Henrique Lage (1881-1941) e sua esposa, a cantora lírica italiana Gabriella Besanzoni (1888-1962) |
Há exatos 74 anos atrás, falecia no Rio de Janeiro o
empresário Henrique Lage. E nós, bagrinhos, o que temos com isso?
Nascido no Rio Henrique Lage foi um dos grandes capitães de indústria
do Brasil no inicio do século XX. Nascido no Rio em 14 de março de 1881, era filho mais velho do comendador Antônio
Lage, importante empresário e dono de diversos negócios nas áreas de carvão,
estivas e pequenas embarcações, além de um estaleiro para consertos navais. Com
o advento da Republica diversas empresas de navegação estrangeiras foram
nacionalizadas. Comprando o acervo da Norton- Megaw & Co, Antônio Lage
fundou, em parceria com Luiz Augusto Ferreira de Almeida, a Companhia Nacional de
Navegação Costeira, que foi durante muito tempo a principal empresa de
navegação do país.
A Costeira, como era conhecida, ficou famosa por seus
navios, os quais começavam todos com o nome Ita. A marca ficou tão importante
que ITA passou a quase ser sinônimo de navio. Quem não se lembra do grande
sucesso de Dorival Caymmi nos anos 40/50, “peguei
um Ita no norte”?
Henrique Lage formou-se em engenharia Naval nos Estados
Unidos, em 1909. Juntamente com seus irmãos, sucedendo o pai na direção da Lage
e irmãos – que ficou conhecida como o Império Lage – Henrique Lage foi um empresário
incrivelmente dinâmico. Aproveitou a onda de substituição de importações
durante a 1ª Guerra Mundial e ganhou muito dinheiro vendendo navios, que
fabricava no seu estaleiro na ilha do Vianna, em Niterói, e carvão, com o porto
de Imbituba, em Santa Catarina. Também fundou a primeira refinaria de sal
brasileira, que consagrou a marca "sal Ita". Foi também pioneiro da indústria da
aviação, com a construção de aviões de pequeno porte no Brasil.
Empresário nacionalista, Henrique Lage se orgulhava de
fabricar no Brasil navios e aviões, com poucos componentes importados. Seu período
de maior crescimento e atividade foram os anos 20. Nos anos 30 teve algumas dificuldades
econômicas, mas consegui manter o grupo.
Em Antonina Henrique Lage tentou realizar projetos de uma siderúrgica,
para atender seus projetos navais na ilha do Vianna, em Niterói. Contudo, seu vinculo
com a cidade estava principalmente em suas companhias de navegação, o Lloyd
Nacional e a Costeira, que faziam a navegação de cabotagem e integravam a
Deitada-a-beira-do-mar ao circuito da produção nacional.
Entretanto, a navegação de cabotagem estava com problemas, e
dependia em muito de subsídios governamentais. Em 1941, a Comissão de Marinha
Mercante suspende as subvenções pagas às empresas de navegação. A Costeira e o Lloyd sofrem o baque e tem sérios problemas financeiros. Como compensação,
o Governo Vargas primeiro concede empréstimos a companhia.
Quando Henrique Lage morre, em 2 de julho de 1941, o Governo
vai tomando conta da companhia, que é reestruturada. Sua viúva, a cantora lírica
italiana Gabriella Besanzoni, é afastada da direção das empresas, sob o
pretexto de não ser brasileira. Em setembro de 1942, com a declaração de guerra
as nações do eixo, as companhias são nacionalizadas.
Em Antonina, dependente da navegação costeira, o baque é tremendo.
Para evitar a crise, os famosos quatro escoteiros são mandados ao Rio com uma
carta onde pedem a reabertura dos escritórios do Lloyd Nacional e da Costeira na
cidade. Essa parte do filme já vimos.
Henrique Lage foi um industrial que conseguiu fazer multiplicar
as organizações que recebera de herança,
fazendo do tripé carvão, navio e ferro o eixo de seus negócios. Trata-se de um empresário
arrojado e obstinado, que não temia fazer altas apostas. No entanto, apesar de
suas boas relações com Getúlio Vargas, o estado novo por fim engole o Império Lage.
Hoje seu nome é lembrado no Rio com o Parque Lage, antiga
propriedade sua ao pé do morro do Corcovado. Em São Paulo, A REVAP, ou
refinaria do Vale do Paraíba, em São José dos Campos, também é conhecida como Refinaria
Henrique Lage.
Antonina? Antonina fica a ver navios...
Parabéns, uma baita aula de História!
ResponderExcluirObrigado, Edson...De Historia mesmo, isto é só um tiquim, como dizem os mineiros...
ExcluirConhecimento nunca é de mais. Principalmente qdo a fonte é segura. História da nossa cidade! Muito bom.
ResponderExcluirPerfeito como sempre meu querido amigo...
ResponderExcluirPara as novas gerações conhecerem um pouco da nossa história recente.
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