram as
barcas e foram finalmente conhecer a bela Niterói, então capital do Estado do
Rio de Janeiro. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Lá, eles queriam conhecer o
estádio Caio Martins, mas não conseguiram, estava fechado. Uma pena. Lydio nos
conta que queria conhecer o estádio e ver a estatua de Caio Martins. Mas quem
era Caio Martins? Por quê os escoteiros pegariam as barcas para ver sua estátua? </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Caio Vianna Martins (1923-1938) havia sido um
escoteiro que sofre um grave desastre ferroviário. No meio das ferragens
retorcidas, em meio aos gritos dos feridos, o jovem Caio sentiu que havia ferido
gravemente as pernas. A confusão, a poeira e os gritos deixavam todos ao redor
em choque ou em pânico. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Mas este não foi o caso do jovem
Caio. Quando os socorros chegaram, ele os recusou em nome dos feridos mais
urgentes. Muito embora estivesse sofrendo dores terríveis, ele disse aos
atendentes: “<i>um escoteiro caminha pelas próprias pernas</i>”. Enquanto os
atendentes foram atrás dos outros feridos, Caio Martins, com grande esforço, seguiu andando com os colegas. Ele chegou a ir para o HOtel de Barbacena, onde estavam os escoteiros. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">No entanto, <span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Caio havia perdido muito sangue.
Apesar de seu esforço ter contribuído para que outros se salvassem, ele não
teve melhor sorte, e acabou por falecer de hemoragia interna na Santa Casa de Barbacena. Um exemplo escoteiro de
desprendimento e solidariedade. </span></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">A estatua em sua homenagem, no bairro de Icaraí, em Niterói, havia sido inaugurada havia apenas seis meses, em setembro de 1941. Não foi à toa que os cinco rapazes, que haviam
feito tanto esforço pessoal para chegar até ali em nome de sua cidade, se
identificassem com o heroísmo do jovem Caio Martins. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Eles caminharam pelas praças
centrais de Niterói e passearam pelas ruas de comercio. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Depois, Lydio, Manduca e Milton
regressaram ao Cais Pharoux, na praça XV, onde desembarcaram. Ainda deram uma
passeada pelas praças Marechal, Âncora, Tiradentes e Paris. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Neste dia, eles tiraram muitas
fotos automáticas, em cenários variados e feitas em cinco minutos. Lydio tirou
três foto e se Milton uma meia dúzia, uma diferente da outra. Momentos felizes e divertidos de uma aventura que terminava bem.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Depois, os rapazes regressaram ao Colégio
Militar. Lá, apresentaram as despedidas ao Comandante, Oscar de Araújo Fonseca.
Depois do almoço, foram para Quintino, onde se despediram da família do chefe
Francisco Pires. Canário ganhou do chefe Pires uma mochila de lona, novinha em
folha.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Ainda foram na UEB, onde
apresentaram as despedidas ao pessoal da união dos escoteiros, que os haviam
recebido tão bem. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">E por último, foram a residência
do general Heitor Borges. Lá agradeceram a tudo o que ele tinha feito pelos
rapazes em sua estadia na Capital. Na hora da despedida, o general, galhofeiro,
pediu para que não voltassem pra casa a pé, mas sim de outra maneira. Os
rapazes riram e abraçaram o general. De lá, voltaram para o Colégio Militar,
para arrumar a bagagem. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8778364068602172441.post-34893819217023109602020-02-27T08:00:00.000-03:002020-02-27T08:00:00.152-03:00A MARCHA DOS ESCOTEIROS 77: LÁ NO ESTÁCIO<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlSREKejd9q07ebf_iKV8Z9p2Bt3wiJpMiy_ak7d1RaypNpKJobpfG3VrsSoR-On0RUaESFE_sQUK1TH5rvPYAMZAj9K6Z43rrvw3O5gGMDP1C2vsrWaPIsRBYgrQyNVEaZNgTiI4m6_5u/s1600/saocarlos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="282" data-original-width="400" height="281" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlSREKejd9q07ebf_iKV8Z9p2Bt3wiJpMiy_ak7d1RaypNpKJobpfG3VrsSoR-On0RUaESFE_sQUK1TH5rvPYAMZAj9K6Z43rrvw3O5gGMDP1C2vsrWaPIsRBYgrQyNVEaZNgTiI4m6_5u/s400/saocarlos.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="background-color: white; color: black; display: inline; float: none; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 13.33px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; text-align: justify; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">(Estamos no mês de fevereiro de 1942. Enquanto o mundo está em
Guerra e o Brasil segue sob a Ditadura do Estado Novo, cinco escoteiros de
Antonina (PR), entre 15 e 18 anos, percorreram 1250 quilômetros numa marcha a pé rumo ao Rio de Janeiro
para entregar uma mensagem para Getúlio Vargas. </span><span style="background-color: white; color: black; display: inline; float: none; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 13.33px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; text-align: justify; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">No episódio de hoje, 27 de fevereiro de 1942, enquanto Beto, Antônio (Canário) e Manoel (Manduca), Milton e Lydio passeiam de bonde pela Cidade Maravilhosa. Onde será que eles vão?)</span><b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O calor naquele dia era de fritar
ovo no asfalto.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Parecia que não havia mais nada pra fazer no Rio de Janeiro. Agora,
fazia quase um mês que eles haviam chegado à cidade de São Sebastião do Rio de
Janeiro, cansados e no limite de suas forças. Um longo mês em que tanta coisa
tinha acontecido com eles, onde eles haviam visto e feito quase de tudo. A missão
estava cumprida. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Entretanto, havia uma coisa que
eles precisavam fazer: Os rapazes ainda tinham muitos passes de bonde pra
gastar. Neste dia 27 de fevereiro, uma sexta feira, Lydio e Milton resolveram
passear por mais algumas favelas. Milton estava querendo ir, mas estava receoso
de ir sem companhia. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Neste dia, Milton e Lydio
visitaram o Morro do Cantagalo e depois foram ao grande bairro do Estácio. A
região de Estácio de Sá, ou mais simplesmente o “Estácio”, é uma importante área
do Rio de Janeiro. A antiga área de Mata Porcos, onde havia um quartel no início
do século XIX, era agora um bairro afluente e importante. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Nos inícios da República, a
cidade foi objeto de diversas políticas higienistas, que causaram imensos transtornos
para a população mais pobre. Durante a política de “Bota-Abaixo” do prefeito
Pereira Passos, as populações expulsas das imediações de Mata-Porcos pela terrível
política foram se localizar no vizinho morro de São Carlos. São Carlos foi também
um berço de muitos consagrados compositores cariocas, como Luiz Melodia, entre outros. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Também no Estácio é que surgiu a
primeira escola de samba da cidade a Deixa Falar. Era liderada por uma lenda do
Samba, o compositor Ismael Silva. Dono de um senso lírico apurado e frequentado
as rodas de malandro da região, Ismael foi um dos muitos responsáveis pelo
surgimento do samba moderno, nos anos entre guerras. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Mas tinha muito passe pra gastar.
Milton e Lydio também estiveram nos morros do Salgueiro e Portela. Desta vez
foi diferente do dia anterior, quando Lydio sentiu-se pouco à vontade no Morro
da Mangueira. Naquele dia, contando com a presença de Milton, o sentimento de
insegurança foi quase inexistente. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Entretanto, Lydio atribuiu a
relativa segurança que sentiu à farda. Afinal, os dois passeavam fardados de
escoteiro. Como não foram molestados, Lydio entendeu que a população respeitava
muito a farda escoteira. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Milton, que era um novato em favelas,
comentou que ficou assustado com o que viu. “<i>Como pode aquele povo viver
daquele jeito?</i>”. É a pergunta mais importante do Brasil até hoje, para a qual a sociedade anda em busca de solução . </span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Talvez saibamos a resposta para a pergunta de Milton Oribe quando
o morro descer e não for carnaval. Quem sabe?</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Os dois escoteiros tinham mais o
que fazer. Aquele era o último dia de Rio, e eles tinham que aproveitar. Passaram
praticamente todo o dia andando de bonde, de norte a Sul, de leste a Oeste da
cidade. Já com os olhos de saudade, despediram-se da Cidade maravilhosa. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Não sabemos se eles terminaram
todos os passes que tinham. Sabemos que eles tentaram sinceramente acabar com
eles. Mas uma coisa ainda os incomodava. </span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Enquanto andavam feito loucos de bonde
pela cidade, Lydio e Milton lamentaram que percorriam a cidade sozinhos. Manduca,
Canário e Chefe Beto não participavam destas aventuras. Cada um do seu jeito,
cada um por seu motivo, acabavam ficando enfurnados no Colégio Militar. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><br /></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Seria saudade de casa? Seria a
ansiedade com a volta, que ocorreria em poucos dias? Toda aquela cidade a
disposição deles, cidade com todas as belezas e contradições possíveis estava
ali, aos olhos deles. Por que será que não aproveitavam?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Milton e Lydio pegaram todos os
bondes que deu. Depois, voltaram ao Colegio Militar para compartilhar suas
aventuras com os colegas. Agora, nos dias que faltavam, eles tinham muita gente
pra se despedir. </span></div>
<b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span>Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8778364068602172441.post-49764896985920428882020-02-26T08:00:00.000-03:002020-02-26T08:00:03.824-03:00A MARCHA DOS ESCOTEIROS 76: NA SALA DE RECEPÇÃO<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHPUxZ7wMzNAUtYk2rQn5rXyw_ymCRx-0kPFZQax9ad5CQNzFmMrb5pFpDS49Uj4_nfhbPnM9C5mntNNogiVL16fuKG0zTCmxG3bFH3KHi1rOg5Ooo-tOPwyUturur2-gc0ok_cJCqDsnh/s1600/mangueira372.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="329" data-original-width="800" height="262" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHPUxZ7wMzNAUtYk2rQn5rXyw_ymCRx-0kPFZQax9ad5CQNzFmMrb5pFpDS49Uj4_nfhbPnM9C5mntNNogiVL16fuKG0zTCmxG3bFH3KHi1rOg5Ooo-tOPwyUturur2-gc0ok_cJCqDsnh/s640/mangueira372.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><i>A Estação primeira de Mangueira em 1937, cinco anos antes da passagem dos escoteiros antoninenses pelo Rio.</i></span> </td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: black; display: inline; float: none; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 13.33px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">(Estamos no mês de fevereiro de 1942. Enquanto o mundo está em
Guerra e o Brasil segue sob a Ditadura do Estado Novo, cinco escoteiros de
Antonina (PR), entre 15 e 18 anos, percorreram 1250 quilômetros numa marcha a pé rumo ao Rio de Janeiro
para entregar uma mensagem para Getúlio Vargas. </span><span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: black; display: inline; float: none; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 13.33px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">No episódio de hoje, 26 de fevereiro de 1942, Beto, Milton, Lydio, Antônio (Canário) e Manoel (Manduca), já sem muito que fazer, passeiam pela Cidade Maravilhosa. Onde será que eles vão?)</span><b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O dia 26 de fevereiro, uma quinta
feira de muito calor, foi um dia de folga para os rapazes. Afinal, a
programação oficial havia acabado. Não havia mais museus e estatuas para
visitar. O Carnaval havia acabado, e todos estavam retomando suas atividades. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">A UEB e a Federação dos escoteiros
estavam preocupados com suas rotinas e afazeres. As passagens de volta em navio
e ainda por cima de primeira classe, já estava comprada. Sobrava, então, pouca
coisa para os rapazes fazerem.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Neste dia de manhã eles aproveitaram
para lavar os uniformes. Como eles usavam cotidianamente os uniformes, eles
tinham que ser lavadas periodicamente, ou poderiam receber mais alguma bronca
do general. Mas foi só. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Eles também estavam cansados cada
um dos outros. Ela primeira vez, eles resolveram fazer programas separados.
Depois de dois meses seguidos olhando um para a cara do outro, já estavam
cansados de tanta união e cumplicidade. De tarde, cada um foi para um lado. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Lydio foi conhecer as favelas. Essa
era a grande novidade do Rio, conhecer as favelas. Lydio explica que favelas
são conglomerados de barracos, cobertos de zinco ou de lata e “equilibram-se
nas encostas ou não” dos morros. As ruas são sem alinhamento, e a pobreza é
geral. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Mas – e há sempre um mas – as
favelas também são os locais onde estão os músicos do Rio de Janeiro, bem como
das cabrochas das escolas de samba. As favelas cariocas, ontem e hoje, são
grandes dínamos de produção social e cultural do Brasil. Artistas, políticos,
escritores, estudiosos, todos estavam curiosos para conhecer as favelas. Lydio
era somente mais um deles. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Naquela tarde calorenta, ele visitou
o morro do Querosene e o Morro da Mangueira. O Morro da Mangueira é uma das
mais tradicionais favelas do Rio. Sua ocupação começou a se dar ainda no tempo
do Império. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Naqueles anos de Estado Novo, a Mangueira
era o território de uma das primeiras Escolas de Samba do Rio. Berço de grandes
legendas do Samba, como Cartola, Nelson Cavaquinho, Nelson Sargento, entre muitíssimos
outros, o Morro da Mangueira é uma das maiores instituições brasileiras. A Sala
de Recepção. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">No entanto, para Lydio, dar uma
olhada no sagrado território do samba foi o bastante. As favelas são muito
grandes, justificou ele em seu diário. Sim, elas eram grandes e continuaram a
ser. Verdadeiras cidades dentro da cidade. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Mas havia outra explicação:
andando sozinho, ele não se sentia seguro. O jovem escoteiro, uniformizado e
com cara de forasteiro, não se sentiu bem-vindo ali no território do samba,
como se fosse um animal estranho. Sentiu o “olhar atravessado” das pessoas. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">De Noite, ele foi passear perto
do Cine Astória, pra ver se descolava uma namorada. O Cine Astória, em Copacabana,
era uma das mais finas atrações da cidade. Recém inaugurado, era o point da
gurizada. Mas, nesta noite, deu com os burros n´água. Nenhuma carioquinha
sentiu-se atraída por seu charme. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">De noite, de volta ao Colégio Militar,
os rapazes ficaram trocando detalhes de suas aventuras pelo Rio. Cansados,
foram tentar dormir naquele calorão. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8778364068602172441.post-50898440543825626722020-02-25T08:00:00.000-03:002020-02-25T08:00:03.158-03:00A MARCHA DOS ESCOTEIROS 75: O ATAQUE DOS DISCOS VOADORES E UM SUMIÇO IMPORTANTE<span style="background-color: white; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: x-small;"></span>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpeADH1bKLy6u-xusreVrL5mqHCKI9HFKl8xHkF0gVU1Wrk-DN6F6FbiOd62_VF3N-llC-45i7d9X_MUe64m3e5rKBs5-HBTWetscyIEVBU1x4d-ouC_g_gsMvcpmOQLsdq638sWOVv17E/s1600/Battle_of_Los_Angeles_LATimes.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="513" data-original-width="560" height="366" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpeADH1bKLy6u-xusreVrL5mqHCKI9HFKl8xHkF0gVU1Wrk-DN6F6FbiOd62_VF3N-llC-45i7d9X_MUe64m3e5rKBs5-HBTWetscyIEVBU1x4d-ouC_g_gsMvcpmOQLsdq638sWOVv17E/s400/Battle_of_Los_Angeles_LATimes.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><i>Fotos do LA Times mostrando consequências da Batalha: ataque japonês ou de discos voadores? No Rio, os escoteiros antoninenses também estavam as voltas com um sumiço inexplicável...</i></span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: black; display: inline; float: none; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 13.33px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">(Estamos no mês de fevereiro de 1942. Enquanto o mundo está em
Guerra e o Brasil segue sob a Ditadura do Estado Novo, cinco escoteiros de
Antonina (PR), entre 15 e 18 anos, percorreram 1250 quilômetros numa marcha a pé rumo ao Rio de Janeiro
para entregar uma mensagem para Getúlio Vargas. </span><span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: black; display: inline; float: none; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 13.33px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">No episódio de hoje, 25 de fevereiro de 1942, enquanto a cidade de Los Angeles está a volta com um suposto ataque de discos voadores, Beto, Milton, Lydio, Antônio (Canário) e Manoel (Manduca) investigam um sumiço inexplicavel...)</span><b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Na quarta-feira, 25 de fevereiro
de 1942, foi marcado pela incrível “Batalha de Los Angeles”. Um objeto não
identificado, avistado nos céus da cidade californiana, fez com que grande pânico
acometesse as pessoas. Houve grande alvoroço e pânico nas ruas. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O exército americano tentou atingir o objeto com
artilharia, mas não conseguiu. Como consequência, uma pessoa morreu atingida
por estilhaços de bomba e duas por ataque cardíaco.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Temia-se por um ataque japonês ou,
mais intrigante, um ataque de discos voadores. Até hoje, a batalha de Los Angeles é grande assunto de controvérsia. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Neste mesmo dia, no Colégio Militar do Rio de Janeiro, outro
acontecimento inexplicável abalou a estadia dos rapazes na cidade Maravilhosa: O
livro diário Oficial da excursão sumiu!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O livro diário oficial era um
livro muito importante, onde estavam todas as anotações oficiais do Raid. Cada
cidade em que eles passavam, uma autoridade assinava o livro ou carimbava. Ali
estavam os carimbos de todas as repartições públicas federais estaduais e municipais,
que atestavam o dia a e hora da passagem dos rapazes. Outros escreveram
mensagens elogiosas ao raid e aos próprios rapazes. Era um documento muito
importante. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Além disso, nas páginas do livro havia
muitas fotografias do raid. Apenas algumas poucas fotografias sobraram, algumas
que estavam com Lydio e outras que estavam na máquina fotográfica de Milton. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Milton, Lydio, Canário e Manduca
acusaram o chefe Beto de negligência. Chefe Beto se defendeu dizendo que havia
visto um escoteiro gaúcho folheando o livro. Podia ter ficado com o documento
para si. O fato é que não tinha explicação. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Os companheiros chegaram a pensar
que o próprio chefe Beto havia ficado com o diário para se vingar do fato de
não ter podido ir a Petrópolis entregar a mensagem ao presidente Vargas. Mas
eram só pensamentos sombrio e sem cabimento. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O fato é que os rapazes mais o
colega Gastão ainda deram uma busca geral no prédio, mas nada foi encontrado. Uma
pena..</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Entretanto, o grande fato do dia
foi mesmo a compra das passagens de navio. Feliz e satisfeito, o Dr João
Ribeiro passou lá a tarde, e saiu com os rapazes para comprar as passagens. Agora,
eles iam voltar por via marítima, e de primeira classe. Cada passagem custava
dois contos e oitenta mil reis...uma pequena fortuna!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">A aventura estava chegando ao
fim. Será?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8778364068602172441.post-91983172748648021962020-02-24T08:00:00.000-03:002020-02-24T08:00:02.240-03:00A MARCHA DOS ESCOTEIROS 74: A VIUVA DO CAPITÃO<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKez3Gdbwh9CAQ_9Nu3bXprJkWHJ6miDJt-FlGNfANO8gelgTxI-SdYN8pJw7vo7nzR2dpcktFoYrWUkvGnOQKbgp4GcTZmxLRofMxPBP5ZhlZbe7lxjMpZq3odPgR4-n7SzL8pnTQr7Sb/s1600/IGREJA+DA+PENHA+1940.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="644" data-original-width="960" height="267" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKez3Gdbwh9CAQ_9Nu3bXprJkWHJ6miDJt-FlGNfANO8gelgTxI-SdYN8pJw7vo7nzR2dpcktFoYrWUkvGnOQKbgp4GcTZmxLRofMxPBP5ZhlZbe7lxjMpZq3odPgR4-n7SzL8pnTQr7Sb/s400/IGREJA+DA+PENHA+1940.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><i>Festa na Igreja da Penha em Madureira, Rio de Janeiro, em 1940; Lydio esteve aqui em 1942 mas não encarou os 400 degraus...</i></span> </td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: black; display: inline; float: none; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 13.33px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">(Estamos no mês de fevereiro de 1942. Enquanto o mundo está em
Guerra e o Brasil segue sob a Ditadura do Estado Novo, cinco escoteiros de
Antonina (PR), entre 15 e 18 anos, percorreram 1250 quilômetros numa marcha a pé rumo ao Rio de Janeiro
para entregar uma mensagem para Getúlio Vargas. </span><span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: black; display: inline; float: none; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 13.33px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">No episódio de hoje, 24 de fevereiro de 1942, enquanto Beto, Milton, Antônio (Canário) e Manoel (Manduca) estão descansando no Colegio Militar, Lydio faz uma visita emocionada a uma amiga da Familia.)</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Na terça feira, 24 de fevereiro
de 1942, Lydio se desgarrou de seus colegas, tinha algumas atividades sociais e
familiares para cumprir. Além dos compromissos oficiais, ele tinha ainda uma incumbência
de sua família em sua estada no Rio de Janeiro. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Ele foi procurar dona Emília de
Lima, viúva de João de Lima, ex-capitão do Navio Caxambu, do Lóide Brasileiro.
João havia falecido em alto mar havia poucos anos, quando estava prestes a
chegar no Rio. João e Emília eram amigos da família e Lydio tinha ordem de seus
pais para visitá-la quando estivesse no Rio. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Emília morava em Ramos, na rua
General Câmara sem número. Era perto da praia de Ramos. Mas, como foi difícil
de achar! Lydio ficou um tempo perambulando pelas casas todas iguais, sem saber
se estava indo ou vindo. Pergunta aqui, pergunta ali, ele finalmente conseguiu
achar a casa de Dona Emilia. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Lydio, com a surpresa da visita,
foi recebido com muita alegria e choro ao mesmo tempo. Não era pra menos. Emília
ficou tão surpresa com a visita do filho de Nathalia, lá da distante Antonina,
que quase não acreditou. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Lydio tomou um cafezinho com ela,
e apresentou as condolências da família. Muito contente, eles conversaram um
pouquinho, e Lydio acabou por contar das aventuras que tinham trazido ele e
seus companheiros ao Rio, o encontro com Getúlio e tudo o mais. Dona Emília,
por seu lado, contou Lydio a história do seu João, o Capitão João Lima do
Lóide. João sempre fora um marido distante comandando seus navios em viagens
pela costa brasileira e mesmo pelo mundo. Agora, João de Emília estava distante
para sempre. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Para desanuviar e não perturbar o
menino com suas tristezas, dona Emília quis saber de sua família. Perguntou de
sua mãe e de seu padrasto. Soube que eles estavam bem, e ficou bem feliz com a
lembrança e a visita. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Quando saiu de lá, Lydio quis
relaxar um pouquinho. Dali, com seus muitos passes, ele foi até Bonsucesso. Lá
ele queria ver o simpático time da Leopoldina, que tanto trabalho dava aos
times da Zona Sul. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">De lá, ele foi à Penha. Ele foi
pedir à padroeira para lhe ajudar, mas não teve coragem de subir os 400 degraus
cavados na rocha. Apesar de devoto, ele não estava muito pra penitencias. O que
ele diz é que o espetáculo da Igreja lá no alto do morro era muito bonito. Será
que ele lembrou de outra igreja, em cima de uma colina?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Ao voltar para o Colégio Militar,
os colegas estavam preocupados, pois havia demorado muito. Ele explicou o que
tinha feito. E os cinco foram encher a barriga no rancho do Colégio Militar. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">À noite, Lydio foi dar uma
voltinha ao redor do Colégio Militar, para ver se encontrava sua namorada. Mas
não teve sucesso. Ele demorou muito, e a sua “pequena” não quis esperar. A fila
andou...</span></div>
Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8778364068602172441.post-56738368658316652772020-02-23T08:00:00.000-03:002020-02-23T08:00:03.087-03:00A MARCHA DOS ESCOTEIROS 73: LOURIVAL FONTES E A FOTO ICÔNICA<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4E8mpd0fodsYxb_qUblaQFaeyLi_4LJkXjZbq9Rz6eqby33mBnvzg3RIrsZ4UiNTRFfy9TzHjGZmBHqIRSQQLNpuGTOa0VczAOt-sC5R0ND503PLucA9Xv2kvvdD9YCi99FFCxX1y-kpS/s1600/dip.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="385" data-original-width="534" height="287" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4E8mpd0fodsYxb_qUblaQFaeyLi_4LJkXjZbq9Rz6eqby33mBnvzg3RIrsZ4UiNTRFfy9TzHjGZmBHqIRSQQLNpuGTOa0VczAOt-sC5R0ND503PLucA9Xv2kvvdD9YCi99FFCxX1y-kpS/s400/dip.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div style="text-align: justify;">
<span style="background: white; color: black; font-size: 9.5pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">De terno branco ao centro da
foto o Dr Lourival Fontes, diretor do Departamento de Imprensa e Propaganda, o famigerado
DIP; no dia seguinte ele teria uma reunião exclusiva com os escoteiros antoninenses,
quando lhes entregou a icônica foto da entrega da mensagem a Getúlio Vargas</span></span></div>
</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-family: Times New Roman; font-size: 16px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">
<div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="background-color: white; color: black; display: inline; float: none; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 13.33px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; text-align: justify; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;"><br /></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="background-color: white; color: black; display: inline; float: none; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 13.33px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; text-align: justify; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">(Estamos no mês de fevereiro de 1942. Enquanto o mundo está em
Guerra e o Brasil segue sob a Ditadura do Estado Novo, cinco escoteiros de
Antonina (PR), entre 15 e 18 anos, percorreram 1250 quilômetros numa marcha a pé rumo ao Rio de Janeiro
para entregar uma mensagem para Getúlio Vargas. </span><span style="background-color: white; color: black; display: inline; float: none; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 13.33px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; text-align: justify; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">No episódio de hoje, 23 de fevereiro de 1942, Beto, Milton, Lydio, Antônio (Canário) e Manoel (Manduca) fazem nova visita ao Departamento de IMprensa e Propaganda, o famigerado DIP.)</span><b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike></span></div>
</div>
<b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Na segunda feira, 23 de fevereiro
de 1942, os cinco rapazes fizeram uma visita ao DIP, o Departamento de Imprensa
e Propaganda. Já haviam estado lá na semana anterior, mas com toda a balburdia
dos outros escoteiros. Agora eram só os cinco. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O DIP era o temido Departamento
de Censura do governo do Estado Novo. O DIP atuava firmemente na
censura a jornais e rádios. O jornal Estado de São Paulo, por exemplo, ficou cerca de três anos
com um fiscal do DIP em sua redação, para censurar as notícias que o governo
não gostava. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Além disso, o DIP produzia muitas
pelas de propaganda, em geral louvando Getúlio Vargas. Estes livros contavam desde
sua infância em São Borja, até episódios de sua juventude. Tudo engrandecendo Getúlio,
e fazendo uma propaganda da moralidade requerida pelo Regime. Quando criança,
era louvado por ser “<i>bom estudante</i>”, “<i>bom companheiro</i>”. Como líder, era o homem
sábio, defensor da justiça e, pra ficar por aqui, “<i>amigo maior</i>” das crianças. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Desde quando foi montado, em
1938, até a visita dos escoteiros, o DIP era ativo numa propaganda estilo nazifascista,
imitando a propaganda de Hitler e Mussolini. Entretanto, com a guinada de
Vargas a um apoio aos Estados Unidos na Guerra, o DIP iria mudar de cara. Seus
tempos finais o Departamento foi um apoio firme ao esforço de guerra aliado,
embora mantivesse a ferrenha censura internamente. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Os rapazes se encontraram com o
diretor, Dr Lourival Fontes, que conversou demoradamente com eles a respeito da
aventura deles. Lourival Fontes era um jornalista sergipano, que se mostrou um notório
defensor de doutrinas autoritárias. Foi ele que imprimiu a maior parte da estratégia
de propaganda fascista do DIP que os rapazes agora visitavam. Em julho deste
mesmo ano de 1942, por causa das mudanças na política Getulista em relação a
guerra, Lourival Fontes pediu sua demissão. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Nesta visita dos rapazes ao DIP,
o Dr Lourival Fontes deu a eles diversas fotografias oficiais. Entre elas, a icônica
foto da entrega da carta a Getúlio por Milton Oribe. Temos claro, portanto, que
a viagem dos rapazes ao Rio também foi uma propaganda do Regime do Estado Novo.
Também lhes passou vários livros didáticos. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Depois, eles passaram pela
Federação Carioca dos Escoteiros. Agora, eles queriam receber notícias dos
amigos e familiares, mas também saber como é que eles voltariam. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Da parte dos rapazes, tudo era
especulação. Canário achava que eles deveriam voltar de avião. Sonhava com uma
viagem em que pudesse ver tudo do alto. Já para Manduca, o melhor seria voltar
de trem, pois eles poderiam conhecer outras cidades. Lydio achava que de navio
seria o método melhor e mais rápido. Chefe Beto dizia que o melhor seria voltar
num automóvel militar. Já imaginou entrar em Antonina num daqueles caminhões de
choque?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8778364068602172441.post-41848474841612438302020-02-22T08:00:00.000-03:002020-02-22T08:00:01.770-03:00A MARCHA DOS ESCOTEIROS 72: O COLEGIO VAZIO<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIbkB0I4rMoWNE5nw5rxz8kgS8qdog9a1i4rilPvbvP_2k7Owxo4_yRa77fAeP7z-Hz9PWJsuBqP1WOn9tW7Jqk2DxDwzfRFy1XHkFMWV520f6VR_Lc92zXyFTtzjSyGifA1HTOgSb3w7A/s1600/340px-Vapor-Olinda_Ex_Kennemerland.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="202" data-original-width="340" height="237" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIbkB0I4rMoWNE5nw5rxz8kgS8qdog9a1i4rilPvbvP_2k7Owxo4_yRa77fAeP7z-Hz9PWJsuBqP1WOn9tW7Jqk2DxDwzfRFy1XHkFMWV520f6VR_Lc92zXyFTtzjSyGifA1HTOgSb3w7A/s400/340px-Vapor-Olinda_Ex_Kennemerland.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O navio Olinda, da Carbonífera Sulriograndense, afundado por submarinos alemães em fevereiro de 1942</td></tr>
</tbody></table>
<span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: black; display: inline; float: none; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 13.33px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">(Estamos no mês de fevereiro de 1942. Enquanto o mundo está em
Guerra e o Brasil segue sob a Ditadura do Estado Novo, cinco escoteiros de
Antonina (PR), entre 15 e 18 anos, percorreram 1250 quilômetros numa marcha a pé rumo ao Rio de Janeiro
para entregar uma mensagem para Getúlio Vargas. </span><span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: black; display: inline; float: none; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 13.33px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">No episódio de hoje, 11 de fevereiro de 1942, Beto, Milton, Lydio, Antônio (Canário) e Manoel (Manduca) estão no Colégio Militar vazio, com a partida dos demais grupos escoteiros.)</span><b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Naquele domingo, 22 de fevereiro
de 1942, os cinco escoteiros já estavam há 23 dias no Rio. 23 dias de um clima
“Senegalês”, segundo Lydio. Pra combater o calor, muito ventilador e muito
banho de água fria. Em vez de café, só tomavam mate gelado. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Lydio, pra afastar o tedio,
ficava a rabiscar o diário, que andava bem atrasado. Chefe beto, por outro
lado, ficava na cama, a ler um jornal sobre as últimas notícias da guerra na Europa. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">As notícias aquele dia não eram
boas. Havia poucos dias, o vapor Olinda, pertencente à carbonífera Riograndense,
havia sido afundado por um Uboat alemão perto da costa do cabo Hateras, na costa
americana. Este havia sido o segundo navio de bandeira brasileira afundado
somente naquela semana. Havia poucos dias, o navio Buarque, pertencendo ao
Loide brasileiro, havia sido afundado na mesma região. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Até aquele momento, três navios
brasileiros haviam sido afundados pelos alemães. No jornal do Brasil daquele
dia, o secretario de estado americano Summer Wellles havia anunciado que, para
os países aliados dos Estados Unidos no continente americano, seria instituído um
sistema de comboios. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Por outro lado, o jornal alertava
para notícias falsas sendo propagadas sobre ataque alemães ao Brasil. Citava um
caso de que um alerta havia sido emitido pera Natal, e pedia mais atenção para
evitar pânico exagerado. Em tempo de guerra, tempo de fake News. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Toda esta situação preocupava muito
todos os que tinham que ser transportados via marítima. Os navios viajavam com
o casco pintado de cinza, e nem sempre com a bandeira de seu pais. Muitos alarmes
falsos deixavam a população alarmada com a presença de submarinos ao longo da
costa brasileira. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Ainda não havia chegado
julho/agosto de 1942, tempo da “alegre carnificina” dos Uboats alemães em plena
costa brasileira, que haveria de custa mais de 2500 vidas de brasileiros. Mas os
dados estavam jogados. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Os escoteiros, entretanto, também
tinham preocupações com viagens. Aquele dia também, estava marcado como o dia
de retorno das delegações escoteiras a seus estados. Os gaúchos foram os
primeiros. As 8 da manhã, a bordo do vapor Aratimbó, o mesmo que os havia
trazido à Capital Federal, os levou de volta. Sem incidentes, diga-se de
passagem.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">As 16:30 horas foi a vez da
delegação paulista, que voltou de trem. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">E o Colégio Militar começou a
ficar grande demais, só para os cinco. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Cinco não, seis. Agora fazia
parte da turma o escoteiro Gastão Batinga, que regressaria com os rapazes ao
Paraná, pois pertencera a Delegação Gaúcha e tinha solicitado permissão de seus
superiores apara voltar com os rapazes. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Gastão era alagoano, e residia em Santa
Maria, no Rio Grade do Sul. Entretanto, agora ele estava se mudando para
Curitiba, já tinha até feito a matrícula. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Lydio comenta com pesar que nem
sabia o que o colega iria estudar. Ele não disse, e eles não perguntaram.
Gastão Batinga era um colega muito bem, alegre e atencioso, e foi um baita
companheirão nestes últimos dias de viagem. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8778364068602172441.post-31217491483743445032020-02-21T08:00:00.000-03:002020-02-21T08:00:04.702-03:00A MARCHA DOS ESCOTEIROS 71: QUEBRA COCO, QUEBRA COCO!<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYatl5OzdCzOT8gS7PI04kOTAw51nuOcuHdQNpB0nhtYIroH4U7pe_lZcKE3aC4juON7q8sul8EJvCUHBnjoOX-qWdqbBqjDCBbmy2dr4BMHwWX-4zVRITiTKjP7ZKSRHZlUo6X6JZbDB1/s1600/quebra+coco.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="364" data-original-width="850" height="171" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYatl5OzdCzOT8gS7PI04kOTAw51nuOcuHdQNpB0nhtYIroH4U7pe_lZcKE3aC4juON7q8sul8EJvCUHBnjoOX-qWdqbBqjDCBbmy2dr4BMHwWX-4zVRITiTKjP7ZKSRHZlUo6X6JZbDB1/s400/quebra+coco.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i>Fotos do Jornal A Noite, do Fogo de Conselho do Russel, em fevereiro de 1942, do qual participaram os escoteiros antoninenses</i></span></td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span><i></i><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="background-color: white; color: black; display: inline; float: none; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 13.33px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; text-align: justify; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">(Estamos no mês de fevereiro de 1942. Enquanto o mundo está em
Guerra e o Brasil segue sob a Ditadura do Estado Novo, cinco escoteiros de
Antonina (PR), entre 15 e 18 anos, percorreram 1250 quilômetros numa marcha a pé rumo ao Rio de Janeiro
para entregar uma mensagem para Getúlio Vargas. </span><span style="background-color: white; color: black; display: inline; float: none; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 13.33px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; text-align: justify; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">No episódio de hoje, 11 de fevereiro de 1942, Beto, Milton, Lydio, Antônio (Canário) e Manoel (Manduca) participam de um grande Fogo de Conselho.)</span><b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Naquele sábado, 21 de
fevereiro de 1942, o calor continuava infernal. Às vezes, faltava água nas torneiras.
Para os rapazes isso não fazia diferença. Ainda bem que existia Copacabana, com
suas praias ora verdes ora azuis. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Mais do que isso, o que chamava a
atenção dos rapazes eram as sereias que costumavam aparecer por aquelas bandas.
Quando eles foram por lá, ficavam admirando os corpos reluzentes de óleo. E,
claro, a procura de um banho refrescante. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Quando eles foram lá dar os seus
mergulhos, ficavam lá tomando sorvetes, um após o outro. Depois, quando o sol
abaixava, lá iam eles explorar a cidade maravilhosa. Agora com muitos passes, eles
se davam ao luxo de andar de lá pra cá e descer em qualquer estação, onde
tivesse algo que lhes chamasse a atenção. Valia qualquer coisa, desde um camelo
fazendo magicas até mostrando o perigoso peixe elétrico do amazonas. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Neste sábado, Lydio saiu sozinho
pela manhã para olhar os treinos do fluminense e do botafogo. Em Laranjeiras,
ele viu jogadores famosos, como Batatais, Norival, Afonsinho, Pedro Amarin,
Romeu, Tim, Hercules, Carreiro e outros. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">No campo do Botafogo, em General Severiano,
ele viu os cobras: Aimoré, Nariz, Tovar, Carvalho Leite, Perácio, Patesko e o
inesquecível Heleno de Freitas. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">A tarde, as delegações escoteira continuavam
seu passeio cívico militar. Neste dia, eles foram conhecer o arsenal da marinha
de Guerra, localizada na ilha das cobras. De um lado do cais, puderam ver
diversos submarinos e também algumas caravelas. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Do outro lado estavam os
torpedeiros, contratorpedeiros, e lanchões de desembarque. Ao largo dois
belíssimos destroieres e o cruzador São Paulo. Tudo nos trinques, pronto para
entrar em ação. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">De noite, na praça do Russel foi
realizado um fogo de conselho, o maior do ano. Contando com a presença de
escoteiros da federação Carioca e fluminense, a paulista, a gaúcha e a pequena
representação da federação Paraná-Santa Catarina, representada pelos cinco
rapazes. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O Fogo de Conselho foi tão grande
e tão importante, que chegou a ser irradiado pela Rádio Educadora Municipal, a
rádio da Prefeitura do Rio. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Lydio lembra das quadrinhas: </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 141.6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><i>Lá
em cima daquele morro</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 141.6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><i>Tem
um velho galinheiro</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 141.6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><i>Quando
vê moça bonita</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 141.6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><i>Faz
gaiola sem puleiro!</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Outro escoteiro respondia:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 141.6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><i>La
em cima daquele morro</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 141.6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><i>Tem
um velho pula muro</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 141.6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><i>Quando
vê moça bonita</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 141.6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><i>Faz
gaiola no escuro!</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">E logo vinha o refrão:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 141.6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><i>Quebra
coco, quebra coco</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 141.6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><i>Na
ladeira do piá</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 141.6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><i>Escoteiro
quebra coco</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 141.6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><i>E
depois vai trabaiá!</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 141.6pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Eles cantaram o hino nacional e outros
hinos. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">E voltaram para Colégio Militar de São Cristóvão para um merecido
repouso. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8778364068602172441.post-91029828971082367542020-02-20T08:00:00.000-03:002020-02-20T08:00:02.406-03:00A MARCHA DOS ESCOTEIROS 70: SIEMPRE LISTO!<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3N5IIgAD2eJmi9ZnftiUblbCQmGFI2_IXKO1E8jPSw5kpYB8S483mwLAxnkIhJrXRW0NWU062d9CawVQcaIne2anYmLkFRGT2Hnmy__AsBz9sKt6d75-nmzyiIV3IsLf8kt9MUJnBRywj/s1600/53escoteiro.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="342" data-original-width="204" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3N5IIgAD2eJmi9ZnftiUblbCQmGFI2_IXKO1E8jPSw5kpYB8S483mwLAxnkIhJrXRW0NWU062d9CawVQcaIne2anYmLkFRGT2Hnmy__AsBz9sKt6d75-nmzyiIV3IsLf8kt9MUJnBRywj/s400/53escoteiro.jpg" width="237" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A estatua do escoteiro chileno, no Rio, visitada pelos escoteiros antoninenses em 1942. Esta estátua tem também muitas peripécias pra contar...</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: black; display: inline; float: none; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 13.33px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">(Estamos no mês de fevereiro de 1942. Enquanto o mundo está em
Guerra e o Brasil segue sob a Ditadura do Estado Novo, cinco escoteiros de
Antonina (PR), entre 15 e 18 anos, percorreram 1250 quilômetros numa marcha a pé rumo ao Rio de Janeiro
para entregar uma mensagem para Getúlio Vargas. </span><span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: black; display: inline; float: none; font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: 13.33px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">No episódio de hoje, 11 de fevereiro de 1942, Beto, Milton, Lydio, Antônio (Canário) e Manoel (Manduca) tem um dia de passeio por Museus Históricos do Rio. A visita a uma estatua de um escoteiro é o destaque.)</span><b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">No dia seguinte da entrega da
carta, o clima entre os rapazes era de alegria e dever cumprido. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Menos para Chefe Beto. Estes
havia ficado para trás e não participara do evento. Um segundinho só, uma
rápida ida ao banheiro! Quando da chegada dos rapazes de Petrópolis no dia
anterior, eles encontraram chefe Beto extremamente nervoso, andando para lá a
para cá no alojamento. Em nenhum momento se acalmou. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">No entanto, a lista de tarefas ainda
era grande. Neste dia, eles foram requisitados a cortar o cabelo, que já estava
bem crescidinho. Em tempos de guerra e em tempos de higienismo como doutrina
dominante, cabelos e pelos não eram coisas para se mostrar. Coisa suja. Portanto,
naquela época, nada de escoteiro cabeludo!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Depois, à tarde, eles foram
desafiados para uma partida de futebol. Lydio e Canário reforçaram o meio-campo
do time dos escoteiros gaúchos contra a tropa paulista. Foi um grande épico, que
terminou 3 a 2 para a tropa sulina. Canário, para variar, deixou o seu no
placar. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">A tarde, os escoteiros saíram
para visitar monumentos históricos. Eles visitaram o monumento ao Barão de Mauá.
Depois se seguiram Tiradentes, Duque de Caxias, e os Marechais Floriano e
Deodoro. As estatuas dos almirantes Barroso e Tamandaré também foram visitadas.
Quanta estatua! Por certo os escoteiros não aguentavam mais...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Mas ainda tinha mais. Eles foram conhecer
o monumento ao escoteiro chileno, na praça do Russel, na Glória. Este
monumento havia sido doado pelos escoteiros chilenos aos seus colegas
brasileiros, como retribuição da ajuda prestada pelos brasileiros a um
devastador terremoto. Foi executado pelo artista chileno Fernando Thauby.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Era uma estátua de bronze mostrando
um rapaz agitando uma bandeira. Na outra, segurava um chapéu de escoteiro. No pedestal estava a frase “Siempre Listo”,
que representa a saudação escoteira em espanhol. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Como um detalhe dos tempos que
correm, a estatua foi roubada de seu pedestal maio de 2019, quando foram
serrados seus pés. Entretanto, com grande determinação os escoteiros puderam
ter uma boa notícia. Em outubro do mesmo ano, a estatua foi recuperada, e agora
está para ser restaurada e reposta ao seu lugar. Siempre Listo!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Tanto espírito cívico culminou
com uma visita ao famoso DIP – Departamento de Imprensa e propaganda. Falaremos
sobre o DIP mais adiante. No famigerado órgão de censura da ditadura do Estado Novo,
os escoteiros assistiram diversos filmes educativos, claro está. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Conheceram a
sala de imprensa e a horrenda sala de censura. Na saída, como se não fosse bastante
horror, ainda foram presenteados com livros educativos, obviamente glorificando
o Estado Novo. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Ao dormir neste dia no Colégio
Militar, os rapazes devem ter sonhado sonhos de bronze...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com2