A chegada da tropa escoteira em Antonina depois de um Encontro em Joinville. Como seria a recepção dos rapazes na madrugada de 4 para 5 de março de 1942? |
Era já noite, no dia 4 de março
de 1942, quando o navio finalmente chegou. Os rapazes iam acompanhando a lenta
e segura manobra do navio para atracar no porto de Paranaguá naquela noite
fresca e úmida de fim de verão.
No cais, os meninos foram
recebidos pelo chefe dos escoteiros de Antonina, Maneco Picanço, e por alguns
antoninenses que moravam na cidade. Foi uma grande festa. Um momento de muita
emoção e alegria ver o chefe Manequinho e seus amigos ali esperando por eles no
porto.
Mas tinha mais. Eles foram informados que toda a cidade estava esperando
por eles naquela noite, e iria ter festa nem que fosse de madrugada.
Um Ford V8 preto estava ali,
esperando para levar os rapazes de volta para casa. Seria a última viagem até
Antonina, a Doce Antonina, de onde haviam partido em dezembro para uma viagem a
pé de 1.250 quilômetros.
E que viagem. Na certa, os
rapazes que agora chegavam não eram os mesmos que haviam partido. Praticamente
dois meses de muito sacrifício e de muita novidade, quem ali chegava eram cinco
rapazes que conheciam muito mais do mundo. Os meninos voltavam homens.
O motorista do Ford foi encher o
tanque nas imediações. Aquela era uma tarefa bastante complicada naqueles
tempos. A gasolina estava racionada em tempos de guerra. Além disso, já era
tarde da noite na cidade, com poucos lugares abertos.
Demorou quase duas horas para
voltar com o tanque cheio. De tanque cheio também estavam os rapazes, levados
pelo Chefe para fazer uma boquinha antes da última viagem. Era o último lanche
que eles comeriam fora de casa. Famintos da viagem, mas ainda lembrando das
iguarias que eles comeram no navio, os rapazes comeram bem para aguentar a
viagem até Antonina.
O Ford deixou Paranaguá as 22:00
horas. Eles passaram pela vila de Morretes depois de quase duas horas de
viagem. Depois, o carro foi até Porto de cima e seguiram
para São João da Graciosa, no entroncamento da Estrada da Graciosa, onde pararam
para descansar. Era esse o caminho da época.
Em São João da Graciosa estava
esperando por eles o Sr Nicolau Cecyn, em seu Ford verde, para acompanhá-los no
trecho final. Depois de cumprimentar os rapazes, o agora comboio seguiu em
frente rumo a Antonina.
No quilometro 8 da Estrada da Graciosa
o comboio encontrou o delegado de polícia de Antonina, o Sr Penny Withers. Não,
não era pra prende-los. Era só o que faltava! O delegado estava ali esperando
para dar a boa vinda aos rapazes, em nome do prefeito, Capitão Custodio Afonso
Neto.
Quando a caravana chefiada pelo
Ford Preto cruzou a Avenida Thiago Peixoto, os foguetes começaram. Era na madrugada do dia 5 de março de 1942. Segundo
Lydio, o espetáculo pirotécnico era indescritível. Essa a palavra que ele usou
em seu diário.
Indescritível. Foguetes e morteiros estouravam sem cessar, anota
ele. Os carros só pararam, em meio ao foguetório, depois do portal da cidade,
próximo do pátio da Estação Ferroviária. Ali, eles desceram para cumprimentar a
grande multidão que ali estava. Todos queriam cumprimentar os rapazes,
dando-lhes beijos e abraços.
Como Lydio anotou em seu diário,
teve início um grande desfile escoteiro nas ruas de Antonina. Este desfile, impensável
para muitos, durou parte da madrugada, que só terminou na Caserna da Tropa
Valle Porto. O desfile foi, é claro, acompanhado por grande massa de pessoas. Volta
e meia, estourava um foguete perdido, para horros dos cachorros da época.
Ali, na caserna dos Escoteiros da
Tropa Vale Porto, finalmente, os rapazes da Patrulha Touro foram dispensados de
sua missão e puderam ir para suas casas. Quanta felicidade!
Ao chegar em casa, com sua
família, Lydio conta que estava muito excitado para dormir. Estava cansado, com
fome, mas sem sono, querendo desesperadamente falar. Sua mãe, dona Nathalia,
foi fazer um café. Enquanto isso, Lydio contava para seu pai alguns dos
detalhes da viagem.
Eram 4 da manhã quando finalmente
conseguiu pegar no sono. Segundo conta, demorou pra dormir porque ainda sentia falta
do balanço do navio. Ainda excitado com a recepção, ele fechava os olhos e
tentava reter na memória tudo o que havia acontecido naquela memorável
madrugada.
A aventura ia chegando ao fim.
Mas ainda tinha mais!!
Por um momento, estive em Antonina, como parte da multidão que saudava os valorosos escoteiros.
ResponderExcluirQuem não gostaria, não é, Edson?
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