sábado, 25 de janeiro de 2020

A MARCHA DOS ESCOTEIROS 44: O HAT-TRICK DE CANARIO


Campo de futebol em Pouso Seco (RJ): foi aqui o hat trick de Canario? 


(Estamos no mês de janeiro de 1942. Enquanto o mundo está em Guerra e o Brasil segue sob a Ditadura do Estado Novo, cinco escoteiros de Antonina (PR), entre 15 e 18 anos, estão numa marcha a pé rumo ao Rio de Janeiro para entregar uma mensagem para Getúlio Vargas. No episódio de hoje, 25 de janeiro de 1942, Beto, Milton, Lydio, Antônio (Canário) e Manoel (Manduca) estão saindo de Bananal, em São Paulo e entrando no estado do Rio de Janeiro.)


Quando cinco escoteiros de Antonina acordaram, no Hotel Bandeirante, em Bananal, o sol havia nascido há muito tempo. Os dias de verão eram muito longos, e o sol nascia as 5 e meia da manhã e se punha a sete e meia da noite. Naquele dia 25 de janeiro, os cinco foram chamados pelo garçom do hotel para tomar café as 7 horas da manhã. 

A mesa era farta: café, leite, toddy, vitaminas, pães, queijos, presunto, bolachas e frutas da região. Os rapazes se abasteceram a farta, e levaram mais algumas coisas para fazer uma boquinha mais adiante. No entanto, educados que eram, deixaram uma cata de agradecimento ao prefeito municipal, que havia arrumado esta boquinha pra eles. 

Manduca, Canário Milton e Lydio, liderados por Chefe Beto, partiram as 8 e meia, sabendo que dali a pouco estriam cruzando a divisa do o estado de Rio de janeiro. À frente dos rapazes estava o Sertão do rio Vermelho. Era como se fosse um deserto nomeio daquelas serras, onde chovia muito pouco. Ali onde estávamos, por exemplo, se alguém ateasse fogo na mata seca, o incêndio seria inevitável. O risco para a fauna e flora do local, portanto, seria incalculável. 

Ao meio dia, os rapazes seguiram para Pouso Seco (segundo Lydio, “o nome já diz tudo”). Uma hora depois, na estrada, a fome e a sede estavam matando os rapazes. Lydio diz que o chefe Beto estava com um olhar sádico, e parecia delirar com o sofrimento da tropa. “Por que ele faz isso?”, perguntou-se Lydio. 

Foi quando eles acharam um canavial na beira es estrada. Foi a salvação. Os rapazes se atiraram nas canas, que lhes forneceu açucares tão necessários para seguir viagem, disputaram com os sanhaços diversos mamões de um mamoeiro no meio dos canaviais. Mas a maior parte dos mamões estava boa e adocicada. Nesta até chefe Beto participou!!

Por fim, chegaram a Pouso Seco. Desta vez foi Chefe Beto quem atrasou a marcha. Eles ficaram esperando por ele para entrar na vila. 

Quando chegaram, viram que o tempo estava pra chuva, e decidiram ficar por ali. Já estavam pra lá de escaldados com estas chuvas de verão no meio do campo. Um guarda fiscal, no entanto, olhou para o céu e disse que não chovia. E não é que ele acertou? Entretanto, os rapazes não iam ficar parados, descansando. 

Os rapazes da vila os desafiaram para um jogo de futebol suíço. A única exigência que fizemos foi todo mundo jogar descalço. E não deu outra: mais um show de Canário. O jogo terminou 10 a 5 para os visitantes, com cinco de Canário. 

O grupo havia se consagrado ali naquelas serras. Quando o jogo acabou a rapaziada da vila veio cumprimentar o time. “Imagine se estivessem descansados”, disseram eles. Depois de conversar com a turma, os rapazes foram tomar banho no Posto Fiscal. Ali, tomaram um banho rapidinho, pois lá a água é realmente escassa. O único poço que em por ali só produz água para limpeza caseira e banho pessoal. 

Depois de dar um banho no futebol e tomar um banho no posto, os rapazes jantaram e foram dormir. O final da viagem estava próximo.

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