Dante e Virgílio indo comprar ingresso pra Atlético e São Caetano, pelo Brasileirão do B; o Azulão está morrendo na praia, mas não vai entregar fácil a rapadura. |
O Inferno, que meu perdoe seu inominado proprietário, é um
lugar muito gozado. Percorre-lo não é fácil, já sabemos todos os que acompanhamos
o Mais Querido em sua saga pelos territórios do capeta. Rimos muito, embora a
maior parte do tempo a gente ria pra não chorar, é claro. Caminhos estranhos,
entradas falsas, precipícios, fossos profundos, pântanos cheios de animais
peçonhentos. Mas ainda pode piorar.
Marcar um jogo para as 14 horas, horário de verão, como foi
marcado para Atlético e Guaratinguetá, no ultimo sábado, é de lascar. Devido aos
mefistofélicos arranjos entre a CBF e as emissoras de TV, o jogo foi colocado
no horário da sesta do capeta, o qual, tinhoso como é, não teria que correr os
90 minutos abaixo de sol como os dois times. Escuto, neste barulho infernal, a
voz esganiçada da Poliana comentando o assunto: “ainda bem que não foi em Paranaguá, tia Polly!! O calor ia ser bem
maior, né?”. É.
Mas, enfim, tudo acabou dando certo para o Drusbsky e seus
comandados. Elias, nosso grande profeta, mais uma vez iluminado, foi quem abriu
o placar, escorando lindamente um cruzamento de Marcelo. Depois de muito sol e
suor e lágrimas, já no finalzinho, eis que Paulo Baier, oportunista desde a
travessia do Mar vermelho (e preto), aproveitou uma bola na trave num chute de
Felipe e guardou a sua lá dentro. Minutos mais, mulato Marcão, mostrando moral,
municiado no meio-campo, matou o marcador e, na meia-lua, meteu com maestria. Matou
o match. Maravilha, meninos.
Segundo Dante, no nono ciclo do inferno, o lugar mais quente
das redondezas, é onde mora o Capo-de-tuti-capi, o Coisa-ruim, o Bode-preto, o Capiroto.
Os leões de chácara de "Nhô Lúcio" são três gigantes: Nembrod, Efialto e Anteu. Que zaga
eles dariam...mas Dante explica que eles são, na verdade, a comissão de
recepção ali nas profundas. Eles te recebem em geral bem, primeiro com umas
bolachas. Na cara. Depois de um tépido banho de varas e um mergulho numa
piscina de formigas Içá, o freguês é convidado para um cititour pra conhecer os
quatro rios do Inferno: Aquerão, Stige, Flegetonte e Cocito. É preciso atravessá-los todos para sair dali. Fico
pensando em como deve ser difícil passar pelo Cocito...
Agora, estamos penetrando nos locais mais profundos do
inferno deste Brasileirão do B. Sábado que vem é um duelo de vida e morte contra
o São Caetano, nosso conhecido e nem sempre fácil Azulão. No Anacleto Campanella.
Esse ano eles nos ganharam, lá no gigante do Itiberê, alguém se lembra? Naquele
tempo a nossa squadra rossonera era
ainda uma pálida brisa. Será que agora vai?
Quem ganhar – o caminho é sempre longo neste estranho mundo
- pelo menos estará nas cercanias dos degraus mais profundos do inferno. É lá, neste
lugar sulfuroso e aterrador, nos fundos da casa do capeta, que está a saída, segundo
nosso consultor Dante Alighieri. Nós ainda temos depois disso o América-RN, no Ecoestádio.
Eles, o São Caetano, tem o Tigre pela frente, lá na gélida e carvônica Criciúma.
Jogo a jogo...
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