O Museu do Ipiranga em 1940. Os escoteiros antoninenses estiveram aqui em sua viagem rumo ao Rio de Janeiro |
(Estamos no mês de janeiro de 1942. Enquanto o mundo está em
Guerra e o Brasil segue sob a Ditadura do Estado Novo, cinco escoteiros de
Antonina (PR), entre 15 e 18 anos, estão desde 16 de dezembro de 1941 numa marcha a pé rumo ao Rio de Janeiro
para entregar uma mensagem para Getúlio Vargas. No episódio de hoje, 11 de
janeiro de 1942, Beto, Milton, Lydio, Antônio (Canário) e Manoel (Manduca)
estão passeando por São Paulo num belo domingo de sol e calor.)
No domingo, o quartel do 1º BC estava vazio. A soldadesca
estava liberada até segunda feira. Com o quartel vazio, o que chamou a atenção
dos rapazes neste dia fio uma imensa feira ambulante, operando na praça em
frente ao quartel. Havia muitas barracas, que vendiam quase de tudo. A quantidade
de gente e o alarido das pessoas lembrou aos rapazes a feira que se formava
durante a festa de Nossa Senhora do Pilar, em Antonina.
Nesse dia foram a Casa Verde, para encontrar seu Laudemiro,
este levou-os a um passeio que incluiu o Parque da Água Branca. Lá, os rapazes
viram uma exposição com exemplares de animais bovinos, suínos e quinos. Mas, o
que mais chamou a atenção foi a exposição de peixes que havia. Lá, encontrara
peixes elétricos, peixes espada, piranhas, e o pirarucu amazônico. Também havia
enguias, salmões, cavalos marinhos e um baleote. E, é claro, uma seção completa
com diversos tipos de peixes ornamentais.
Além, disso, os rapazes encontraram ali no parque da Água
Branca um grande Jardim Zoológico com animais silvestres, como zebras, alces,
girafas, alces, lhamas e diversos tipos de cervos americanos. Entra as aves, os
rapazes viram faisões e pavões, além de araras periquitos e canários de todas
as espécies. Nem dá pra imaginar as brincadeiras que os colegas fizeram com Canário...
À tarde, seu Laudemiro os levou para visitar a estação da Luz
e a estação Roosevelt, no Brás. Depois, eles foram para o Ipiranga, onde foram visitar
o Museu. Os rapazes ficaram impressionados com a história pátria que ali viam.
Também se impressionaram com o monumento a independência, que eles acharam
lindo.
À noite, eles fizeram sua programação oficial. Participaram
de um programa na rádio Kosmos de São Paulo. Lá, puderam ver diversos artistas
que iam fazer suas apresentações ao vivo. Deve ter sido muito emocionante para
os rapazes ver um espetáculo daquele sendo produzido ali, no calor da hora. Mas
não foi só isso.
Eles acabaram esticando a noite visitando diversos jornais
paulistanos, como o Gazeta, o Correio Paulistano, o Diário da Noite, O jornal e
o diário da Noite. Em cada redação, eles explicavam o que estavam fazendo e
contavam algumas de suas aventuras. Lydio conta que, já traquejados de dar
entrevistas, isto não lhes dava mais nenhum embaraço.
Com tantos compromissos, acabaram chegando tarde no quartel.
Mas era domingo, e o sentinela foi muito camarada. Como diz Lydio, “deu uma
mãozinha”. Dali a pouco, os cinco estavam dormindo o sono dos justos.
Isso, durmam bem, que amanhã a marcha em direção à Capital Federal deve continuar.
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