Dante e Virgílio depois de me deixarem na entrada do Brinco de Ouro, antes de Guarani e Atlético pelo inferno da segundona |
Quando Dante estava entrando pela primeira vez na porta do
inferno – ele tem uma baita experiência nisso, convenhamos - viu uma placa que
dizia: “Vocês que estão entrando, deixem aqui toda esperança”. Esta é a tradução
da frase que dá o título da crônica. Pois bem, é toda a verdade. Ao entrar no
Inferno, deixe de fora a esperança.
Acabo de voltar do estádio Brinco de Ouro, onde fui ver a
derrota do Rubro-negro para o Guarani. Coisa de arrepiar. O time está medonho,
mesmo. Um ou outro se salvam, os demais não servem nem pra gandula. Perder pro
time do Guarani, de virada, é um feito que se consegue com muito esforço. Eles estão numa naba muito pior que a nossa, e
tem um time muito ruim. Mas a "squadra rossonera" se supera em ruindade.
Tivemos um primeiro tempo horrível. Não teve nenhum chute a
gol de lado a lado. O nosso meio de campo não conseguia trocar três passes
certos. Pra complicar, quase no fim do primeiro tempo uma outra torcida
organizada, decobri depois que eram os Ultras, tentaram entrar no canto do estádio
em que estávamos alojados. Deu briga, correria, veio policia, o escambau (veja aqui).
Nem vi o fim do primeiro tempo. Só dava os gorilas se
enfrentando, com aquelas caras de neonazistas – carinhas musculosos, tatuados,
cabelo raspado e óculos escuro. A única coisa decente eram as cores que
vestiam, o manto sagrado rubro-negro, aquele que só se veste por amor. Me deu
uma vergonha de ser atleticano ver o triste espetáculo de duas torcidas do
mesmo time brigando ali na nossa frente. O jogo rolando, e só se via gente correndo e policia vindo.
Um cara do meu lado, comentando o episódio, me disse: “que
vergonha ser paranaense, vir pra cá e ver essa vergonheira toda”. Concordei com
ele. Expulsos os Ultras, os neonazistas da fanáticos continuaram a cantar aquelas musicas
bobas deles. Ele só sabem cantar aquelas coisa idiotas contra os coxas e o
paraná, mas que Paraná, meu Deus!! o jogo é em São Paulo, contra o Bugre!! Acorda! Torcida medíocre, briguenta, descerebrada!
No segundo tempo, o time até que tentou acordar. Um cruzamento na
grande área e Harrison (quem?) de cabeça completou pro fundo das redes. E poderíamos
ter feito mais e resolvido o jogo, mas não. Não!! Deixem aqui toda a esperança.
O Guarani, que não conseguia nada, foi aproveitando os erros e fazendo. Um, dois.
Vira-vira.
Enquanto isso, um grande clarão se abriu no meio da torcida entre
a tal organizada que se diz fanática e os demais torcedores. Ninguém mais
sentiu tesão de acompanhar as cantorias daqueles boçais. Um completo divórcio. Triste,
triste. Lá no campo, o time batendo cabeça, querendo perder de três ou quatro. E
pronto, ressuscitamos o Guarani na segundona.
Quando Dante viu a tal mensagem na Porta do Inferno, ficou apavorado. Mas Virgílio,
ao seu lado, o confortou, dizendo que ao entrar no Inferno era preciso deixar
todo o temor, vil ou prudente, pois toda fraqueza ali deve estar morta. “Chegamos ao lugar da indigna gente que o bem
supremo da razão perdeu”, disse a Dante o grande Virgilio.
Ao final do jogo, isso ficou bem evidente. Um time ruim, com
uma torcida pior, não pode esperar o Paraíso, sequer o purgatório. Um outro
torcedor que se juntou ali onde estávamos, longe das bestas neonazistas, disse
que tinha gente torcendo pro time não subir este ano, pois do jeito que estava
perigava subir e cair de novo. Tem louco pra tudo.
A jornada ainda é longa neste inferno. E a lição de casa de hoje é
que o inferno não são os outros: pode estar no meio de nós.
P.S. – as citações são da Divina Comédia, Inferno, Canto III,
pra quem quiser conferir.
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