Primeira Pagina do Correio Paulistano de 3 de janeiro de 1942
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(Estamos no mês de janeiro de 1942. Enquanto o mundo está em
Guerra e o Brasil segue sob a Ditadura do Estado Novo, cinco escoteiros de
Antonina (PR), entre 15 e 18 anos, estão desde 16 de dezembro de 1941 numa marcha a pé rumo ao Rio de Janeiro
para entregar uma mensagem para Getúlio Vargas. No episódio de hoje, 3 de
janeiro de 1942, Beto, Milton, Lydio, Antônio (Canário) e Manoel (Manduca)
estão no rumo de de São Paulo. No final do dia eles chegam em Araçoiaba. o que o destino vai aprontar?)
Na manhã seguinte, um sábado, 3 de janeiro de 1942, os escoteiros foram acordados pelo barulho que os caminhões e automóveis faziam ao passar pela casa abandonada onde estavam alojados.
Na manhã seguinte, um sábado, 3 de janeiro de 1942, os escoteiros foram acordados pelo barulho que os caminhões e automóveis faziam ao passar pela casa abandonada onde estavam alojados.
Nesse dia, não havia nada o que comer. A solução foi
caminharem em jejum até o próximo lugar que estivesse aberto. Com fome, as
reclamações apareceram mais nítidas. Os meninos reclamaram muito com o chefe
Beto, a quem acusavam de negligência. Como ele não havia previsto aquela parada
abrupta no meio do nada, sem se prevenir e comparar comida?
Enquanto caminhavam rápidos em busca do que comer, os
rapazes rapidamente deixaram pra trás o andarilho que lhes fizera companhia na
noite anterior. O pobre homem, que também ia pra são Paulo, não conseguiu
acompanhar o ritmo mais rápido dos escoteiros, embora estes carregassem em
geral bastante peso.
Eram quase dez horas da manhã quando chegaram em Capela do
Alto, uma pequena localidade a beira da pista. Lá, encontraram algo para comer.
Depois de saciados, tudo pareceu mais fácil. Agora a caminhada se fazia por
colinas suaves, que cortavam diversas plantações de abacaxis e ananases. Neste
passo, as 17 horas chegaram na cidade de Campo Largo de Sorocaba, hoje
Araçoiaba da Serra.
Ali, não havia hotéis ou pensões. O jeito foi pedir
alojamento na delegacia de polícia. A delegacia de polícia de Araçoiaba era
muito limpinha, segundo Lídio. Uma
família amiga (seriam conhecidos de Antonina?) providenciou uma farta janta
para os rapazes.
Novamente descansados e de estômago cheio, os bravos rapazes
saíram pela cidade no sábado à noite, em missão de reconhecimento. Entraram num
bar, onde uma radiola estava tocando músicas animadas. Ali se informaram um
pouco mais sobre a cidade.
Araçoiaba possuía nesta época 2 mil habitantes, e tinha uma
praça muita bonita e iluminada, em frente à matriz. Ao lado da igreja estava o
cinema, um grupo escolar e um clube social.
Ao voltar à delegacia, encontraram o Chefe Beto conversando
animadamente com o delegado. O delegado, chamado por todos de Gaúcho, era um 2º
tenente da força pública estadual. Já um tanto idoso, segundo o parecer de
Lídio, era também muito atencioso e conversador.
Lídio ficou curioso, entretanto, com os cartazes de
procurados pregados nas paredes da delegacia. Nunca havia visto esse tipo de cartaz, a não ser nos filmes.
O que mais o espantou foram os nomes dos crimes atribuídos a
cada um. Anotou: excruncho, punguista, escroque, rufião, estuprador. A maioria,
entretanto, eram os assassinos.
Para alívio de Lídio e dos demais rapazes, a delegacia neste
dia estava vazia.
Barriga cheia opera milagres!
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