terça-feira, 21 de janeiro de 2020

A MARCHA DOS ESCOTEIROS 40: CHEGADA TRIUNFAL EM SILVEIRAS!


Vista aérea da cidade de Silveiras, que recebeu os escoteiros com festa em Janeiro de 1940

(Estamos no mês de janeiro de 1942. Enquanto o mundo está em Guerra e o Brasil segue sob a Ditadura do Estado Novo, cinco escoteiros de Antonina (PR), entre 15 e 18 anos, estão numa marcha a pé rumo ao Rio de Janeiro para entregar uma mensagem para Getúlio Vargas. No episódio de hoje, 21 de janeiro de 1942, Beto, Milton, Lydio, Antônio (Canário) e Manoel (Manduca) estão saindo de Cachoeira e chegando a Silveiras.)

As seis da manhã, os cinco rapazes foram despertando um a um. O último, claro era Lydio, o dorminhoco do grupo. Aquele dia ele teve mais preguiça que o normal de levantar-se. Havia tido um sonho bom. Sonhou com os seus. Sonhou com sua namorada Tivica, com sua mãe Nathalia, mais seu padrasto e sua irmã Lenir, que era bebezinha. Acordou apaziguado, pronto para seguir viagem. 

O delegado de Cachoeira pagou para os rapazes o café da manhã, num bar de esquina perto da delegacia. O delegado contou para Chefe Beto, Milton, Manduca, Canário e Lydio, que a delegacia estava havia mais de 6 meses desocupada, pois não haviam presos ou ocorrências na comarca. Ali, fazia mais de cinco anos que não havia mais crimes, roubos e outras infrações. 

As sete da manhã, os rapazes partiram de Cachoeira com destino a Silveiras, distante 21 quilômetros. O cenário era mais ou menos o mesmo dos dias anteriores. Uma grande planície, com serras azuis ao fundo. Atravessavam na região grande áreas com chácaras de criação de aves e plantações de cítricos. 

As onze horas chegaram em Jataí, onde pararam para o almoço. Manduca preparou peixinhos secos refogados com farinha de milho e gordura. A sobremesa, que todos apreciaram, foi café com leite. 

Ao partir, os rapazes continuavam a caminhada ainda muito chata, com estradas retas e mais estradas retas a frente. Ônibus e caminhões passavam por eles a todo momento. Andarilhos também cruzavam frequentemente o caminho dos rapazes. 

Eles acabavam por se distrair olhando tudo ao redor. Olhavam as arvores, as pedras coloridas. Viam se a terra era marrom ou cor de prata. Às vezes, os barrancos eram arenosos, com cor branca característica. Pássaros multicoloridos sempre eram avistados, sozinhos ou em bandos. O caminho ia se fazendo com os olhos. 

Em alguns trechos os rapazes procuravam atalhos, cortando a rodovia principal. Em certos atalhos conseguiam cortar até 2 quilômetros frente a rodovia principal. 

Em Silveira, os rapazes foram recebidos com festa. Houve estouro de fogos e gente na rua para saudá-los. Na velha e centenária cidade, construída nos tempos do café, a esperança ressurgia com a construção da nova rodovia, ligando são Paulo à Capital Federal. Lydio notou as casas bem pintadas, reflexo do zelo de seus habitantes. 

O prefeito Municipal, que era também o dono da farmácia, resolveu hospedá-los no Hotel Cintra, no centro da cidade. Ali, a roupa dos rapazes foi lavada e passada a ferro, e alguns copos de vinho fizeram bem pelo restabelecimento dos escoteiros. 

O jantar foi um banquete. Lydio anotou arroz de forno, macarronada, frango assado e recheado e filé mignon. Tudo acompanhado com frutas e verduras. Tantas foi que, de noite no hotel, os rapazes só quiseram ver o sono dos justos.

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