terça-feira, 22 de janeiro de 2019

NEGACIONISTUS


Arte: Julian Fagotti
(Para Leda Gitahi)

Não há como negar: um dos gêneros mais comuns e importantes do período entre o Devoniano e o Cretáceo foram os anfíbios do gênero negacionistus. Estudos recentes da Paleontologia Imaginária jogam luz sobre alguns aspectos até então pouco esclarecidos do negacionistus e apontam novas causas para seu surgimento e posterior extinção (Souza & Brown, Imaginary Paleontology Review, 2019).


Segundo o trabalho citado, existiriam diversas espécies de negacionistus, cada uma adaptada ao seu paleo-ambiente. Uma das espécies mais antigas é o negacionistus holocausticus, que data do Devoniano inferior (S. Wiesenthal, Atas do Congresso de Paleontologia Imaginaria de Tell Aviv, 1959). Segundo Wiesenthal, o n. holocausticus tinha olhos grandes, mas provavelmente tinha dificuldades de enxergar. O que em certa medida explica o seu desaparecimento, ao final do Permiano.


Da mesma forma que o negacionsitus holocausticus, o negacionustus climaticus foi outra espécie importante no registro paleontológico imaginário. Seu maior período de difusão parece ter se dado entre o Jurássico e o Cretáceo, tendo desaparecido ao final deste ultimo período. Não há evidências de n. climaticus acima do limite Cretáceo/Terciário, o limite K-T (Anais do Congresso de Paleontologia Imaginária de Honololu, 1959).


Ao que tudo indica, o n. climaticus tinha olhos bastante desenvolvidos, mas não conseguia enxergar com clareza (Lindzen & Ferry, Imaginary Paleontological Review, 2009). Também não eram muito bons em estatística, e não entendiam cálculos matemáticos e modelos climáticos complexos, o que pode, segundo alguns, ter levado a sua extinção ou reprovação em massa (Koch & Koch, Atas do Congresso de Paleontologia Imaginaria da Filadélfia, 2005). Como quase todos os anfíbios, o n. climaticus também tinha uma língua retrátil longa, ferina e pegajosa. Seus alvos preferenciais, de quem se alimentava, eram insetos do gênero incautus sp (Exxonmobil, Secret Report, 2005).  


Um dos trabalhos mais interessantes para se entender o gênero negacionistus com certeza foi o de Sigmund Freud. Antes de se tornar o pai da psicanálise, o jovem Sigmund dedicou-se à paleontologia, e fazia trabalhos de campo em diversos sítios fossilíferos imaginários ao redor de Viena. Suas descobertas mais importantes resultaram num trabalho publicado nos Anais do Congresso Paleontológico Imaginário de Viena, 1890. Neste texto recentemente redescoberto, Freud percebeu que os negacionistus, apesar de bem equipados para a sobrevivência ao ambiente hostil do cretáceo, escolhiam negar a realidade como forma de escapar de verdades desconfortáveis. Ao fazê-lo, segundo Freud (op. cit.), as espécies de negacionistus acabavam por aceitar fatos alternativos e hipóteses de difícil comprovação empírica.


Existem alguns trabalhos que fazem uma relação entre o negacionistus climaticus e outras espécies, como o terraplanistus sp, o fascistus sp e o criacionistus sp (Trump, 2016; Bolsonaro et al., 2019). No entanto, embora similares, estudos recentes comprovam ser espécies distintas, porem adaptadas ao mesmo meio ambiente. Existe mesmo a hipótese de algumas destas espécies serem extraterrestres, com indicações de derivação lunática (Damares Alves, comunicação pessoal, 2019; D. Bertrand de Orleans e Bragança, 2018, Anais do congresso de Paleontologia Imaginaria de Petrópolis).


Um animal estranho e monstruosos num tempo estranho, como foi o Mesozoico, o negacionistus climaticus, apesar de suas vantagens competitivas, teria sido extinto junto com os grandes dinossauros. Uma teoria muito aceita no passado diz inclusive que os n. climaticus negaram a possibilidade de choque de meteoros com a Terra no final do Cretaceo (Suguio, Imaginary Paleontology Review, 2012).


No entanto, alguns dados recentes mostram que eles se extinguiram um pouco antes, no Cretáceo médio (Heartland Institute, Special Report, 2010). Segundo a teoria mais aceita atualmente, com a deposição de evidências cada vez mais esmagadoras, os n. climaticus foram soterrados por toneladas destas mesmas evidências que eles negavam, e acabaram se extinguindo (IPCC, 2006). Nem precisou de meteoro. 


(a Paleontologia Imaginária é um ramo da Paleontologia que trata de animais incertos; é um ramo do conhecimento que faz fronteiras com a paleontologia, a geografia, a física molecular, a psicologia e com Morretes (PR). Como membro da Sociedade Brasileira de Paleontologia Imaginária (SBPI) e colaborador da South American Review of Imaginary Paleontology, periódico classe A1 da CAPES, venho através deste blog fazer a divulgação científica da Palentologia Imaginária para o publico interessado em ciências)

Um comentário:

  1. E a saga dos escoteiros antoninenses continua. Tenho acompanhado, mas o Parkinson, às vezes, me impossibilita de digitar. Abraço!

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