A destruição do bairro da Larangeira, em março/2011 |
Hoje, há três anos atrás, a Deitada-a-beira-do-mar viveu uma
das maiores catástrofes de sua história. Pra quem não se lembra, a chuva
intensa daqueles dias gerou diversos escorregamentos de terra, que destruíram dezenas
de casas, com dois óbitos, além de ameaçar o abastecimento de água na Pita e no
Km 4. Foram dias de muito medo e apreensão. Lembro-me das pessoas apavoradas
pelas ruas, me perguntando se era verdade que o Morro da Pedra ia desabar. Lembro-me
das milhares de pessoas do Portinho e das Graciosas de cima e de baixo que
tiveram que abandonar suas casas. Lembro-me das reuniões tensas nos Bombeiros e
na Defesa Civil, em que se fazia o levantamento das áreas mais afetadas e das
que ainda corriam risco de sofrerem com os escorregamentos. Foram dias realmente
tensos.
Mas também me lembro do esforço
que as pessoas fizeram, e que, no meio de toda a tragédia, nos fazem acreditar
que as coisas podem ser melhores. Vi as dezenas de voluntários que cuidavam de fazer
organizar e distribuir as cestas básicas aos desabrigados, dos funcionários da
prefeitura fazendo o possível para minorar o sofrimento das pessoas, vi o
pessoal do SAMAE lutando no Km 4 pra evitar que um grande escorregamento
rompesse os canos da agua e colocasse em risco o abastecimento da cidade. Todos
fizeram seu melhor, e a sensação que eu tinha andando pelas ruas embarreadas de
minha terra que nós éramos um povo unido e solidário.
Acho que somos. Lembro que falei
com diversas pessoas que aquilo significava não um fim, mas provavelmente um
novo começo. Até escrevi alguns textos (AQUI) (AQUI TAMBEM) sobre isso: a cidade estava tendo uma chance
de se reinventar e começar de novo.
O tempo, que afinal é o senhor da
razão, passou inexoravelmente sobre nós. Cada um nos seus afazeres, cada um com
suas preocupações, e fomos deixando de lado as boas intenções do inicio. O mato
cresceu vigorosamente nas cicatrizes dos escorregamentos, apagando-os de nossas
vistas e de nossa memoria. Dá pra imaginar a quantidade de escorregamentos tão
ou mais catastróficos aquele mato esconde? Eu contei pelo menos mais um, de
idade desconhecida, na subida do morro da pedra. Na Serra da Prata, no Floresta,
deu pra ver dois episódios grandes de escorregamento antes deste atual.
Eduardo Nascimento, nosso Bó,
como sempre, foi à luta e conseguiu um começo: o Parque do Mirante. Ele tem que
sair do papel. E os desabrigados? Como estão? Quanto mais o tempo passa,
diminui nossa solidariedade, não estamos mais nem aí pra eles.
Três anos depois, Antonina fica
mais distante da tragédia e mais perto de sua realidade: todos brigando com o
tal do prefeito, que afinal de contas não é nenhum semideus, mas é quem foi
eleito pra governar a cidade. Será que nenhum prefeito presta? Enquanto isso
nos preparamos para eleger por mais um quatriênio o próximo prefeito, que vamos certamente odiar. Será que só os prefeitos
é que estão errados? Será que não exigimos deles coisas que poderíamos fazer?
São só alguns pensamentos que me vem, à distância,
quando penso na tragédia de 11 de março e nas oportunidades que deixamos
passar.
Muito bem lembrado.
ResponderExcluirpois é ... triste coincidencia nesse mesmo dia 11 /03/2011 la no japao morreram 18 mil pessoas ,no desastre de fukushima ...
ResponderExcluirEntão...trágica coincidência....muita gente me perguntou, em Antonina mesmo, se existia uma conexão. Sinceramente, acho que não.
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