segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

A MARCHA DOS ESCOTEIROS 53: NA FAVELA


O Morro da Providencia, no Rio de Janeiro; a primeira "aglomeração urbana popular" chamada de favela no Brasil. 

(Estamos no mês de janeiro de 1942. Enquanto o mundo está em Guerra e o Brasil segue sob a Ditadura do Estado Novo, cinco escoteiros de Antonina (PR), entre 15 e 18 anos, percorreram 1250 quilômetros numa marcha a pé rumo ao Rio de Janeiro para entregar uma mensagem para Getúlio Vargas. No episódio de hoje, 3 de fevereiro de 1942, Beto, Milton, Lydio, Antônio (Canário) e Manoel (Manduca) continuam passeiam pela Zona Portuária do Rio. O que eles vão encontrar?)
Depois da intervenção do Dr João Ribeiro, o dia a dia dos cinco escoteiros antoninenses no Rio de Janeiro havia melhorado muito. Agora, eles podiam se locomover livremente, sair livremente do Albergue da Boa Vontade e ainda fariam suas refeições no quartel do 5º BC. Com isso, eles acabaram se soltando cada vez mais pelas ruas do Rio. 

Os jornais deste dia 3 de fevereiro de 1942 anunciavam a terrível situação do exército inglês, cercado pelos Japoneses em Singapura. Os combates aumentavam de intensidade e os combates de artilharia eram frequentes. Era muito grande o temos entre as forças aliadas com a perda do grande porto de Singapura para o exército japonês. Até hoje, Singapura é um dos mais estratégicos portos do mundo. 

Na Líbia, nos ingleses, acossados pelo general Rommel, eram obrigados a se retirar da região da Cirenaica. A situação neste momento parecia pender mais para os países do Eixo. No Brasil, o governo Vargas hesitava entre uma atitude germanófila, liderada pelos generais Gois Monteiro e Dutra, e uma posição mais americanófila, liderada por Oswaldo Aranha. O futuro da humanidade, quando a guerra se transformava em Mundial, era muito incerto. 

Apesar do momento de incerteza, era uma manhã de verão no Rio de Janeiro. Nesta quarta-feira, os rapazes saíram a passear pela Gamboa, na região portuária do Rio. Andaram muito pela avenida Venezuela. Lá, acabaram indo no edifício onde está localizada a revista a “A Noite” e os estúdios da Radio Nacional. Também deram uma volta pela praça Mauá e pela avenida Rodrigues Alves.

Mas tinha mais coisa. Ali, andando pela Gamboa eles conheceram o que é uma favela. Bem perto da Gamboa, para os lados da Central do Brasil, estava o Morro da Providência, a primeira favela carioca. Como se sabe, os primeiros moradores desta favela eram ex-soldados que lutaram em Canudos. 

No sertão da Bahia, havia uma planta muito dura e áspera, chamada favela. E foi num local chamado Favela, próximo ao Arraial de Canudos, onde se deram os maiores combates entre a tropa e os resistentes de Canudos. O nome Favela como algo duro áspero e de combate permanente deve ter ficado nos corações e mentes dos soldados que regressaram ao Rio. Ali, no Morro da Providência, eles acabaram chamando a área em que moravam de favela. E o nome ficou. 

No quartel, os rapazes fizeram amizade com os praças e oficiais. Começaram a fazer parte de um campeonato interno de ping-pong. Eles não eram bons nisso, e foram eliminados logo de cara. O mesmo aconteceu no campeonato de tria. Entretanto, no campeonato de damas eles conseguiram um honroso terceiro lugar. 

Agora, eles podiam fazer as suas refeições no Cassino dos Oficiais. Ali, tinha tudo bom e do melhor. Depois de quarentena e cinco dias no perrengue, os rapazes iam aos poucos recobrando as força e, por que não? Ganhando uns quilinhos. 

Só não estava melhor porque as 22 horas eles tinham que estar de volta no Albergue da Boa Vontade e sua rotina fria e dura. Ainda não tinha lugar para cinco escoteiros no Alojamento do quartel, nem no da Escola Militar.

2 comentários:

  1. E Getúlio, quando vai recebê-los? Ainda bem que eles estão se distraindo na Cidade Maravilhosa, para evitar a ansiedade. Abraço!

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    1. Esta sua pergunta sobre Getúlio valia, em fevereiro de 1942, cerca de um milhão de dólares...

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