As montanhas, próximo do Parque Nacional das Rochosas, Colorado |
No domingo, tinha uma saída de campo, relacionada ao simpósio
que estou participando. Iriamos conhecer algumas áreas ao redor que tinham
sofrido com fluxos de detritos. E era nas Rochosas! Estava tão feliz e ansioso em fazer a tal saída
de campo, que me atrapalhei um pouco. Estava preocupado em perder a hora. Fico
sempre preocupado em ficar preocupado com a hora. E, em geral, quando isso
acontece, eu perco o sono.
Entretanto, desta vez estava cansado da longa viagem de
avião, e tinha outra coisa a meu favor: uma diferença de três horas a mais.
Pude descansar o suficiente e ainda chegar a tempo. A saída era nos fundos da grande casa dos
estudantes, que se chama Ben Parker Center. Trata-se de um prédio grande e que funciona como
um centro de conferências. No térreo, tem ainda uma autêntica loja de
departamentos que vende produtos da marca Colorado School of Mines.
Quando cheguei lá no ponto de encontro da excursão, tinha
uma verdadeira legião estrangeira. No caminho, havia conhecido um professor
italiano, muito simpático. Conheci também um professor coreano, e conversamos
bastante. Quando todos chegaram, os anfitriões americanos nos colocaram no ônibus
para partir.
Era interessante o caldo de gente naquele ônibus:
ceilandeses, japoneses, coreanos, taiwaneses, neozelandeses, ingleses, suíços, americanos
e, é claro, um brasileiro. Todos especialistas
em fluxos de detritos.
A viagem foi muito interessante. Começamos pela cidade de
Boulder, que sofreu com diversos escorregamentos em 2013. Nada que meus
conterrâneos antoninenses não saibam. Foi bastante feio, com muita destruição,
embora não tivessem sofrido perda de vidas. Alguns lugares, como vimos mais adiante na
cidade de Lyon, ainda estavam reconstruindo suas casas, cinco anos depois do
acidente.
Golden e Boulder estão a cerda de 1700 m de altura, no platô
do Colorado. É uma área muito plana. E onde está a maior parte da região
metropolitana de Denver. Depois, vem uma pequena linha de morros, o Front range.
Muito interessante porque existem várias camadas de rocha com mergulho alto (os
hog-backs) que tornam a paisagem mais bonita. E, depois do Front Range, começa
a montanha propriamente dita.
Foi um dos campos mais bonitos que já tive. As montanhas
maravilhosas e nevadas, cheias de charme e beleza. Não é preciso dizer que
estava um frio danado e as roupas que levei deram pro gasto, mas estava frio.
As montanhas eram nevadas ou pedregosas. Mas, na encosta,
eram comuns os pinheiros, que desciam até as pequenas planícies. Aqui e ali, nestas
planícies no meio do parque, viam-se manadas de cervos pastando tranquilamente.
Quase sempre eram bandos de fêmeas e machos jovens, pastando na grama verde do
fim da primavera. Coisa bonita de se ver.
Almoçamos numa antiga estação de esqui. a estação de Estes
Park funcionou de 1940 a 1992, quando parou por não ter mais neve. Tem gente
por aí que ainda acha que há um aquecimento global e que existem indícios que o
clima está mudando. O Estes Park é um sinal disso.
Aqui e ali, nas encostas do Estes Park, nas drenagens e
entre os pinheiros, havia umas manchas brancas. Algumas estavam meio sujas,
visas de longe. Fiquei intrigado. Fui lá ver. Era gelo, com as bordas já
derretidas, e que era como uma areia grossa na mão.
Perguntei aos colegas ali
ao lado se era neve. Eles se espantaram comigo porque eu não conhecia neve, e
eu fiquei com um pouco de vergonha. Logo desfiquei. Afinal, não conhecia a neve mesmo...No entanto, uma coisa é certa: com vergonha ou sem vergonha, foi meu
primeiro contato com a neve. Voltei para o ônibus bem feliz.
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