Arte: Julian Fagotti |
(Para Leda Gitahi)
Não há como negar: um dos gêneros mais comuns e importantes
do período entre o Devoniano e o Cretáceo foram os anfíbios do gênero negacionistus. Estudos recentes da Paleontologia
Imaginária jogam luz sobre alguns aspectos até então pouco esclarecidos do negacionistus e apontam novas causas
para seu surgimento e posterior extinção (Souza & Brown, Imaginary Paleontology
Review, 2019).
Segundo o trabalho citado, existiriam diversas espécies de negacionistus, cada uma adaptada ao seu
paleo-ambiente. Uma das espécies mais antigas é o negacionistus holocausticus, que data do Devoniano inferior (S.
Wiesenthal, Atas do Congresso de Paleontologia Imaginaria de Tell Aviv, 1959). Segundo
Wiesenthal, o n. holocausticus tinha
olhos grandes, mas provavelmente tinha dificuldades de enxergar. O que em certa
medida explica o seu desaparecimento, ao final do Permiano.
Da mesma forma que o negacionsitus
holocausticus, o negacionustus
climaticus foi outra espécie importante no registro paleontológico
imaginário. Seu maior período de difusão parece ter se dado entre o Jurássico e
o Cretáceo, tendo desaparecido ao final deste ultimo período. Não há evidências
de n. climaticus acima do limite Cretáceo/Terciário,
o limite K-T (Anais do Congresso de Paleontologia Imaginária de Honololu,
1959).
Ao que tudo indica, o n.
climaticus tinha olhos bastante desenvolvidos, mas não conseguia enxergar
com clareza (Lindzen & Ferry, Imaginary
Paleontological Review, 2009). Também não eram muito bons em estatística, e
não entendiam cálculos matemáticos e modelos climáticos complexos, o que pode,
segundo alguns, ter levado a sua extinção ou reprovação em massa (Koch &
Koch, Atas do Congresso de Paleontologia Imaginaria da Filadélfia, 2005). Como
quase todos os anfíbios, o n. climaticus
também tinha uma língua retrátil longa, ferina e pegajosa. Seus alvos preferenciais,
de quem se alimentava, eram insetos do gênero incautus sp (Exxonmobil, Secret Report, 2005).
Um dos trabalhos mais interessantes para se entender o
gênero negacionistus com certeza foi o
de Sigmund Freud. Antes de se tornar o pai da psicanálise, o jovem Sigmund dedicou-se
à paleontologia, e fazia trabalhos de campo em diversos sítios fossilíferos
imaginários ao redor de Viena. Suas descobertas mais importantes resultaram num
trabalho publicado nos Anais do Congresso Paleontológico Imaginário de Viena,
1890. Neste texto recentemente redescoberto, Freud percebeu que os negacionistus, apesar de bem equipados
para a sobrevivência ao ambiente hostil do cretáceo, escolhiam negar a
realidade como forma de escapar de verdades desconfortáveis. Ao fazê-lo,
segundo Freud (op. cit.), as espécies de negacionistus
acabavam por aceitar fatos alternativos e hipóteses de difícil comprovação
empírica.
Existem alguns trabalhos que fazem uma relação entre o negacionistus climaticus e outras
espécies, como o terraplanistus sp, o
fascistus sp e o criacionistus sp (Trump, 2016; Bolsonaro et al., 2019). No entanto,
embora similares, estudos recentes comprovam ser espécies distintas, porem
adaptadas ao mesmo meio ambiente. Existe mesmo a hipótese de algumas destas espécies
serem extraterrestres, com indicações de derivação lunática (Damares Alves,
comunicação pessoal, 2019; D. Bertrand de Orleans e Bragança, 2018, Anais do
congresso de Paleontologia Imaginaria de Petrópolis).
Um animal estranho e monstruosos num tempo estranho, como foi
o Mesozoico, o negacionistus climaticus,
apesar de suas vantagens competitivas, teria sido extinto junto com os grandes
dinossauros. Uma teoria muito aceita no passado diz inclusive que os n. climaticus negaram a possibilidade de
choque de meteoros com a Terra no final do Cretaceo (Suguio, Imaginary
Paleontology Review, 2012).
No entanto, alguns dados recentes mostram que eles se extinguiram
um pouco antes, no Cretáceo médio (Heartland Institute, Special Report, 2010). Segundo
a teoria mais aceita atualmente, com a deposição de evidências cada vez mais
esmagadoras, os n. climaticus foram
soterrados por toneladas destas mesmas evidências que eles negavam, e acabaram
se extinguindo (IPCC, 2006). Nem precisou de meteoro.
(a Paleontologia Imaginária é um ramo da Paleontologia que trata de animais incertos; é um ramo do conhecimento que faz fronteiras com a paleontologia, a geografia, a física molecular, a psicologia e com Morretes (PR). Como membro da Sociedade Brasileira de Paleontologia Imaginária (SBPI) e colaborador da South American Review of Imaginary Paleontology, periódico classe A1 da CAPES, venho através deste blog fazer a divulgação científica da Palentologia Imaginária para o publico interessado em ciências)
E a saga dos escoteiros antoninenses continua. Tenho acompanhado, mas o Parkinson, às vezes, me impossibilita de digitar. Abraço!
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