sábado, 14 de fevereiro de 2015

O RIO QUE TUDO ARRASTA

Os professores na invasão da AL-PR. copiei daqui:  http://bitly.com/1zxB5lr

Estive uns dias bem longe, na cidade mineira de Pihum-hi, no alto São Francisco, próximo a Furnas, para uma atividade didática com meus alunos. De volta a Campinas é que pude ver o que foi a manifestação de 12 de fevereiro deste ano em Curitiba. É a gente bronzeada das redes sociais (e dos movimentos sociais) mostrando seu valor. Que maravilha, meninos.
De um lado, um governador que atropelou e fugiu. Beto Richa foi o único responsável pela crise econômica que atravessa o estado. Fazendo o que? Com certeza não foi politica publica e de inclusão. Foram quatro anos medíocres, sem compromisso com a população. Na reeleição, surfou em cima da onda antipetista, aliou-se ao que se tem de mais atrasado na politica paranaense e se deu bem, se reelegendo ainda no primeiro turno. Mas e ai? Mais um governador medíocre que o Paraná tem. Beto Richa é um politico sem expressão nacional governando um estado rico economicamente e medroso politicamente. E agora, Beto? Vai Continuar mastigando isopor? Até quando isso vai dar certo?
É claro que não deu. O Brasil não é mais o pais de antes de 2013, para o bem ou para o mal. O mau humor do povo nas ruas bate à sua porta e não tem mais volta. Os movimentos populares vieram para ficar, mesmo que eles ainda não saibam disso. O governador convocou sua lamentável tropa de choque, comandada pelo “delegado” Francisquini, político bufão e sem fibra. Adoráveis as gozações de sua empulhação e de sua covardia quando é a hora de lutar o bom combate. Contra a massa organizada não há argumentos. Beto Richa viveu seu dia de Álvaro, o Dias. (este, aliás, somente outro dos bufões que a politica paranaense adora inventar e manter no circo da “polititica” local).
É de se rir quando se fazem apelos pela ordem chamando os adversários de baderneiros, de vândalos. É o padrão Casa Grande, querer que a Senzala se comporte e seja bonitinha mesmo quando é aviltada e humilhada pelos sátrapas de plantão.  A crise não foi provocada pelos professores paranaenses, categoria corajosa e que sempre está na liderança dos movimentos sociais num estado amorfo e sem brilho próprio. Desde os anos 70 os professores foram a vanguarda das movimentações sociais no estado. Chamar de baderneiro quem está lá na linha de frente do ensino falido que nossos governantes impingem à massa não é só cinismo, é deboche.
Do rio que tudo arrasta se diz violento, mas não se dizem violentas as margens que o oprimem”. Nada como o bom e velho Bertold Brecht para nos lembrar que, no século XXI os movimentos sociais não estão mortos como queriam alguns. Lembrar que existem muitos combates a serem lutados na área social e politica. Internacionalmente, a intervenção da maior potência militar do planeta deu origem a uma instituição política que não fazia sentido desde o século XIII, o califado. Aqui no Brasil pululam os que querem aumentar seus ganhos a custa de miséria, desemprego e especulação econômica. Guincham aqui e acolá velhos e novos lacerdistas. No Paraná os “xoques de jestão” de Beto Richa levaram o estado a ser realmente um estado mínimo. Não sei quais seriam os próximos passos nesta luta. Mas dignidade não se negocia, se conquista. Parabéns aos mestres por essa lição ao governador e seus gorilinhas de papel.


9 comentários:

  1. Grande Jeff, este velhote aqui teve o privilégio de ver a Alep ser re-invadida por aquele mar de gente no dia 12. Eu vivi para ver isso.
    Grande texto, camarada!

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  2. E belo o movimento dos professores...que bom que temos olhos para ver e internet para postar tudo isso!!
    obrigado e um grande abraço!!

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  3. Coisa linda a ação dos professores. Professor antes de tudo é povo e quando povo mostra a sua força ninguém segura.Não interessa o governo.
    Ação semelhante de cidadania aconteceu nos protestos de junho de 2013 quando o povo invadiu o Planalto. Naquela ocasião os manifestantes foram rotulados de "COXINHAS E REAÇAS", pelos muitos que estão hoje nos corredores da APP Sindicato. Abraço Jeff.

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    1. Celso, é realmente como você disse - quando o povo se mexe, não há governo ou sindicato que consiga dar conta...eu particularmente achei aquilo maravilhoso, uma grande demonstração de cidadania, que infelizmente se perdeu

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  4. Vamos por partes, como já nos ensinou cirurgicamente o noturno mestre Jack, O Estripador:
    1. Tutuquinha é cabo eleitoral do deputadinho Alexandre Curi, nulidade política absoluta, integrante da famosa Bancada do Camburão, uma das ratazanas que entraram na Alep por um patético buraco na cerca.
    2. Tutuquinha publicou no seu blog - valhacouto fedorento tomado pela gosma do anti-petismo doentio e infestado por anônimos de merda, praga de proporções bíblicas - creio que no dia 11/02, que era preciso "separar o joio do trigo", sustentando que entre os professores poderia haver infiltração de baderneiros profissionais, sugerindo que seriam contratados todos pelos malvados partidos e pelos sindicatos (naturalmente, com a PT e PCdoB e CUT à frente, digo eu). Não por coincidência, o mesmo e safadinho discurso do Beto Richa, que tem algo que Tutuca perdeu faz muito tempo, o topete inabalável, que não desmancha nem quando Betinho se caga todinho mentindo diante das câmeras.
    3. Tutuca e Jeff (e ponham os dois as caneleiras) consideram que o 12/02/2015 é igualzinho aos protestos de junho de 2013. Não são acontecimentos sequer parecidos, entretanto.
    4. Estava eu na faina de escrever longo e tedioso texto para mostrar que os dois, por razões muito distintas, estavam e estão errados quando encontro esta preciosa, curta e direta falação, que resolve as coisas todas.
    5. Do professor Ricardo Costa de Oliveira: "O maior levante da política paranaense desde os posseiros de 1957! A grande vitória do movimento de hoje deve servir de exemplo de mobilização e ação política séria e pacífica para muitos. Para derrotar o pacote maléfico de Richa-PSDB é preciso ter base social, ter pautas, ter discursos, ter programas, ter lideranças competentes de sindicatos e ter apoios nas organizações políticas para se saber o que fazer. Os professores, servidores e o povo do Paraná ensinaram a fazer política a muita gente por aí. Aprendam Black Blocks, Anonymous, Sininho, Alvaro Dias, Francischini e principalmente o desorientado governador Richa que a luta continua! Grande vitória do movimento no dia de hoje,"
    6. Desisti do meu texto, é claro.
    7. Jeff, prezado amigo, discordo da sua avaliação sobre junho de 2013, e tem um monte de petistas dos mais respeitáveis e generosos que pensam como você. Eu mesmo tenho alguns, vá lá, pontos de contato com esta sua avaliação. Mas você não é anti-petista, nem nega a ação política e os partidos políticos. Você é um militante, creio que no sentido referido pelo Pepe Mujica (o youtube mostra).
    8. Mas não dá pra aguentar o explícito e pornográfico oportunismo do meu querido Tutuquinha, um dos meus desafetos favoritos, que troca de partido mais do que troca de cuecas: lembro dele no PRTB, no PSB e, se não me engano, está agora no PMDB. É questão de tempo para mudar para o SD, o PSD, o PR ou para o PQP (o Partido Queremista Popular, esclareço desde logo).
    9. Eis o link da fala do professor: https://www.facebook.com/appsindicato/photos/a.302326173131448.79800.287652947932104/918961364801256/?type=1&theater
    10. E Jack, em êxtase gozoso, come um magnífico hot dog do Tutuquinha, recolhe e limpa seus bisturis e vai dormir em agitada paz.

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    1. Grande Cequinel!!
      Pois você me pegou de jeito, e sem caneleiras...doeu um pouquinho, mas nada que um gelol® e o calor da partida ainda jogada não terminada. Vamos lá:
      1. Não sou sociólogo como o dito e citado professor: sou apenas um geólogo esforçado e um historiador da ciência diletante. Pois não tenho armamento teórico para refutar, aceitar ou rejeitar as teses que o amigo me propõe discutir, embora, como todos os diletantes, adore faze-lo....
      2. Não era vivo em 1957 pra ver a revolta dos posseiros, mas vi muitas manifestações populares em Curitiba. Em alguma delas fomos vitoriosos, como na invasão dos sem terra ao palácio Iguaçu (que ano foi, professor Alzheimer?). Perdemos muitas outras, tivemos que cheirar o lacrimogêneo e ser acariciados por patas de cavalos e cassetetes. Na dos professores em 1988 eu estava no campo, mas minha mãe e minha namorada na época cheiraram o gás lacrimogêneo que ardia naqueles Dias...Também por obvio não estive aí na gloriosa jornada de 12 de fevereiro, portanto não tenho como julgar tamanho, impacto e muito menos significado.
      3. É diferente o significado de uma manifestação popular lançada por um sindicato especifico e um levante popular, que foi o que aconteceu nas manifestações de 2013, segundo aprendi da conversa com meus cientistas sociais de estimação. Ali (junho/2013) era a massa no sentido mais macarrônico da coisa, no sentido da bolha assassina, que vai crescendo, crescendo, crescendo, sem forma nem direção (e é isso o que mais apavora os sindicalistas e dirigentes de movimentos sociais). Aqui (fevereiro/2015) era uma manifestação de uma categoria comandada por um sindicato, o qual teve aumentada sua força e influencia pela urgência da matéria e pela radicalização que o movimento está – o Brasil inteiro está – depois de junho de 2013.
      4. Assim como devemos, por questões de charme pessoal ter um pouco da infância com a gente, ainda guardo uns fumos de anarquismo (no sentido machadiano, e não no literal, evidentemente). Por isso aplaudi algumas manifestações do movimento que se seguiu a 2013, com os black blocks, sininho e outros quetais. (Alias, ainda temos presos políticos no Brasil: são os que estão detidos desde a Copa. ) Nas manifestações que vi aqui em Campinas vi gurizada de periferia enfrentando a policia em frente à prefeitura. Gente sem lei nem rei, só de calção e skate contra as balas de borracha. Seriam os Gavroches, os meninos da revolta de 1830 retratados por Vitor Hugo, redivivos no Brasil do século XXI?
      5. Sim, não sou antipetista. Mas também não tenho carteirinha, e até gostaria de ostentar seu status de petista no exílio. Sei que manifestações de massa sem direção acabam em tragédias, como as que vemos na Siria, na Libia e outras perdidas por ai. Gostaria muito de dizer que depois de fevereiro vem outubro, que depois da revolta anárquica vem a revolta “consciente”, mas não sei. O que nos guia é a fome, o pão, o imediato. Resolvida a urgência, todos vão voltar para suas casas e esperar que as instâncias (o sindicato) resolva com o poder (o governo estadual).
      6. Obrigado pela comparação com o Mujica, mas estou muito longe de ser um militante sério. Sou pequeno-burguês demais pra isso.
      7. Acho que era isso. Abraços
      Jeff

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  5. Jeff.
    O bom senso diz que devemos preservar figuras do acervo folclórico/político de nossa cidade. Sem mais para o momento.Um abraço.

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  6. Eu, que não alimento anônimos de merda que caluniam pessoas - como faz Tutuca em seu blog - devo dizer que sinto-me honrado - e um pouco incomodado - por fazer parte do tal "acervo folclórico/político de nossa cidade".
    Deve ser um acervo mequetrefe, por certo.
    Um acervo de respeito não penduraria meu retrato na parede, talvez me enforcasse numa goiabeira.
    E eu não frequentaria um clube que me aceitasse como sócio, disse Groucho Marx, se não me engano.
    Explique lá, Tutuca, sua permissão para que um jaguara sem nome fizesse calúnias contra a Ademadan.
    É sua responsabilidade pessoal, direta e intransferível.

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  7. Excelente texto Jeff, principalmente quando você diferencia as manifestações de 2013 e 2015.
    Muito feliz também, quando citou as prisões acontecidas naquele momento. Prisões que até agora persistem. Esses sim são os verdadeiros presos políticos. Isso está acontecendo muito na Venezuela.
    Creio que essa é função dos blogs e dos blogueiros; expressar as suas devidas opiniões.
    Pena que esse direito não é respeitado por todos.
    Enquanto os blogs tiverem essa função, usando todas as ferramentas permitidas por lei , eles serão sim produtivos.
    Improdutivos e nocivos a democracia, os blogs se tornam quando defendem bandidos acusados, julgados, e condenados pela justiça.
    Improdutivos e nocivos a democracia, os blogs se tornam quando tentam defender e justificar as indefensáveis mazelas “de seja qual for o governo.”
    Improdutivos e nocivos á democracia os blogs se tornam quando são usados com o objetivo de destruir reputações.
    Não há dúvidas que os governos principalmente o federal, vem investido pesado nesse tipo de mídia. O “modus operandis” é sempre o mesmo.
    A coisa toda é orquestrada e executada com o objetivo de intimidar e tentar constranger quem se levantar contra o “patrão”. Tudo pago com o nosso dinheiro.
    O mais patético; não se limitam em ofender e agredir em seus blogs, procuram também em outros blogs, , descontextualizar temas e atacar os seus objetivos, os seus “alvos”.
    Parabéns pelo blog, e viva a (um tanto quanto ameaçada) Democracia.

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