(a Paleontologia Imaginária é um ramo da Paleontologia que trata de animais incertos; é um ramo do conhecimento que faz fronteiras com a paleontologia, a geografia, a física molecular, a psicologia e com Morretes (PR). Como membro da Sociedade Brasileira de Paleontologia Imaginária (SBPI) e colaborador da South American Review of Imaginary Paleontology, periódico classe A1 da CAPES, venho através deste blog fazer a divulgação científica da Palentologia Imaginária para o publico interessado em ciências)
O homo inabilis foi uma das espécies de hominídeos mais estranhas que
surgiram nas savanas africanas durante o Plio-Pleistoceno. Tinham um cérebro
altamente desenvolvido, e parecia-se com os homo
erectus mais evoluídos. Mas os homo inabilis
se constituíram numa verdadeira catástrofe em termos ecológicos. Eram muito
distraídos e provocavam confusões muito grandes entre os primatas de sua era. Bandos
de caçadores compostos por homo inabilis
estragaram muitas caçadas de outras espécies de hominídeos, em geral porque
faziam barulho fora de hora, atravessavam o meio da tocaia, ou atraiam
acidentalmente bandos de tigres de dentes de sabre para o interior de
agrupamentos de hominídeos desprotegidos. Julga-se que muitas espécies de hominídeos
foram acidentalmente extintas quando, durante as caçadas, os homo inabilis
perdiam o controle sobre as manadas de elefantes que tentavam capturar.
O antropólogo Osborne Leakey,
primo do famoso descobridor dos pitecantropus
e australopithecus, sir Richard
Leakey, foi o principal estudioso dos homo
inabilis. Em seu trabalho mais importante (O. Leakey, 1958), com o
surgimento dos homo inabilis, muitas
espécimes de primatas acabaram se extinguindo. Evidências antropológicas encontradas
em camadas do plioceno africano descobertas por Leakey (op. cit.), registram a
extinção de espécimes e grandes incêndios florestais em todo o leste africano.
Os indícios levantados por Osborne Leakey
parecem indicar que foram os homo
inabilis os primeiros hominídeos a domesticarem o fogo. Isto quando pararam
de se queimar e de provocar devastadores incêndios pelas savanas, que acabavam
com ecossistemas inteiros. Estima-se que, isoladamente, os homo inabilis foram de longe a espécie que mais alterou os
ecossistemas pleistocênicos, de uma maneira até então nunca antes vista.
Em geral, os homo inabilis tinham boas idéias, mas nunca eles as colocavam
completamente em
prática. Quando colocavam, era de forma tosca e imperfeita,
logo dirigindo seus esforços para outras atividades e deixando aquelas idéias
de lado. E assim por diante. Aperfeiçoaram o fabrico de utensílios, com novas
técnicas de lascamento de pedras e outros artefatos líticos. Os espécimes que
se dedicavam a estas tarefas sempre apresentavam escoriações advindas do
trabalho de fabricação: dedos quebrados ou mutilados, pés cortados. Não foi por
acaso que são invenção dos homo inabilis
os primeiros - e toscos - curativos até hoje encontrados (Leakey, op.cit).
Ainda segundo o monumental
tratado de Osborne Leakey, infelizmente desaparecido e somente encontrado em
fragmentos preservados pelo fogo, pode-se supor que os homo inabilis acompanharam os homo
sapiens na sua peregrinação rumo a Europa e Ásia.
A grande
questão que se coloca (Pereira & Schroeder, 1988, atas do congresso de
Paleontologia Imaginária de Vina del Mar) é se os homo inabilis se extinguiram completamente ou se ainda se
encontram, isoladamente, entre os grupos atuais de homo sapiens. O próprio Osborne Leakey nunca conseguiu responder de
maneira definitiva essa questão. Socorro!!
Muito bom, Jeff, como sempre!
ResponderExcluirobrigado, Edson
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