(Bigg-Whiter e seus companheiros pedem a conta do Hotel....que surpresa!)
(...)
Pedimos ao Sr Pascoal a extração de nossa conta para logo e,
por varias horas, ficou ele sentado à cabeceira da longa mesa da sala de jantar
(a mesma em que eu dormira parte da noite no dia de chegada à Antonina),
absorto com as somas e os cálculos, cercado de tinteiros, canetas e longas
tiras de papel. Evidentemente, a preparação de conta tão grande era um
acontecimento na vida de nosso hoteleiro.
Quando por fim a conta foi apresentada, não nos admiramos
mais do tempo que ele havia gasto à mesa.
Segundo as contas do Sr Pascoal, nós e os nossos convidados
havíamos consumido trezentas garrafas de cerveja em três dias. Supondo-se mesmo
que quarenta garrafas tivessem sido dadas de vez em quando aos carregadores, o
nosso consumo por pessoa e por dia era de nove garrafas de cerveja!
Infelizmente, nenhum de nós teve a ideia de contar ou anotar
a quantidade gasta. Ele nos garantia, fazendo gestos suplicantes de inocência
ofendida, que havia anotado cada garrafa pedida, do que não duvidamos, mas
depois, certamente, multiplicou o total por três, como havia feito “Madame”, no
hotel “Ravot”, no Rio de Janeiro. Quanto às outras rubricas a conta foi bem
razoável, porque a comida era boa e havia fartura. Era muito melhor do que a
que vínhamos comendo nas últimas cinco semanas. Resolvemos admitir que as
contas do Sr Pascoal estivessem corretas e pagamos o total.
(...)
Na manhã seguinte, cedo, apareceram duas carroças à porta
para nós, puxadas cada uma por cinco dos pequenos cavalos da região. Três
bestas de sela as acompanhavam; uma para o tropeiro, que seria o guia
interprete e camarada, e as outras duas para o Capitao Palm e Curling (chefe do
II grupo) que preferiram ir montados, porque ficavam mais à vontade.
A parte do material que ficara pusemo-lo nas carroças e
entramos para nos despedir do dono do hotel. A despedida foi muito afetuosa. Se
foram as nossas boas qualidades ou a maneira afável que pagamos a extensa
conta, que lhe conquistaram o coração, não me atrevo a dizer. Mas o certo é que
ele nos abraçou um por um repetidas vezes e com lagrimas nos olhos, desejando a
todos nos muitas felicidades e breve regresso diante dos perigos a nossa frente
e pedindo que não nos esquecêssemos dele. Quanto a mim , garanto que não
esqueci. Todas as vezes que via uma garrafa de cerveja era o bastante para que
ele viesse a minha lembrança muitos meses depois.
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