domingo, 16 de julho de 2017

A MARIA ANTONIETA DAS ARAUCARIAS



Nem assaz alhures e antanho
era um evento tamanho
a sagração nupcial”
Edu Lobo e Chico Buarque,
O Grande Circo Místico

Não houve assunto na “Capital Ecológica” que não fosse o grande espetáculo que foi o casamento de Maria Victoria Borguetti Barros. A Maria Antonieta das araucárias. A moça, herdeira presuntiva (?) do clã dos Barros, queria se casar. E então a princesa escolheu (sonho de noiva!) a Igreja do Rosário, bem no centro de Curitiba. Para a Festa de suas bodas, a jovem deputada pelo PP escolheu, naturalmente, a Sociedade Garibaldi, que fica logo ali, logo ali do ladinho, como diríamos em Antonina. E deu no que deu.
As coisas não cheiravam bem desde a semana passada, quando foi mostrada pela imprensa a bizarra estrutura da festa no Palácio Garibaldi.  Tudo indicava que um grande evento sem-noção estava para acontecer. A ocupação de bens tombados, a ostentação da Festa de Maria Victoria, os preparativos na Igreja do Rosário, tudo indicava um cenário perfeito para uma manifestação.
Segundo o Blog do Esmael, a ovação foi pensada dentro do próprio palácio do governo estadual. Certamente por pessoas contrárias à pré-candidatura de Cida Borguetti, a mãe da noiva, ao governo do estado.  A própria direita xucra do MBL não via com bons olhos a ostentação, embora apoiem Temer e outros canalhas, como Beto Richa. Foram, entretanto, os movimentos de esquerda que foram à frente da Igreja distribuir ovos e enfrentar a polícia. Ponto pra nós.   
As cenas de confronto e as ovações foram amplamente divulgadas pelas redes, não é preciso repeti-las aqui. Outros já falaram da ostentação, do momento, da falta de sensibilidade (ver aqui). O que me incomoda é outra coisa.
copiei daqui
Quando esteve na Província do Paraná, em 1880, D. Pedro II soube, por um político local, que o Dr Jesuíno Marcondes (1927-1903) estava fazendo falcatruas com compra e vendas de terras, fraudando o Tesouro Imperial. O imperador ficou furioso, e anotou em seu diário: “outra vez! ”. Nada aconteceu. Jesuíno Marcondes foi por diversas vezes Presidente da Província. Era inclusive o presidente em exercício quando veio a República, que o fez exilar-se belamente em Genebra, onde morreu.
Silvio Barros, o pai de Maria Victoria e Ministro Golpista da Saúde, deu declarações à imprensa dizendo que “tudo ocorreu como deveria” (ver aqui). A própria noiva teria dito aos jornais que isso era o “preço da democracia”. Ou seja, eles tinham plena certeza do confronto e o programaram, como se fosse uma propaganda política. Eles vão ficar expostos, todo mundo vai falar deles, a casamento vai virar “trend topic” nas redes e tudo bem. Eles saem ganhando com a exposição.
É este o cerne da questão. Enquanto os políticos da “Revolução Corrupta” estão ocupando espaços e alterando radicalmente as leis e a política, o que fazemos? Quais as metas? Estamos nas cordas, tentando defender Lula, tentando defender o PT. Mas, o que nós dizemos para a população que está perdendo seus direitos e está vendo essa barafunda toda?

De que adianta falar do simbólico, dizer que a igreja do Rosário era uma igreja da “irmandade dos homens pretos”? Maria Victoria quer se casar lá porque a igreja é bonitinha. Se tiver problemas de condução, ela pega um camburão. Se não der pra ir, ela chama a polícia. Pior, a polícia vai quando ela chama!
O poder no Paraná (e no Brasil, por suposto) está nas mãos desta canalha. Uma canalha que dorme bem de noite.

Quem precisa de desprincesamento somos nós.


4 comentários:

  1. Contratar-te-ei para escrever meu livro. E tenho dito.

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    1. Com essa sua prosa ao mesmo tempo direta e escorreita, você não precisa de ghosts, meu caro!
      Mas caso isso aconteça, vou avisando que cobro por mesóclise!!

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