domingo, 25 de dezembro de 2011

CONVERSAS COM GUSANO (3): APRENDER COM A VIDA


Meu amigo gusano, Cantando Cucurrucucú Paloma num momento de profunda descontração

Estava estes dias conversando com meu amigo Gusano, o verme certo das horas incertas, meu querido e engarrafado amigo mexicano, sobre as coisas que sempre conversamos: a essência da vida, o ministério da Dilma, as possibilidades do rubronegro nas profundezas da segunda divisão e a existência de Papai Noel.
Segundo dizia Gusano, a vida é um contínuo aprendizado. “Como assim?”, perguntei eu. “A gente só pára de aprender quando está morto”, disse ele num tom filosófico e profundo.  “Ou quase morto”, me disse Gusano com um certo sorriso de ironia que só os vermes são capazes. Ficamos ainda um tempo revendo estes conceitos, ao som da chuva torrencial que caía lá fora, entupindo as calhas com as folhas de um grande eucalipto que tem no outro lado da minha rua.
Quando acordei, fiquei pensando se estou mesmo aprendendo coisas novas, e imaginei uma lista de coisas importantes que aprendi ao longo de 2011:
1)      É preciso juntar muito leite no purê de batata para que os escondidinhos fiquem mais fluidos e o recheio fique mais saboroso;
2)      Os povos árabes estão de saco cheio destes pulhas que ficam se revezando no poder durante os últimos anos, desde a segunda guerra mundial. As revoltas árabes são um momento de re-organização dos estados nacionais árabes – entidades ainda um tanto jovens e imaturas. Felizmente para eles, nesta reorganização não há espaço para pulhas como Gadaffi ou Mubarak.
3)      Solos rasos derivados de rochas graníticas, quando empapados por uma longa temporada chuvosa, podem dar origem a escorregamentos rotacionais e corridas de detritos, como as que tivemos em tantos lugares do sul-sudeste do Brasil em 2011, e em Antonina em particular.
4)      A palavra chapolin, no idioma nahuatl, a língua dos Astecas, significa gafanhoto. Logo, Chapolin Colorado significa Gafanhoto Vermelho, o que explica aquelas antenas gigantes do nosso super-herói favorito.
5)      Você pode ser campeão do mundo de futebol se você praticar rodinha de bobo quase até a perfeição, somado com duas ou três tabelinhas e chutes a gol. Arrecuar os arfes ou escalar dez volantes pescoçudos e um goleiro servem pra se defender do Barça.
De resto, continuo sem entender nada de nada do mundo e das coisas.
Por exemplo, sobre o mercado financeiro. Como é que pode os caras ficar fazendo mágicas com dinheiro dos outros? Qual seria o tamanho dos tais dos mercados, que dia sim dia não engolem grandes empréstimos da união européia e ainda continuam pedindo mais? Como assim, um dia de pânico nos mercados? Aqui fez um dia bom, calor, chuva no fim do dia, ventos fracos a moderados, visibilidade boa.
Mulheres: tenho esposa, mãe, sogra, irmãs, tias, primas, amigas, colegas, uma filha, mas ainda sou um bebezinho tentando entender o que elas querem. Tenho que ser romântico, selvagem, sensível, provedor, uma mistura de brucutu com Fred Astaire. Como assim? Gusano, ali dentro da garrafa de mezcal, sorri com desdém. Existem respostas, mas esses seres de outro planeta que sabem descrever uma pessoa com um segundo de olhada, de lembrar tintin por tintin o que você falou pra elas anteontem, que são capazes de ficar uma hora se pintando, de arear panela, de fazer salmão com brócolis?
Enfim, caro amigo Gusano, algumas coisas são fáceis de aprender, e aprendemos depressa. Outras, como as acima mencionadas, levam mais tempo. O que acho que nunca vou ser capaz de aprender enquanto estiver deste lado da vida, é aprender a conviver com perdas, principalmente com a perda de pessoas queridas. Sou muito egoísta, confesso. É difícil saber-se no mundo sem pessoas como Dona Laura, a doce dona Laura, uma das mais belas e otimistas pessoas que jamais conheci. Como aprender a viver num mundo sem ela? Gusano, ali mergulhado na garrafa de mezcal, finge que não é com ele. Esse Gusano! Finge que tem as respostas e depois se esconde. Ainda tem muito que aprender, este verme! 

3 comentários:

  1. O bate papo com gusano está lhe deixando cada dia melhor na produção de textos.
    Um abraço!
    Jefferson Fonseca

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  2. Dormindo, passei a sonhar que, em 2011, aprendi que solos rasos derivados de rochas graníticas, quando empapados de leite após longa temporada chuvosa, podem ficar muito mais fluidos e dar origem a escorregamentos rotacionais e corridas de detritos, especialmente dos pulhas que ficam sempre muito bem escondidinhos, se revezando na prática da rodinha de fazer o povo de bobo>
    Mais ainda, e melhor, não adianta arrecuar os arfe porque as possibilidades rubro-negras nas profundezas da segunda divisão são tão consistentes quanto a existência de Papai Noel.
    Prezado Jeff, receba um grande e apertado abraço e que, em 2012, pelo menos tenhamos um gusano sempre por perto.

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  3. só tenho a agradecer a ambos, ao meus caros Jeff Fonseca e Cequinel pelo carinho de suas palavras. um forte e apertado abraço e um bom 2012 para ambos (meu e de gusano, evidentemente!)

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