A Paleontologia Imaginária, ao contrário do que se imagina, não tem uma evolução linear enquanto disciplina científica. Como qualquer ramo da ciência, tem tido agudas controvérsias e grandes mudanças paradigmáticas em seu desenvolvimento (T. Kuhn, Congresso de Paleontologia Imaginária de Antofagasta, 1962). A questão dos Cisnes Verdes fósseis e sua comprovação empírica (Popper, 1939), por exemplo, foi um destes grandes momentos.
Contudo, dentre tantas controvérsias, a questão do gênero Lulalckmin
ocupa um capítulo à parte. Quando seus primeiros espécimes foram descobertos e
analisados (Lula da Silva et al., 2022, Imaginary Paleontological Review),
muitos notaram a notável semelhança com outros espécimes já muito conhecidos do
registro paleontológico, como o Lulinus, encontrados em terrenos pliocênicos do
ABC Paulista (Atas do 13º Congresso de Paleontologia Imaginária de São Bernardo,
1980), e o Geraldinus, encontrados em terrenos similares na bacia sedimentar de
Pindamonhangaba (Covas et al., Congresso de Paleontologia Imaginária de Pinda,
1996).
Segundo muito analistas, tratavam de duas espécies muito
diferentes e inclusive competidoras entre si, sendo quase impossível encontrar
um organismo com características das duas espécies. O Lulinus era um mamífero
muito adaptado a vários ambientes, associados com espécies do Gênero Sinistrus
(ver PTistus sp). O Lulinus, inicialmente descoberto em sítios paleontológicos
fosseis em Garanhuns, chegou a ser a espécie dominante no plio-pleistoceno, ocupando
inclusive trechos de cerrado no Brasil central (Lulalá et al., Congresso de Paleontologia
Imaginária de Brasília, 2002). Embora proveniente da base da cadeia alimentar,
o Lulinus chegou a conviver tranquilamente com espécies predadores enquanto
estava protegendo espécies predadas (Genro, 2005).
Já o Geraldinus era uma ave tucaniforme que chegou a dominar
extensas áreas da Pangeia (Cardoso, 1994, Imaginary Paleontological review). No
entanto, inicialmente sua distribuição geográfica era restrita ao território do
atual estado de São Paulo, que chegou a dominar desde o Cretáceo. O Geraldinus,
ao contrário dos demais tucaniformes desta época, ocupava preferencialmente
extensas áreas dominadas por cucurbitáceas, como o Sechium adule, ou chuchu.
Apesar de estarem bem adaptados ao ambiente cucurbitáceo em que viviam, os Geraldinus
quase foram extintos no fim do holoceno graças aos ataques de canídeos do gênero
Bolsodoria (Congresso Paulista de Paleontologia Imaginária, 2018).
Dada a grande dessemelhança das espécies, muito apontaram
ser o Lulalckmin uma fraude, fruto de reconstrução maliciosa de espécimes
fósseis (Gomes, 2022, Congresso de Paleontologia Imaginaria de Paris). No
entanto, alguns mostraram que o surgimento do Lulalckmin, apesar dos muitos
pontos ainda em aberto, pode ter sido muito importante para combater os vermes anaeróbios
do gênero Bolsonarus, que tornaram muito difícil a sobrevivência de importantes
ambientes paleoecológicos brasileiros. Muito apontam que mamíferos com
características de aves já foram descritos em espécimes fosseis imaginários em
vários ambientes, como o ornitorrinco australiano ou mesmo o Pegasus sp, o
cavalo alado, cujos primeiros registros foram feitos na Grécia antiga, citados
por Aristóteles em sua Física (livro IX).
A origem do Lulackmin está em aberto. Ainda não temos argumentos
que possam esclarecer sobre a origem do Lulalckmin nem a sua função
paleoecológica. Quem sabe nos próximos meses tenhamos acesso a novas
descobertas que possam dar uma nova luz e esclarecer esta importante
controvérsia.
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