Depois da chuva, secar as asas...(foto Eduardo Nascimento) |
Passei o ultimo dia 11 de março trabalhando e pensativo. No céu,
nuvens negras estavam carregando e trazendo a chuva benfazeja que tanto
esperamos para nossos minguados reservatórios. Os meses de seca serão muito
ruins este ano, mais que nos anos passados. No final do dia a chuva veio forte,
chuva de verão, a inundar meu quintal e desentupir as calhas aqui de casa.
Comecei a pensar num outro 11 de março com chuva, o de 2011,
aí na minha querida Deitada-a-beira-do-mar. Tentei pensar na crônica que escreveria
sobre o assunto, que me toca tão de perto. Mas as frases não vieram, o assunto
não deu liga, e eu fiquei pensando o porquê.
Na verdade eu queria escrever era sobre outra data, o 14 de
março de 2011, que foi o dia em que cheguei à cidade para ajudar nos trabalhos
dos deslizamentos. O que vi era uma cidade de joelhos, mas as pessoas estavam
mais participativas, solidárias, como só a tragédia sabe fazer. Estavam ali os mutirões de
gente pra ordenar material a ser distribuído a quem estava desabrigado, as
pessoas abrigadas em casas de parentes, os funcionários da prefeitura subindo e
descendo fazendo coisas, Canduca e seu secretariado no quartel dos bombeiros
discutindo o que fazer (e fazendo). As ruas eram um formigueiro de gente atarefada e, porque não dizer, feliz. Lembro que fiquei tão animado que falei isso
pra Canduca e pro Cel. Cicinho: era uma oportunidade de Antonina se reinventar.
Escrevi isso aqui no Bacucu com Farinha (aqui).
Por mais que tudo estivesse literalmente caindo, era melhor
que o ânimo de hoje. Quando estive recentemente na cidade, o papo era o mesmo: “Jeffe, Antonina não tem jeito”. “A roubalheira tá demais, seu!”. “Também, com esse prefeitinho...”.
Ontem, Eduardo publicou no seu blog um post bem pessimista, “Reage Antonina” (aqui), no qual mostra o
desânimo com a administração (?) da cidade. Com todo respeito, meu caro
Eduardo, acho que, pela sua saúde e a de todos, é preciso mudar o foco.
Não que não seja preciso combater os maus governantes. É
preciso denunciar o Triste João, o Vazio João (veja aqui), o tal que tem até biografia
na Wikipédia (veja aqui), mas ao qual falta estofo e integridade para ocupar o
cargo que ocupa. A Administração de João D’Homero tem que ser combatida, e isto
apesar da Câmara fraca que temos (com as honoráveis exceções que tanto conhecemos). É perfeitamente explicável o desânimo que toma conta das pessoas. (Aliás, cabe a pergunta: onde
está a tal Comissão Processante?).
Mas Antonina é sempre Antonina. A Antonina do mar, da arte e
do amor é muito maior que um prefeito vazio de ideias e cheio de ambições
pessoais. Não é porque o prefeito é um narciso que acha feio o que não é
espelho e que aparelhou a prefeitura em busca de ganhos fáceis que as pessoas vão
desistir. A cidade fica, os prefeitos passam, como tantos já passaram...
Talvez seja preciso mudar o foco. Meu querido amigo
Orlandinho Bittencourt me dizia sobre isso na ultima vez que estive aí na
terrinha, logo depois do carnaval: Antonina precisa (as pessoas precisam) ter
uma visão menos institucional e de mais cidadania. Concordo com ele. Associações,
como a do Turismo e a Associação Comercial, associações de bairros e outras
podem ser uma saída contra o desalento. Eventos sem ajuda oficial, como o
Jequiti Cultural, são prova disso. Morretes é prova disso.
Antonina é uma cidade cheia de gente que adora trabalho
voluntário, que adora causas coletivas, que adora ajudar. Por que não usar isso
a favor? A reação talvez seja por aí. Não adianta nada ficar falando pelas
ruas, como se isso colocasse neurônios na cabeça de quem não os tem (ou tem só
pra ostentar). É preciso recuperar a cidadania no seu mais alto grau. Como? Não
tenho receita magica, nem ninguém tem. Mas o coletivo que quer realmente mudar
tem mais força, pois o produto da energia de todos é maior que a soma das partes.
Povo unido não precisa de governo. Taí, falei! São Bakunim,
rogai por nós!!
(contraponto pessimista ao meu anarquismo fora de hora: enquanto
isso, o Vereador Luís Polaco, lá na
Ponta do Felix, olha as nuvens se formando por sobre o morro do Feiticeiro e ri
sozinho, olhando pela janela )
O meio faz o homem...deve ser do Mcluhan. Mas voltei a viver aqui há dez anos e reconheço que perdi o foco - até na fotografia. E a redundância insiste me acompanhar. Já pensei seriamente em mudar de ares...e até insisto da vezes a achar um novo ponto de referência sobre o mesmo plano. Fico sozinho! Abraço, e grato pela citação.
ResponderExcluirNão manche o seu blog com o nome desse "mago sinistro" ao final.......
ResponderExcluir"mago sinistro"? ele não pode ser nomeado? será o Voldemort?
Excluiras pitonisas da praia estão dizendo que "ele" vai ser o novo prefeito....... isso não estaria escrito nas fendas do inferno????
ResponderExcluirVoldemort pra prefeito? de Antonina? avacalharam Hogwarths...
ExcluirVamos trocar em miúdos, para que todos entendam:- Há um impronunciável nome no frontispício da resenha acima... é... é.... ele, a "cria" mais aperfeiçoada da política antoninense, destinado a aprofundar a tonalidade cinza da plangente crônica estampada por quem, momentaneamente, perdeu as esperanças por dias melhores....!!!! Meu caro Amigo, creia em dias mais risonhos para nossa "Deitada à beira mar"!!! Milagres acontecem..... Quem sabe, haja algum capricho da história a carrear nossa "estimada morena" para eitos macios e confortáveis, sustentados pelo suspiro e sorriso de felicidade de todo o seu (agora) sofrido povo.....Um dia, o império do mal será vencido e pessoas idealistas e conciliatórias como Você irão governar a nossa terra.........
ExcluirMeu caro: não acredito nesse "conto de fadas" de pessoas do bem e pessoas do mal; há interesses, confessáveis e outros, que só se contam nos desvãos dos becos. Os meus eu até que confesso, entre os quais não está o de "governar" a Deitada-a-beira-do-mar. Já tenho coisas demais a resolver nessa minha passagem sob o Sol...
ExcluirAí (lá?) já tem gente competente e com interesses de governar para todos...o que precisa é as pessoas ocuparem os espaços do público para que estes não sejam tragados pelos interesses do privado...é isso o que quis dizer. E não se enganem com pessoas de bem. Delas também estão cheias as terras do bode preto, do que-não-tem-sombra, do capiroto.
Mas existe um fato: que tem gente pairando sobre a politica da terrinha lá isso tem...e todos temem dizer o nome...
Os últimos acontecimentos fizeram com que a amargura tomasse conta até daquelas pessoas mais lúcidas. Isso é sintomático.... nossa 'deitada à beira mar' corre o risco de se tornar a morena tombada a se afundar no mangue e' a jazer sem mais esperanças, invadida pelos demiurgos da noite mais sombria de sextas feiras trovejantes e penumbrosas dos dias treze...........
ExcluirSempre achei que Você visse em Antonina outra passárgada mais real e menos antológica, mas ainda assim, passárgada.... Desculpe, menganei...
ExcluirMeu caro, Pasargada é uma Utopia, um lugar alem...nossa Deitada-a-beira-do-mar é real, com problemas reais...acho que um pouco é como está no texto, Antonina é um copo meio cheio meio vazio...tem coisas maravilhosas e outras nem tanto, como por exemplo a Administração publica, principalmente este atual chefe do executivo...
ExcluirPor outro lado tem um potencial de coisas (e pessoas) que poucos lugares neste planeta tem.
O "Mago sinistro" tem lá seus planos, mas ele não pode tudo...a cidade e os cidadãos são maiores que ele, maiores que seus planos (sinistros?)
É tudo uma questão de tirar os nós e fazer a engrenagem funcionar...potencial tem