Piazza del Plebiscito, Napoli |
Cesar e Napoleão cruzaram os Alpes uma vez. Eu e Zezinha, de
uma maneira mais simples e banal, cruzamos os Alpes duas vezes ontem. A primeira,
vindo do Brasil em direção a Munique, na Alemanha. Lá demoramos um tempo no
aeroporto e pegamos outro avião para Napoli, aonde chegamos ao fim da tarde. Foi
quando cruzamos os Alpes pela segunda vez. O tempo nublado não nos permitiu ver
nada além das verdes campinas da Baviera e dos rudes penhascos próximos de Napoli.
O aeroporto de Nápoles é bem simples e meio velhinho, e me lembrou
do antigo Santa Genoveva de Goiânia, antes das reformas da Copa. O motorista de
taxi, que me lembrou de todos os motoristas de taxi do mundo, dirigiu feito um
maluco pelas avenidas e como um “pazzo” pelas ruas velhas do centro de Nápoles.
A noção de “transito caótico” dos guias de viagem é pouco. As ruas são
estreitas e os carros e motos andam a toda, expulsando para os cantos os
pedestres. Fiquei com pena de algumas velhinhas que vi pelo caminho, se esgueirando
para uma proteção de metal que algumas vielas têm. Mal dá pra caber um carro e
ali passam uma moto, um carro e dois pedestres. Ao mesmo tempo.
O motorista de taxi nos indicou alguns pontos, com uma bela
vista do monte Vesúvio de do monte Somma, majestosamente situados no fundo da
baia de Nápoles. Indicou o Quartiere Spagnoli, onde as ruas estreitas e prédios
altos com varais de fora a fora dá a impressão do exótico que a Itália sempre mostrou
aos turistas. Aquele abandono e pobreza blasé e aquele amontoamento de gente que se vê
nos filmes italianos antigos.
Nossa anfitriã do AirBnB, a Marina, nos recebeu muito bem,
mostrou os detalhes do quarto e da casa. Estamos num quarto no rés-do-chão de
um prédio do século XVII, com as paredes descascando e janelas velhas e varais
para a rua. Moraria num desses se obrigado pela necessidade, claro está. Mas se
pudesse... Ah minha casinha!
Depois, Marina nos levou a conhecer a redondeza. Caminhamos pelas
ruas do bairro, ruas estreitas e cheias de pequenos comércios: uma pizzaria,
uma verduraria, uma mercearia, e essas outras coisas pré-capitalistas que a
modernidade nos deixou sem. Nem temos tempo para comprar todas essas coisas num
só lugar, o que dirá comprar tudo picado, e à dinheiro...
Mais abaixo está a grande Praça do Plebiscito, e seus grandes
cafés, o Palácio Real, que está em reformas, e a opera São Carlos. Segundo Marina,
ela está no mesmo nível do Scala de Milão. Tem na sua programação desta semana
um “Romeu e Julieta”, a preços obviamente exorbitantes.
Marina nos deixou na galeria Umberto Primo e se foi. Voltamos
no meio da multidão, de gente passeando num morno sábado à tarde. Diz que as ruas são perigosas, e até crianças
são batedoras de carteira. Vimos foi muita gente rindo e se divertindo, o que,
dizem, é coisa que os napolitanos melhor sabem fazer.
Comemos uma marguerita à napolitana, uma massa de pão com
massa de tomate e grandes (e poucas) folhas de manjericão e um pouco – muito pouco
– de queijo. Em tempos de menos glúten e gordura, não é tão ruim assim. A noite
chegou, e fomos dormir, exaustos de tanta viagem e novidade.
Ao que parece, Nápoles não é para principiantes....
Os olhos atentos de um turista crítico, nada deslumbrado com o Velho Mundo.
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