O Atle-tiba que não houve. Orgulhosamente, imagens da TVCAP. |
Pra quem é paranaense e gosta de futebol, impossível não
falar sobre o Atle-tiba. Ao longo de minha vida, vi muitos, tanto dentro do estádio
quanto pela televisão, pelo rádio e mais recentemente pela internet. Vi ali
jogar craques de verdade, como não existem mais hoje. Pelo Coritiba, vi jogar
Zé Roberto, Paquito e Tião Abatiá, Alex.
Pelo Atlético, vi Di, Sicupira, Assis
& Washington, Paulo Rink, Adriano Gabiru e mesmo o menino (ex-menino!)
Kleberson, que só brilhou mesmo com o manto sagrado rubro-negro e com a nossa
tão maltradada amarelinha.
Vi jogos memoráveis e jogos nem tanto. Assisti empates
sonolentos, goleadas sonoras de parte e parte, decisões de campeonato pra lá de
tensas e cheias de brio. Vi anos de domínio coxa-branca, anos de domínio rubro-negro
e muita, muita rivalidade.
Qual não foi minha surpresa ao ver pela internet (estou em Andrelândia
– MG em trabalho de campo com meus alunos e colegas do curso de geologia da
UNICAMP) o que aconteceu neste último domingo.
Que bom ver os dois rivais unidos e por uma causa mais que
justa: o fim do monopólio das televisões (leia-se Rede Globo) na transmissão
das partidas de futebol. Um negócio milionário que tira do torcedor a
possibilidade de escolher ver seu time jogar. Quantas vezes não somos obrigados
a ver o time “mais querido”, ou “a maior torcida do Brasil” apenas por
interesse da citada rede de televisão? Quanto dinheiro os times “médios” perdem
em por causa de todas as maracutaias envolvidas nos negócios
sobre direito de transmissão?
Sem falar na bagunça que são as federações de futebol no
Brasil. Quando perdemos da Alemanha, houveram algumas vozes pedindo para que adotássemos
um sistema melhor de organização do futebol, similar ao modelo alemão. Um modelo
que fez o 0 x 2 de 2002 virar o 7 x 1 de 2014. Mas a quem isso interessa? Aos dirigentes
de Federação e a própria CBF, definida por Juca Kfuri como a Casa Bandida do
Futebol? Interessa aos empresários de jogadores que exploram meninos e ganham
dinheiro de maneira desorganizada e inescrupulosa?
A vergonha alheia provocada pela Federação Paranaense ao
cancelar o clássico por causa da falta de credenciamento de alguns jornalistas
ligados a redes online é uma chacota. Um acinte. Uma piada de mau gosto. Aliás,
a própria FPF é uma piada. Um ato digno de todos os dirigentes que teve essa
associação, gente de moral duvidosa e sem escrúpulos, e que deveria estar com
os dias contados. A organização do atual futebol brasileiro deveria voltar ao
passado de onde veio e nos deixar jogar livres, independentes e felizes.
Isso vale para todo o esporte brasileiro. Está também na
hora de deixar a futebolmania dirigir todos os interesses. Temos outros
esportes e modalidades que também tem importância e merecem mais espaço nos
corações e mentes dos brasileiros. Mas, essa crise também é um claro sinal de
que tudo está mudando.
Por tudo isso, acho que este é o melhor Atletiba que não vi.
Neste jogo, os dois rivais dentro do campo se uniram contra a máfia que
controla e futebol e os grandes interesses financeiros das emissoras de
televisão. Não é pouco. Como disse o técnico Paulo Autuori, é uma grande mudança
de paradigma que a dupla Atletiba faz ao não se curvar a estes interesses.
Hoje é um dia que está bonito ser atleticano ou coxa-branca.
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