Neste ano, foram comemorados os centenários de diversas efemérides
macabras. Na Europa, 1915 foi o ano da guerra de trincheiras, do impasse, do desperdício
inútil de vidas. No Brasil foi o período mais sangrento da repressão na guerra
civil do Contestado, onde mais de dez mil pessoas morreram de doença, de fome e
de tiro.
Os acontecimentos recentes não nos dão muito motivo de
comemoração. O Estado islâmico se impõe e faz vitimas inocentes na Oriente
Médio, na Europa e na África. A razão parece ter se perdido em algum lugar do
11eme arrondissement de Paris, numa rua de Bagdá ou num hotel em Tombuctu.
Jovens são aliciados para virarem mártires de causas no mínimo questionáveis.
Aqui no Brasil a única diferença é que ainda não nos
metralhamos publicamente. Mas a indiferença pelo todo e a vontade de vencer a
qualquer custo para manter o poder (ou os cargos) a estão minando a Republica. Estamos,
como o mundo, num momento de polarização e de enfrentamento muito grandes.
Estes tempo passei por uma situação em que uma pessoa, para
me ferir, tomou uma atitude meio suicida, quase kamikaze de se portar. Eu sei
que isso sempre tem consequências. Na juventude, fui um kamikaze numa
determinada situação política. Claro que minha causa era “importante”, como são
todas as causas pelas quais morrem os kamikazes. Mas meu “sacrifício” de nada
valeu à “causa” e eu ainda passei (e ainda passo) sofrendo com as consequências
de minha atitude. Eu sei, pelo menos figurativamente, o que é ser um kamikaze.
Mas eu comecei a pensar para além da situação do kamikaze:
eu comecei a pensar em quem treina um kamikaze. Quem é essa pessoa? Ela entra
em combate? Boa parte das vezes não. Mas instiga, fustiga, cria no seu pupilo
uma situação emocional de obediência cega. Partir para a morte, e ao mesmo
tempo infligir a maior baixa possível ao inimigo. É a estratégia dos que não
tem força, e estão desesperados. Eu vou, mas levo um monte comigo. Parece filme
de guerra, mas não, é a vida real. Tem consequências.
Quem treina um kamikaze também acha que a causa é justa. Que
tem deus ou a historia a seu lado. Cria nos potenciais suicidas um estado
mental de euforia com questões como honra, martírio, recompensas no além, no
futuro, no reconhecimento dos que ficam.
Quem treina um kamikaze é um covarde, ponto. Alguém que acha
que o seu deus, a sua causa ou o seu ego são tão importantes que vale o sacrifício
de uma carreira, ou pior, de uma vida? O século XX nos deu muitos exemplos
destes lideres carismáticos que fazem seu povo passar por imensos sacrifícios para....nada.
Para mais sacrifício, para a morte, para absolutamente nada.
Existem os que se acham donos de um saber excepcional, de
uma verdade absoluta. Por esse saber e essa verdade, não hesitam em colocar a
vida de outros em risco. Covardes, fazem seu joguinho sujo de mandar meninos e
meninas alegres ao matadouro. Alguns destes treinadores de kamikazes acham que
são novos Moisés conduzindo seu povo eleito pelo deserto. Mas não passam de
impostores como Jim Jones, o tal califa Baghdadi e outros despotazinhos medíocres
e de ego grande que encontramos por ai.
(andei meio afastado do blog devido a um trabalho que me consumiu bastante; mas, assim que a poeira baixar, voltaremos a blogar como D´antes)
a historia conta que aqueles que morrem defendendo seu povo e sua pátria eram recebidos no paraiso com honrarias e previlegios...isso é o que era prometido para eles,em algumas religiões cada um tinha direito a 72 virgens... lavagem cerebral...
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