Eu definitivamente gosto de políticos republicanos, daqueles
que jogam o jogo dentro das instituições democráticas e que não são diferentes,
em sua vida pessoal, do que são em sua vida politica. Simples assim.
Ulisses Guimarães, o “Senhor Diretas”, o todo-poderoso da
transição democrática, tinha como patrimônio um apartamento em São Paulo. Olívio Dutra, por exemplo, ao terminar seu
mandato como prefeito retornou ao seu posto de bancário no BANRISUL. Já
ministro, passava suas férias de verão não na Europa, como seus pares, mas na
colônia de férias do banco em Tramandaí – o equivalente, para nós paranaenses,
a veranear em Matinhos.
Por mais que se fale do ex-presidente Lula, ele nunca fez ou
propôs nenhuma reforma constitucional que o beneficiasse, como o fizeram Sarney
e Fernando Henrique. Suas negociações sempre foram com o congresso, que é leito
pelo povo. Seu falar é popular, mas nunca resvalou para “falar diretamente às
massas”, como tentou fazer o ex-presidente Collor.
Os populistas não. São histriônicos e carismáticos. É o
pastel de Jânio Quadros, o rouba-mas-faz inaugurado por Adhemar de Barros e
seguido por tantos outros depois dele. É a cara-de-pau de Paulo Maluf, o homem
que não tem, nunca teve e nem ouviu falar de suas milionárias contas nas ilhas
Jersey.
Em escala microscópica, na pequena Antonina, temos a nossa
versão populista. A candidata mãe-dos-pobres está tentando se reeleger para um
terceiro mandato. A musa do populismo tardio contra-ataca. Os blogs que a
apoiam não se cansam de entoar loas à “guerreira”, à “incansável” Munira
Peluso, a “Mônica”. Ela vai até os pobres, fala com eles! Ostentando um vistoso
chapéu panamá, alias chapéu típico de malandro carioca, lá vai ela apertando
mãos, tomando cafezinhos e desfiando promessas.
Munira é uma candidata cordial, no sentido em que procura
seduzir as pessoas, usando o coração. Sim, faz sentido seu slogan “Antonina no
Coração”, no melhor estilo de seu padrinho Jaime Lerner (Aliás, um Governador
que saiu pela porta dos fundos por causas mal explicadas). Munira fala
diretamente ao povo, numa linguagem que ele entende. Sim, ela os protege,
quando estão todos desprotegidos dos malvados políticos! Essa, pelo menos, é a ilusão vendida
em seu melífluo discurso.
Ela fala como se tudo fosse fácil: arrumar umas coisas aqui,
outras ali, como uma reforma num imóvel ou apartamento velho. Como boa
corretora, avalia para mais na venda de seu produto. Não é ela a responsável
pela futura rodovia “ecológica”, assim como não foi ela que instalou o terminal
da Ponta do Félix. Para mais detalhes, veja essa postagem do nosso sempre lógico e escatológico Ornitorrinco (aqui). Mas, boa vendedora de si mesma, tenta surfar na imagem de um
quadro que ela não pintou.
Ao falar diretamente aos pobres, ela esconde o fato de ser a
candidata com o maior patrimônio (aqui). Quando distribuía cestas básicas, em
seus primeiros mandatos, ela fazia com que os beneficiados tivessem um
trabalhão: filas e filas diante da prefeitura. Era como se fizesse questão que
estes sofressem para obter o beneficio, mas que soubessem, afinal, quem era que
distribuía. Por causa de desvios como esses é que hoje os programas sociais são
distribuídos via banco, via cartão pessoal. Para evitar o ataque dos populistas
oportunistas.
Existem duas Muniras: uma é a Munira Peluso, administradora,
capitalista, a que tem e administra os negócios da família. A outra é Mônica, a
mãe dos pobres. Quando estes elegem uma, na verdade é a outra que toma cota e
administra as contas públicas.
Serão quatro anos de processos e intimidações contra
opositores, e vasta distribuição de cargos comissionados para “calar a boca”
dos compráveis. Não sei como a família vai tomar conta “do” lojinha, já que a
lei hoje proíbe o nepotismo, mas com isso não precisamos nos preocupar, eles
dão um jeito. O populismo sempre apresenta, ao fim e ao cabo, a sua fatura. É
por causa dessa conta amarga que não gosto de populistas.
Jeferson,vc fala de uma causa na qual vc não participa diariamente,venha pra ca,fixe residencia aqui,teste sua popularidade,candidatando-se a um cargo na proxima eleição,faça como teu saudoso pai,homem corajoso e de fibra,que sempre participou ativamente dos momentos politicos de nossa cidade,tchau,tudo de bom
ResponderExcluirMeu caro Gilson: eu até gostaria de morar em Antonina de novo, mas no momento minha carreira me puxa pra outro lado.No futuro, que sabe? A diferença, talvez, é que não esqueço minha terra e sempre que posso procuro com meus parcos meios me manter informado sobre a terrinha. Procuro, sempre, dar uma visibilidade maior a minha cidade por meio do meu trabalho acadêmico.
Excluirquanto a ser popular e me candidatar a algum cargo é coisa que nem me passa pela cabeça. Não me seduz o poder. Por enquanto prefiro denunciar as mazelas de minha terra como posso, neste blog modesto mas honesto. abraços e tudo de bom pra você também.