A gente sempre acha que descobriu a pólvora, que sabe um pouco mais porque está vivo hoje aqui e agora...mas a verdade é o que os registros fossilíferos nos mostram... Há 60 milhões de anos ou hoje, não importa, a vida é a vida. A filosofia barata é minha, mas a foto eu tirei daqui |
sexta-feira, 13 de dezembro de 2013
A VIDA COMO ELA É
quarta-feira, 6 de novembro de 2013
FELIZ ANIVERSÁRIO!!
É cedo. Alguns passarinhos e passarões já estão acordados,
fazendo um grande dum barulho aqui no parque ao lado. Vejo clarões na janela, o
desgraçado do celular toca, e eu tenho algumas tarefas a fazer antes de café da
manhã. Tarefas administrativas, mandar e-mails, convocar gente, essas coisas
que se fazem quando você vira gente grande. Ando tão ocupado que nem escrever no blog, uma de minhas cachaças prediletas eu consigo. Coisas do mundo.
Ligo o computador, ainda nem amanhece, e meu filho aparece
no Skype pra conversar. Pra ele, na Austrália, a quarta feira já terminou.
Pergunto como vai ser a quarta, ele que já viu tudo. Céu azul, calor. Bom pra
ele. Aqui está nublado, com cara de chuva o dia todo. Pelo menos já mandei meus
e-mails administrativos e posso tomar meu café.
Enquanto isso, realizo que hoje é o aniversário de nossa
querida Deitada-a-beira-do-mar. Foi nesse dia, há 216 anos atrás, que foi lida
a ata que nos emancipava politicamente. Segundo o sempre bem-vindo Ermelino,
com mostras de grande contentamento popular. Podíamos eleger câmara, fazer o
pelourinho (ora se viu? Essa parte podia ter passado), e ser donos de nosso
nariz. Não é pouco ser vila no Brasil do grande império Luso-Brasileiro.
E nesse dia desapareceu a Freguesia de N.S. do Pilar da
Graciosa. Surgiu a nova Vila Antonina, que os tempos acabariam por transformar
em Antonina só. Antonina só?
No final do século XX, no período de grande decadência econômica
da cidade, muitos se voltaram ao passado em busca de respostas para o presente
tão ruim. E não gostaram do nome da cidade, não gostaram de nosso infante patrono,
o breve príncipe Dom Antonio, não gostaram de nada. Quem gosta de algo se está
amargando tempos difíceis?
Buscou-se outras datas, supostamente mais importantes, para
ofuscar aquele velho 6 de novembro. Só duzentos anos? Queremos ter trezentos,
quatrocentos, mil anos (!), pra ter certeza de que, com muitos anos, somos
importantes. Somos alguma coisa.
Antonina foi uma cidade muito importante no século XIX e no
começo do século XX. Foi berço de inúmeras pessoas ilustres, como o cônego Manoel
Vicente, o combativo jornalista Nestor e Castro e o poeta popular Bento Cego. Cito
essas, entre tantas outras.
Depois, fomos ficando a margem dos caminhos, a margem da
economia e a margem da historia. Não é fácil sentir-se assim. Assim como Goiás
Velho, Paraty, São Luiz do Paraitinga, a Deitada-a-beira-do-mar é hoje um lugar
à margem. Mas é aí, junto com essas outras perolas do passado brasileiro que
está nossa glória.
A antiga Freguesia de N.S. do Pilar quer seu quinhão. Foi
agraciada, não sem mérito, no PAC das cidades históricas, teve seu centro
tombado. Agora, trata-se de recuperar seu passado, sua história, da qual nos
orgulhamos mas não conhecemos bem. O 6 de novembro foi só o começo. Hoje,
queremos muito mais. Queremos Antonina por inteiro, cidade, memória e história,
para todos os que, nascidos entre o Rio Sapitanduva e a Ilha de Guamiranga ou
não, amamos de paixão esse pequeno pedaço do planeta.
Feliz aniversário, Capela!!
quarta-feira, 24 de julho de 2013
DJALMA SANTOS (1929-2013)
Djalma Santos desfilando em carro aberto na Deitada-a-beira-do-mar, 1970. (copiei daqui) |
Ontem, ao fecharem-se os olhos dos jornais, me vi
entristecido e mais pobre. Morreu Djalma Santos, craque da seleção brasileira e
também do meu Furacão. Lembro-me de ter visto Djalma Santos jogar, no
portentoso estádio do 29, na Deitada-a-beira-do-mar. Eram memórias nebulosas,
de infância, de quando eu ainda era lobinho e estávamos os escoteiros fazendo a “segurança”
do jogo. O que a gente podia fazer com aqueles bastões pra conter a multidão? Certamente
nada, mas dava uma sensação de poder imensa.
Lembro vagamente de que eu e mais alguns lobinhos demos um
buquê de flores ao craque, que nos cumprimentou a todos. Meu pai, ao lado,
conseguiu um autografo num papel com o timbre do Atlético (esse autografo
sumiu, procuramos eu e meu pai durante muito tempo e nada...). Lembranças vagas
e esparsas.
Hoje, através do blog do Porvinha (aqui), grande divulgador
do futebol na terra de Valle Porto (e de Bino, o “Gato Selvagem”, o maior
goleiro paranaense de todos os tempos), vemos ressurgir, frescas, do passado,
tais notícias. Pelo seu blog, aprendemos um pouco mais do que aquelas sensações
de menino. Tratava-se de um jogo amistoso entre o 29 de Maio e o Água Verde,
onde estava Djalma Santos. Terminou num pragmático zero a zero, e teve muita
cervejada e caranguejada depois, como seria de se esperar.
Era certamente uma Antonina muito diferente e um futebol
muito diferente do de hoje. Tal jogo, terminando com uma caranguejada, seria hoje praticamente impossível. E a foto do blog do Porvinha, acima, mostrando o craque desfilando
num calhambeque pela avenida Dr. Carlos Gomes da Costa, a Avenida do Samba. À direita,
uma porção de escoteiros cercando o carro. Posso até ver a cabeça de seu Dodô
lá atrás (saudade!).
Djalma Santos e Bellini foram jogadores míticos, os galácticos
que espantaram nosso estigma de vira-latas e nos trouxeram, de maneira
magistral, nossos primeiros títulos mundiais. Os dois, Djalma e Bellini, foram alguns
dos responsáveis pelo titulo do Atlético de 1970. Foi muita felicidade, que até
hoje sinto entre uma dor no ciático e outra. Depois, passamos doze anos de calvário.
Era duro ser atleticano naquela época, ainda mais que hoje, meninos. Acreditem.
Saímos do inferno da segundona no ano passado após grande saga (aqui) e
estamos agora penando no caminho de volta (mas sem volta!) pras terras do
Sem-chinelo. Sai pra lá, Bode Preto! Vejo as imagens de Djalma Santos, forte e
suave nas páginas dos jornais e na internet. Foi-se. Sua ausência é o vazio de
um mito que cruzou, no passado e por um breve momento, a minha vida pacata. E
sinto saudades do tempo em eu era menino e via Deuses à minha volta.
terça-feira, 9 de julho de 2013
AO PATRIÓTICO POVO DE ANTONINA!
(segue a plataforma de Ermelino de Leão em sua campanha a prefeitura municipal de Antonina em 1912) |
Ermelino de Leão (1871 - 1932) em sua Biblioteca na Deitada-a-beira-do-mar |
[continuação]
Apelarei para a boa vontade dos antoninenses,
esperando que cada um dos habitantes deste município seja um colaborador do seu
governo, auxiliando-o na execução fiel das posturas, cujo império deve ser
igual para todos.
Apelarei para as classes
laboriosas para os pequenos, para os operários, para o commércio, para a indústria,
pedindo-lhes o concurso de seu apoio, afim de levar a efeito uma obra de ressurgimento,
si não me faltar a boa vontade da população e os recursos necessários.
Sei que outros ilustres correligionários,
dignos de nosso apoio e que mereceram minha previa indicação, poderiam dar mais
brilhante desempenho às funções prefeituraes: si obedeci ao apello dos meus
amigos e correligionários, tive em vista desígnios superiores da PAZ, do
CIVISMO e da LEALDADE.
Conto que não me faltará, sendo
eleito, com a boa vontade da patriótica administração do estado, e do ilustre patrício
que, ora, com brilho, ocupa a suprema magistratura do Paraná.
Si o pronunciamento das urnas sanccionar
a indicação dos meus correligionários a amigos posso assegurar aos habitantes
deste município que serei obscuro, mas sincero defensor dos interesses collectivos,
procurando fazer da administração um culto de civismo, e guiando os meus passos
no caminho da ordem e da moralidade para os grandes ideaes que conduzem à
Perfectibilidade Humana.
Com o penhor do meu compromisso
que ora assumo, entrego aos meus patrícios o passado de dedicação e sacrifício pelo
Paraná, esperando, confiante, o pleito livre de 20 de junho proximo vindouro.
Antonina, 16 de maio de 1912
Ermelino Agostinho de Leão.
domingo, 7 de julho de 2013
VOTE CERTO, VOTE DIREITO: ERMELINO PRA PREFEITO!!
(por um desses acasos da vida, topei com um pequeno livrinho em que o Dr Ermelino de Leão mostrava "Ao Patriótico Povo de Antonina" seu programa de governo. Ermelino foi candidato a prefeito pelo Partido Republicano Paranaense ao cargo de Prefeito Municipal em 1912. Vejam as diferenças e semelhanças com hoje, 101 anos depois. Conservei a ortografia original)
Ermelino Agostinho de Leão (1871 - 1932) |
AO POVO ANTONINENSE
Indicado por meus amigos e correligionários
para o cargo de Prefeito Municipal, não declinei da distincção de tão iniludível
prova de confiança, unicamente pelo intenso desejo de prestar a terra em que
resido e a qual me acho vinculado por inquebrantáveis elos, os serviços que de mim,
os meus patrícios, tem o direito de exigir.
Assim procedendo, não me deixei
inspirar nos sentimentos subalternos da ambição, nem seduzir pelos encantos
enganadores do poder: obedeci a norma, que me tem norteado a vida publica, de
jamais recusar o contributo de minha dedicação, em qualquer esfera que ella
possa resultar de utilidade, ao Paraná.
Não levarei para a administração
municipal, caso o pronunciamento das urnas me invistam da função publica, outro
programa que não synthetize a simples contextura desta sentença: o meu programa
consiste no cumprimento do dever.
Cumprirei, pois, o meu dever,
quando eleito, continuando a ser um advogado dos altos interesses do município,
procurando impulsionar o seu progresso e contribui para o aproveitamento das
riquezas que seu abençoado solo tem acumulado, sem outra preoccupação que não a
não ser da utilidade publica e a do bem-estar da população.
Na ordem politica, cumprirei o
meu dever conjugando a minha acção com a dos altos poderes do Estado,
procurando fazer da Prefeitura um auxiliar eficaz ao patriótico governo do
paraná, dentro do município, quer prestando todo apoio as medidas administrativas
quer provendo, sem transgredir a esfera da autonomia a harmonia dos poderes,
que considero uma das grandes virtudes de nosso regimen politico.
Cumprindo o meu dever, prestarei
ao Partido Republicano Paranaense desta localidade que levantou minha candidatura,
os serviços compatíveis com a boa administração e que a lealdade politica me impõe.
Como exator do dever, eleito,
empenhar-me-hei para implantar a tranquilidade e a harmonia tão necessárias ao
desenvolvimento da nossa sociedade, tornando a justiça uma aliada da administracção.
Estas, as linhas do meu programa
politico que visa a Concórdia, como elemento da ordem e para os fins do
progresso.
Na ordem administrativa, não
prometo o revolver de um vasto plano de reformas que exceda as possibilidades
de nosso município: terei, quando eleito, a preocupação de conservar,
melhorando, propugnando pelos legítimmos interesses das classes menos
favorecidas, que são as que mais reclamam a intervenção e o auxilio dos
governos.
Cumprirei meu dever, zelando pela
boa aplicação das rendas municipaes, adoptando o regimen de larga publicidade
dos actos da prefeitura, de modo a permitir a mais severa fiscalização do público
a todas as suas resoluções.
Tentarei reduzir as despesas às
proporções da receita, mantendo o equilíbrio financeiro que assegure credito e a
boa fama que o município preza.
Cumprirei meu dever, cuidando das
vias publicas e o calçamento gradual de parte da cidade, que está reclamando
este urgente melhoramento.
Cumprirei meu dever, propugnando
pela difusão do ensino, estabelecendo um combate pertinaz ao analfabetismo e
estimulando o professorado municipal ou estadoal, por um conjunto de medidas
que concorram para elevar a frequência das escolas deste município.
Em desempenho ao dever, sendo
eleito, procurarei regularizar os serviços de assistência aos necessitados e de
hygiene, impedindo que sejam creados focos de infecção, atendendo ao problema
de alimentação publica e concorrendo para que as condições favoráveis de
salubridade do município se tornem coletivas e sólidas.
Procurarei estudar o problema da
habitação proletária, investigando os meios de proporcionar aos nossos operários
casas hygienicas e baratas.
Não circunscreverei minha acção
aos estreitos limites do quadro urbano: tratarei dos interesses da lavoura ,
procurando adoptar uma politica econômica que tenda a desenvolver os diversos
ramos de cultura agrícola, lançando, em bases scientificas, a polycultura que, felizmente,
é um dos característicos da agricultura antoninense. Com taes intuitos,
pedirei, quando elevado a prefeitura, o apoio decisivo dos altos poderes do Estado
e da República, de modo a banir a rotina e proporcionar aos lavradores novos processos
que assegurem maior compensação ao trabalho.
Si os votos livres do povo de Antonina
me considerarem digno de gerir os destinos do município, não me descuidarei de
impetrar do governo da união medidas que concorram para melhorar as condições
de nosso porto, batalhando, com tenacidade, para que vejamos satisfeita essa
legitima aspiração de que todos nutrimos; e, bem assim, continuando a pugnar
pela justiça no regimen tarifário e pela reabertura da estrada da graciosa. Não
só prometo aos patrícios mais que o cumprimento do dever: serei um simples intérprete
dos desejos da população de Antonina, um sincero advogado de seus interesses,
um fiel exator das leis municipaes.
[continua]
sábado, 6 de julho de 2013
ALEGRIA E TRISTEZA DE PAI
Hoje estou alegre e estou triste. Meu filho Pedro está neste
momento em algum lugar a 11 mil metros de altura entre Santiago do Chile e
Sidney, na Austrália, para onde está indo passar um ano pelo programa Ciência
sem Fronteiras. Sinto alegria por ele pela oportunidade que está tendo de,
ainda na graduação, passar por uma experiência de conviver com outras experiências
universitárias, outras culturas.
Por outro, a tristeza de saber que nos próximos 360 dias não
o terei por perto. A angústia de pai, de saber como ele vai estar se virando por lá, literalmente
do outro lado do mundo. É assim que é. Eu
o ensinei – espero ter ensinado realmente – a ser responsável e decidir seus
rumos. Agora, o passarinho saiu do ninho e está voando pra longe, bem longe. Sei que está tudo
bem, mas mesmo assim meu coração bate mais forte.
Boa viagem, guri.
segunda-feira, 1 de julho de 2013
PLANETA RAIVA
As manifestações na avenida Moraes Sales, em Campinas (copiei aqui) |
Foi a diva Elza Soares quem contou: ela estava no programa
de calouros de Ari Barroso, lá pelos anos 50. O radialista, olhando para a
menininha de seus 15 anos, adolescente magrinha e vinda do subúrbio, quis tirar
uma onda de sua estranha figura e perguntou: “Menina, de qual planeta você
veio?” a resposta da diva foi divina: “Do Planeta Fome, seu Ari”. Uma sensação
estranha me passou pela cabeça: hoje, no Brasil, vivemos no Planeta Raiva.
Estive na primeira manifestação aqui em Campinas. Andei
pelas avenidas centrais: Francisco Glicério – equivalente à Marechal Deodoro em
Curitiba, larga e cheia de lojas e bancos. Muita gente, muitos cartazes, todo o
tipo de proposta. Quando cheguei perto da Prefeitura, que tinha virado uma
praça de guerra comecei a olhar os tipos que lá estavam. Tinha de tudo.
Mauricinho, descolado, skatista, mano. Mas estes, os manos, junto com os
skatistas, eram os mais ativos. Tacavam pedra na policia, que devolvia com
bombas de gás. Os vidros dos pontos de ônibus na rua estavam estilhaçados, os
vidros da própria prefeitura estavam quebrados, latas de lixo reviradas e pegando
fogo.
Via-se aqui e ali pelotões do choque, de escudos e
lança-bombas. Os manifestantes investiam contra eles com paus e pedras, e eles
devolviam com bombas, cassetetes e – não vi, mas um aluno nosso acabou levando
um tiro – balas de borracha.
A parte classe média das manifestações não me interessa.
Pediam coisas que meu avô udenista assinaria embaixo, nenhuma relevante. Sem
mudar o sistema de poder, não há o que fazer em termos de moralidade, pois o
capital não tem moral. Qual a moral de um punhado de notas de 50 ou 100 reais?
Que culpas morais tem um punhado de dólares num paraíso fiscal?
O que me interessou foram os meninos, os tais dos vândalos
que a imprensa, nunca tão burguesa como agora, resolveu assim chamar. É fácil
chamá-los de vândalos, de bandidos, botar a policia em cima. Estes dias a
policia carioca invadiu uma favela e matou dez dos “vândalos’. Ninguém vai
notar a diferença, e todos vão ficar mais aliviados, certo?
“Do rio que tudo
arrasta se diz violento, mas ninguém chama de violentas as margens que o
comprimem”. Essa frase do dramaturgo Bertold Brecht nunca me pareceu tão
verdadeira. No subúrbio, na favela, ninguém nunca chega de mansinho: o Estado
chega atirando, e não é com balas de borracha. A vida dos manos é a vida
contada nos raps, onde denunciam a
dor e a violência que os cerca. Alguém imagina que uma pessoa vivendo num mundo
assim vai pruma manifestação distribuir flores ou beijos?
Que fique bem claro: não sou uma pessoa violenta, nem estou
pregando a violência. O que estou dizendo é que esta violência dos “vândalos”
precisa ser tratada, precisa ser entendida. Cinco séculos de escravidão e
opressão estão por trás destes quebra-quebras. Empregar a policia é só mais do
mesmo. E vamos perder a chance de realmente integrar estas pessoas na nossa
sociedade como pessoas, coisa que nossas elites e nossa classe média em absoluto
não entendem.
Bóris Schnaidermann, escritor e ensaísta, foi também pracinha
expedicionário na Segunda Guerra Mundial. Em seu livro “Guerra em Surdina”,
onde conta sua experiência, nos diz dos soldados comuns, do nosso “povão”, que
enfrentaram com um misto de medo e bravura o frio europeu e a guerra moderna. Na
volta ao Brasil, Schnaidermann nos conta que viu, em pouco tempo, os seus
bravos camaradas de guerra desaparecer no meio da massa, invisíveis. E pergunta,
atônito: “onde estão vocês?”
Estas manifestações foram somente a ponta do iceberg. A grande
massa sequer se mexeu, só mostrou seus dentes. Quando ela se mexer de verdade,
não adiantarão cem edições especiais de Veja pra contar a história.
(PRA QUEM QUISER LER MAIS SOBRE ESTE ASSUNTO DE GENTE MAIS BEM PREPARADA QUE ESTE HUMILDE BLOGUEIRO, CLIQUE AQUI )
quarta-feira, 12 de junho de 2013
FOTO AÉREA DE 1952!!
Assim era a Deitada-a-beira-do-mar em 1952, ou seja, há 61 anos atrás...
Por um lado, pode se ver a intensa atividade comercial, com navios no trapiche, no Matarazzo e diversos atracadouros ainda funcionando. por outro, vejam o canal que passa na frente da cidade e que tem uma cor mais escura. É muito diferente do canal que vemos hoje, com cores mais claras, mostrando uma quantidade maior de sedimento em suspensão, ou seja, mais material para assorear a baía mais bonita do mundo. Impactos da Capivari-Cachoeira, que foi inaugurada nos anos 70 como um inequívoco sinal de progresso para a terra de Tube e Valle Porto.
Observe-se que o Batel ainda não estava formado direito, as casas estavam todas ao longo da avenida. O Tucunduva ainda menos, assim como o Portinho e as Graciosas.
Como um bom contraponto ao dias atuais, o morro era mais devastado antes - veja-se o Bom Brinquedo e o Morro do Salgado, que tinham menos vegetação que hoje. Se o progresso tivesse continuado, a cidade hoje talvez teria muito menos verde e muito mais áreas de risco a escorregamentos.
segunda-feira, 10 de junho de 2013
ANTONINA NA FINLÂNDIA
Na semana passada, mais exatamente na última quinta-feira, minha colega Luci Hidalgo Nunes, professora aqui do IG-UNICAMP, apresentou em Helsinque na Finlândia, na 7ª Conferencia Europeia sobre Tempestades Extremas, um trabalho nosso tentando entender o que aconteceu na Deitada-a-beira-do-mar naquela semana de março de 2011, que tanto desassossego nos trouxe. Ainda não temos muita ideia, mas ela, que é uma das climatólogas mais respeitadas deste país, acha que podemos descobrir porque choveu tanto naqueles dias.
Lá no encontro, que é um dos maiores eventos mundiais sobre tempestades extremas, muitos cobrões da meteorologia mundial ficaram assustados, segundo Luci me contou, com a quantidade de água que caiu, muito altos para qualquer padrão mundial que se veja. Os resultados da pesquisa que estamos iniciando podem servir, no futuro, para que os meteorologistas consigam detectar estes movimentos da atmosfera a tempo, para poder avisar a Defesa Civil e fazer com que a população consiga se prevenir e diminuir a vulnerabilidade a estes eventos extremos.
a Ciência a serviço da Capela...
(O único senão é que eu não consegui ir pra Finlândia e fazer com antecipação meu pedido pra Papai Noel; mas não hão de faltar oportunidades...)
segunda-feira, 27 de maio de 2013
CHAPÉU DO FEITICEIRO
As nuvens no alto do Morro do Feiticeiro, na tarde preguiçosa da segunda feira passada; vistO de cima, bonito igual! |
quinta-feira, 23 de maio de 2013
AMOR, BELEZA, INSPIRAÇÃO
A baía mais bonita do mundo, vista do céu na tarde preguiçosa da última segunda -feira.... |
Passei um domingo preguiçoso na Deitada-a-beira-do-mar, em
companhia de meus familiares. No finalzinho da tarde, quando os bares fecham e
os trabalhadores dão sua sagrada e necessária sonequinha de domingo, resolvi dar uma
voltinha pela minha cidade natal.
Vi que o mato já está cobrindo grande parte das cicatrizes
do 11 de março, como era de se esperar. O mato não espera pelo homem, ainda
mais num clima quente e chuvoso como o da terrinha. Infelizmente, deu pra ver
que pouca coisa se avançou além da pura e simples desocupação de algumas áreas
mais atingidas.
Dei uma volta pelo portinho, onde se vê poucas marcas da tragédia.
Alias, as marcas ali foram realmente bem poucas. O problema no 11 de março por
ali foram os escorregamentos e as cicatrizes que se abriram no solo morro
acima, que indicavam o risco de serem retomados vertente abaixo, aí sim
atingindo casas e pessoas. Hoje se vê algumas velhas casas de madeira sendo demolidas
e as casas de material vão muito bem, obrigado.
Lá longe, a vista da baia era muito bonita. Uma maré vazia
daquelas de fazer as aguas se espelharem. Os morros lá atrás, os barcos e
casas, tudo foi se construindo, na maravilhosa luz de uma beleza atroz, como a
baia de Antonina sabe ser. Sim, a beleza pode ser atroz, assim como a feiura
pode ser cândida. Cândidos são alguns quintais do Portinho e da Graciosa, alguns malcuidados,
com lixo, restos de construção, denotando certa falta de asseio. Outros, ao
contrário, até com o chão varrido, roupas obedientes tentando secar ao friozinho
e à maresia daquela tarde de domingo um tanto fria.
Na segunda feira, indo embora de ônibus, senti a crueldade
da minha terra. Havia uma maré cheia estúpida
de tão bonita, como me dizendo: “deixa
disso, não vai não, fica por aqui sentindo o vento na cara e ouvindo o barulho
das garças e gaivotas, a vida não pode ser melhor que isso”. Pior que era
verdade, nada podia superar aquela beleza. Cruel ir embora assim, deixando
tanta boniteza pra trás.
Mas fui. Nem fotografar quis, pra só ficar com a imagem na
memória.
Já no avião, vi que minha terra continuava a me aprontar. Quando
o jato fez a volta pra seguir sua rota, passou por cima da baia no instante do
por do sol, ali pelas cinco horas. O reflexo do sol baixo, nas águas da
baía de Antonina, deixaram-na dourada, com a silhueta da terra firme e das
ilhas marcando seu contorno. Parecia uma imensa cornucópia, aquelas conchas
espiraladas da mitologia, do interior da qual brotavam alimentos e bebidas sem
cessar. Depois, o avião mergulhou nas nuvens e nada mais vi.
Aqui onde estou, de volta às obrigações, me impus voltar a
escrever no blog. Este andava sumido, sem tempo nem paciência. Meus leitores
que me perdoem, mas dei uma cansada. A blogosfera capelista anda meio chata e
repetitiva, mas sei que parte disso – a que me cabe – é culpa minha, só minha.
Vamos lá. Que a beleza da Deitada-a-beira-do-mar nos sirva
de guia e inspiração.
segunda-feira, 22 de abril de 2013
segunda-feira, 15 de abril de 2013
REBELIÃO EM ANTONINA!
Batuque na cozinha, sinhá não qué! |
Em 15 de janeiro de 1859, o
suplente de delegado Joaquim Leite Mendes estava desesperado com as notícias
que estava recebendo. Com o olhar preocupado, tirou o chapéu e deu uma olhada
pela janela. Lá fora, um semelhante dum calor, ele via os urubus pousados no
telhado de asas abertas, depois da chuva que recém caíra e esperando a chuva que ia cair mais tarde. O morro do Feiticeiro
estava semi-encoberto por uma nuvem fina. O ar estava abafado, mormacento.
Leite Mendes preocupava-se, pois o delegado Alves d’Araújo
estava em viagem para a Vila do Príncipe [hoje Castro]. Que fazer? Depois de
raciocinar olhando os telhados pela janela, tomou sua decisão. Pegou uma folha
de papel, a pena e a tinta, sentou-se à mesa e, com sua fina caligrafia, começou
a redigir um ofício endereçado ao governador da província, Francisco Liberato
de Matos: “ontem estava este Município de
Antonina exposto a uma próxima
sublevação de escravos sob protesto de sua liberdade geral que lhes foi
conferida mas que foi negada por pessoa suspeita da cidade”.
Sim, a cidade de Antonina estava na iminência de uma
sublevação de escravos! Como se daria isso? Leite Mendes tomou da pena e voltou
a escrever: “servindo-se eles de dois
grandes bailes denominados congadas que há muito tempo fazem todas as noites
nesta cidade a pretexto de ensaio para sua festa de São Benedito”, explicou
ele ao governador em sua caligrafia redonda. O tal do levante “terá lugar segundo consta no dia 20 deste
mês, para por esse meio de reunião transmitiram essa notícia a escravatura dos
sítios e consequentemente preparavam-se para o fim do sinistro plano”, explicou
Leite Mendes.
Era o meio da tarde. Mas que fazer? A carta tinha que ir á Curitiba
ainda aquele dia. Leite Mendes procurou um dos tropeiros de sua confiança, que
estava com os cavalos amarrados ali no campo, perto da matriz. Sim, o tropeiro
garantiu, um deles iria a Curitiba dentro de pouco tempo. Ia dormir em algum
lugar da serra, mas antes do meio dia estaria chegando a Curitiba. Leite Mendes
entregou-lhe a carta endereçada ao Governador e voltou pra casa, mais aliviado.
Tinha cumprido sua missão.
Durante os dias que se seguiram, Curitiba e o litoral viveram momentos
de angustia. As autoridades estavam simplesmente apavoradas com a possibilidade
de um levante escravo em Antonina. Cartas foram endereçadas para Morretes e Paranaguá,
prevenindo os senhores de escravos antes que a fagulha da revolta se espalhasse. O medo tomou conta das
casas, e nem as tempestades de verão no final do dia davam algum alento aos patrões.
O governador mandou reforço policial para Antonina, enviando
o Capitão Manoel Eufrásio de Assumpção e mais quatro soldados. Estes deveriam
arregimentar os soldados disponíveis em Porto de Cima e Morretes. Assim reforçados, a brava tropa policial entraria em poucos dias numa Antonina em polvorosa, assustada com a possibilidade de um
levante de escravos.
O próprio delegado Alves d´Araújo, no dia 19 de janeiro, quando
retornou de sua viagem foi, ele mesmo, interpelado por alguns pretos mais
desaforados. Estes exigiam que ele lhes desse a liberdade a que eles, os
pretos, já tinham direito. Alves d´Araújo, é claro, não sabia de nenhuma alforria.
“Mas tem sim”, disseram-lhe os
pretos. Segundo os escravos, havia uma ordem de libertação geral direta da Coroa,
e ele, Alves d`Araújo, estava, por interesses escusos e perversos, negando a
eles conhecer a verdade. Havia, inclusive, um navio inglês chegando ao porto para
protegê-los e fazer os senhores aplicar a lei.
Como diríamos hoje: que surrealista! Como diriam os antigos,
que maçada!! Haverá então uma revolta escrava em Antonina? O que acontecerá?
(segue)
quinta-feira, 4 de abril de 2013
SAIVÁ
Ao Dr Bernardo Vianna
Hoje ao fitar-te, ó velho campanário
D´hera coberto, triste, abandonado,
A minha alma levanta-te o sudário,
E chorando, relembra esse passado!
Hontem festivo e todo engalanado,
Eras dos crentes meigo relicário,
E teus sinos num doce modulado
Povo chamava para o santuário!
Eu era como tu, feliz, ditoso!
Mas, bem cedo, finou-se tanto goso,
Que banhava em doce alacridade.
Meu coração é templo de amargura,
Onde tange o sineiro Desventura
O carrilhão da magua e da saudade!
Thiago Peixoto, poeta antoninense (1876-1921) (mais, ver aqui)
quarta-feira, 3 de abril de 2013
OS BAGRES E A EDUCAÇÃO
Durante minha convalescença, acompanhei com interesse a
polemica sobre a questão da Educação na Deitada-a-beira-do-mar. Ao que tudo
indica, os ânimos ferveram na terrinha, ao sabor das paixões que despertaram algumas
nomeações de João D´Homero na Secretaria da Educação. A minissérie de Márcio
Balera (aqui) com a "dupla dinâmica" da Educação, pela inspiração e pelo humor certeiros, lembrou os
tempos de ouro do nosso sempre querido “Bacucu com Farinha”.
Educação, todos nós sabemos, é importantíssima. Também sabemos
que a qualidade de nosso ensino foi
jogada lá no fundo do poço pelo descaso com que o ensino é tratado pelos
sucessivos governos. Todos se incluem nessa conta: federal, estadual,
municipal. Infelizmente, ensino de qualidade não dá votos. O brasileiro médio tem
outras prioridades. Os governantes também. E tudo se ajeita na mediocridade que
vemos por aí.
Só que hoje, a educação (ou a falta de) tornou-se um gargalo
para o próprio crescimento do país. Sem mão-de-obra especializada, não tem como
ter industrias mais tecnológicas e de ponta. Não tem como ter serviços decentes. Não basta mais saber “mal-e-mal” escrever
e fazer as quatro operações. Temos um atraso de décadas em qualificação profissional.
Mas não é impossível resolver. Países como a Coreia do Sul,por exemplo, com uma população e uma economia compatíveis com a brasileira, deu um salto
gigantesco na área do ensino e é hoje uma nação de ponta no mundo. Conheci alguns
educadores coreanos estes tempos. Gente séria, comprometida, e que se assustou
com nossa realidade e nossos números ridículos.
Por isso, acredito
que a contratação dos secretários “estrangeiros” foi uma cartada de João
D´Homero em busca de uma reviravolta no ensino, de uma arejada na secretaria. Intenções
boas numa área que nunca foi levada muito à sério. No entanto, o caldo
desandou. Por quê?
Não tenho condições de afirmar daqui, mas pelo que li nos
blogs a atuação dos secretários não foi politica, e compraram rapidamente muitas
brigas corporativas. A coisa ficou insustentável e, ao fim, tudo voltou atrás. Com
a nomeação da nova secretária, Lucicléia Lopes, a prefeitura dá uma nova
largada na corrida do ensino.
Conheço Lucicléia de infância. E desejo a ela toda a sorte
do mundo nessa empreitada. É preciso destravar o ensino, melhorar a carreira do
magistério para atrair pessoas qualificadas para esta área. É preciso ter métodos
inovadores de ensino, é preciso tanta coisa... A nova secretária, sendo
professora, com certeza tem uma boa noção destes problemas e saberá dar conta
de sua nada fácil tarefa.
Por outro lado, no calor dos debates, vi muitos comentários pedindo
soluções “caseiras” para a crise, ou seja, que os auxiliares da prefeitura
fossem somente capelistas da gema. Bobagem ou má intenção. Antonina no passado
foi grande porque soube receber pessoas de fora, principalmente as competentes
e talentosas. Temos que deixar a inveja provinciana de lado se quisermos um
futuro, qualquer futuro.
A única coisa a cuidar com políticas atração de cérebros é fazer com que se atraiam pessoas que, realmente
inteligentes, não cheguem botando banca, com posturas arrogantes e
autoritárias. Isso já tem demais, está lotado, pra gente ignorante e boçal não
tem vaga mesmo. Precisamos sim (o Brasil e Antonina) de mais e melhores cérebros.
Na falta de “genteware” com pé no lodo, temos sim que nos valer de competências
de além do rio Sapitanduva, por que não? Nossas crianças agradecem.
terça-feira, 2 de abril de 2013
ESSE CARA SOU EU
Eu mesmo por dentro, em imagens tomográficas; e mais não digo, por pudor de tão íntima visão... |
Lá se foi o mês de março. Mês grande, imenso como Minas,
longo pra atravessar como congestionamento pra praia em dia de feriadão. E eu
aqui, em recuperação depois do acidente e de uma cirurgia e da fisioterapia
para meu cotovelo esquerdo.
Antes que me perguntem: estava numa trilha em Minas Gerais,
num trabalho de campo com os alunos. Achamos uma cachoeirinha, pequenininha e
bonitinha. Tinha até um arco-íris nela, a sacana da cachoeira. Comecei a andar
ao redor dela por entre as pedras procurando boas amostras do tal do quartzito que
estávamos mapeando e, zás! Num átimo, como se diz na má literatura, escorreguei
e caí. Um limozinho de nada em cima da pedra, que nem musgo tinha. Cai de cara na
pedra feito uma bola de tênis jogada no chão.
Ainda tive que, sangrando pelo nariz, e com a ajuda dos
alunos, caminhar uns 2 quilômetros para fora da trilha, ainda meio tonto e com
muita dor. Chegamos à estrada, onde meus colegas nos buscaram de Kombi. Fui pro
hospital, mas o pobre hospital da pobre cidadezinha de Carrancas não podia
fazer melhor do que fez: me deram uma injeção de um analgésico forte e me mandaram
procurar meu caminho.
Voltei pra Campinas, onde fomos pro HC da Unicamp. Depois de
horas ali, esperando os residentes passando e vendo os horrores de um pronto-socorro
numa sexta feira à noite, fui atendido pelo Dr. Alberto Terrível e pelo Dr. Antônio
Lembrança. É verdade! Era o nome dos dois residentes que me atenderam! Diagnóstico:
“fratura cominutiva da cabeça do rádio com extensão intra-articular” e “fratura
na maxila esquerda e órbita esquerda”.
Depois de uma semana em casa com tala no braço e gelo na
cara o tempo todo, fui fazer a tal da “plástica”. Ir pra cirurgia numa maca,
olhando as luzes do teto passando por você parece cena de filme. De terror. Quando
os médicos disseram que iam cortar na altura do olho, eu olhei pra eles com
cara de “tenham piedade” e pedi anestesia dupla, sem gelo. Acordei meio zonzo,
e zonzo recebi alta. Foi um alivio ficar longe do hospital.
No começo, eu não existia: era uma cara inchada e disforme,
um olho lá no fundo, pequenininho e vermelho, fios de pontos de operação dentro
da boca, nos olhos, o diabo. Remédios, remédios, remédios. Minha boca ficava
com aquele gosto de pílula de remédio que enrosca na garganta e nem um nem dois copos d´água
conseguem faze-la descer.
No imediato pós-operatório, era tudo muito ruim. Não conseguia
fazer nada, nem ler meu jornalzinho de manhã. Comida pastosa. Remédios, remédio,
remédio. Hoje, o olho já desinchou, os pontos do olho foram retirados, os de
dentro da boca caíram. Tirei a tala do braço e faço fisioterapia uma vez por
dia, e ainda tenho bateladas de médicos pra visitar. Essa tem sido minha rotina
no ultimo mês.
Ontem, só ontem , vi as imagens da tomografia que fiz, ainda
na emergência do HC. Fiquei um tempo olhando praquela caveira até ter consciência
de que aquela caveira era eu. Sou eu! Foi um momento meio hamletiano, mas com
minha própria caveira: ser ou não ser? Confesso que é muito difícil olhar de
frente pra sua própria caveira, ainda mais sabendo que estou melhorando, em
breve saio da licença médica e volto para minha vida normal. Inclusive pra
voltar a fazer trabalho de campo e tomar banho de cachoeira.
Mas a imagem da caveira está ali, a danada, a me dizer que
vou ter muita coisa pra pensar na hora em que voltar ao meu trabalho e ter que
pular as (muitas) pedras que tem no meio do meu caminho. Agora, com uma placa
de titânio-carbono na cara pra me lembrar que tenho que tomar mais cuidado com
quartzitos com limo.
segunda-feira, 1 de abril de 2013
ANTONINA EM ABRIL!
01/04/1917 Inaugurado o Moinho Matarazzo
03/04/1873 Criada a Comarca de
Antonina e Morretes
04/04/1934 Fundado o Club Ypiranga
17/04/1958 Inaugurado o prédio da
Capitania dos Portos
20/04/1900 Falecia, na Lapa, o Padre Pinto (Francisco da Costa Pinto)
22/04/1888 Falecia, em Palmeira, o Comendador Antônio Alves Araújo
(político, industrial, duas vezes presidente da província)
26/04/1935 Falecia, em Curitiba, Teófilo Soares Gomes
28/04/1914 Nascia, em Penedo-AL, Aguinaldo Vieira da Silva (Profeta)
(elaboração:Celso Meira)
PS - devagar, ainda sob cuidados médicos, estou voltando ....
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013
QUEBREI A CARA!
Caros amigos:
Sofri um acidente em minha ultima viagem de campo. Quebrei literalmente a cara. Acabei fraturando um braço e afundei o osso do rosto. Devo passar por uma cirurgia reparadora semana que vem. Mas, fora o incomodo, tudo está bem. Assim que der volto a postar minhas algaravias.
Abraços a todos
Jeff
terça-feira, 19 de fevereiro de 2013
REPENSANDO A ÉPICA JORNADA
Na nossa querida Deitada-a-beira-do-mar, muito tem se dito e
escrito sobre a épica jornada dos escoteiros capelistas ao Rio em 1941. Uns tempos
atrás, andando ali pela antiga caserna,
uns meninos de uns oito ou nove anos vieram me contar o que tinha acontecido ali:
“os escoteiros foram a pé ao Rio de Janeiro entregar uma carta pra Getúlio Vargas”. Eles me contaram felizes e feliz fiquei por aqueles pirralhos terem conhecimento e
orgulho de tudo aquilo. Isso é consciência histórica.
No entanto, a cada 19 de fevereiro, que foi o dia em que os
bravos meninos de Antonina finalmente se desincumbiam de sua missão – retratada
pela foto de Milton Oribe entregando a carta ao ditador, eu vivo me
perguntando: o que aconteceu de verdade?
Temos um documento: o diário escrito – e muito bem escrito, aliás
- pelo bravo escoteiro Canário. Ali temos
os principais episódios, as lembranças, as desavenças entre os meninos, a
entrega da carta e a volta dos meninos para sua terra natal, com o dever
cumprido.
A primeira pergunta sobre este documento – existe um
documento original, feito por Canário durante a histórica viagem, e um outro,
que foi “passado a limpo” por Canário, onde este elimina histórias contadas no
calor dos fatos. O que temos por aí - eu mesmo tenho uma copia digital - é a
versão “corrigida”. Seria importante, para contar a história toda, ter as duas
versões dos fatos.
Os Escoteiros chegaram ao Rio em 26 de janeiro: por que não foram imediatamente
entregar a carta? Ao que parece, a tal entrega foi um evento em que tinham
escoteiros de todo o pais, e não só de Antonina. A própria foto em que aparece
um orgulhoso Milton Oribe ao lado de Getúlio, é claramente uma foto “oficial”,
ou seja, uma foto montada para aquele evento virar histórico.
Qual o papel da União dos Escoteiros do Brasil no episódio? Como
foi marcada a audiência? Sabe-se que naquela época era comum os ditadores de
plantão utilizarem-se de jovens para mostrar seu poder: Aí estão as juventudes
comunista, hitlerista, a “juventude balila” de Mussolini, e o movimento
escoteiro em outras partes do mundo. Os escoteiros de Antonina passaram para a
história ao lado do ditador e o ditador passou para a história como um herói de
juventude de seu pais. Os dois sairam bem na foto. Uma mão lava a outra.
Outra pergunta que não quer calar: o que eles conseguiram? Diz
a história oficial que as reivindicações foram atendidas. Quais? Existem documentos
ou decretos de Getúlio Vargas explicitando isso? Essas medidas tiveram efeito
de curto, médio ou longo prazo?
Enfim, trata-se de episodio épico que não deve se tornar mítico.
O mito tudo petrifica, reduz os fatos a lendas sem sentido histórico, que só servem para
perpetuar velhos discursos. O que está em discussão aqui não é a jornada dos
quatro meninos, épica em todos os sentidos que queiram dar a ela.
O que está em jogo é: o que estava acontecendo na cidade naquela
época para que se confiasse a meninos uma tarefa que em outras épocas seria
confiada a homens? O que foi conseguido? Qual foi o preço disso tudo para a
cidade?
Eu acho que esse é o verdadeiro sentido de se tentar entender a
historia de nossa cidade. Questionar mitos faz parte do jogo. Por trás dos
mitos, todos do mais puro mármore, surgem pessoas. Pessoas como eu, como você,
enganados entre a dor e o prazer, achando que são boas e que fazem o bem. O que
é o bem? O que é o mal? Quem tomou as decisões que tomou, baseado em quê? Quais
foram as consequências dessas decisões? Para quem serviram?
Essas perguntas valem para os homens (e meninos) de 1941 como
para os bagrinhos de 2013 e dos anos que estão por vir.
Sempre alerta, Capela Querida.
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013
SONHEI QUE ERA CARNAVAL, FESTA DO POVO...
É fevereiro, mas pra mim já parece março, abril. Antigamente
já se dizia que no Brasil as coisas começavam só depois do carnaval. Não avisaram
a turma por aqui, onde parece que o ano já vai solto. Já estou dando aula,
fazendo projeto, orientando, o diabo. Tanto que meu carnaval, a festa de momo,
foi a pique, inexorável como o Titanic.
Estava com umas datas marcadas para ir ao Rio de Janeiro
nesta semana trabalhar uns dias e festar
outros. Já estava com lugar pra ficar e meus amigos me chamando pros blocos
deles lá em Laranjeiras. Mas fui dormir na Imperatriz Leopoldinense e acordei
no Berra Vaca, o bloco aqui de Barão Geraldo. Acontece.
O Berra Vaca, no entanto, não é um bloquinho reles. Reúne cerca de mil pessoas e tem o maior
numero de PhDs por metro quadrado do carnaval brasileiro. Quase todos ali têm currículo
Lattes em dia, o que garante a excelência acadêmica do bloco, mas que não
garante a qualidade do samba. O repertorio de marchinhas é bom, mas os
puxadores atravessam, o som falha, o carro de som atrasa – ou adianta.
Mas ainda assim, há uma certa melancolia em tudo isso, como
sempre. Vi ontem aqui nos bravos blogs Capelistas os siris do carnaval da
Deitada-a-beira-do-mar, e bateu uma grande nostalgia das ruas de paralelepípedos
cheias de gente, os bloquinhos escrachados, os tipos folclóricos, as grandes
epopéias cantadas pelos valentes bagrinhos na avenida do samba. As imagens passam pela mente como num grande filme.
Ali estão o carnaval que a Capela ganhou mais estatuetas que
a Caixa D´água e perdeu o carnaval; A caravela do Império da Caixa D´Água do incrível
Wilson Rio Apa; ali estão tipos como Guaxica, a insuperável baliza; o “Respeito-as-velhas-
e-como-as-novas”, o palhaço com o cachorrinho; as fantasias sempre muito
criativas de Camilo Staniscia; Meu querido Formiga vestido de enfermeira; Seu Nenê
Chaminé e o Bloco do Pinico; Relen Salu Berght no alto de um carro alegórico,
vestido de conde, cantando sua apoteose na avenida do samba dos bagrinhos; como
não se emocionar com tantas cenas que passam pela cabeça, sem ordem nem tempo,
como se tudo fosse apenas um grande sonho delirante...
Não é. O carnaval de Antonina é uma daquelas criações
coletivas que ultrapassam em muito os seus muitos criadores e resplandece como resplandecem
as grandes manifestações populares pelo mundo. Sem nenhum favor, é um dos
grandes carnavais do Brasil. Eu vi alguns carnavais por aí, posso dizer isso
sem nenhuma dose de chauvinismo (mentira, só um ”puquinho”, como se diz na
terra de Vale Porto!).
Venho por meio destas maltraçadas confessar uma falta: faz
muito tempo que não vou ao carnaval mais importante do mundo. Por um lado, tem
a ver com a distância. Por outro, tem a ver com a ausência de meu pai: pra mim,
o carnaval era ele. Desde que ele se foi, não tenho tido mais coragem de passar
meu carnaval na avenida do samba. Sei muito bem que ali na esquina do Teatro ele
não mais estará. Ainda não sei encarar
seu vazio.
“É problema seu”, dirá um de meus 15 leitores. O carnaval
continua, a vida continua, assim como continuam em nossas mentes as lembranças
dos antigos carnavais. Cabe a nós, a cada um de nós, seguir em frente vestindo
sua fantasia e alegremente carregar a vida e seus mortos para a frente. O reinado de Momo vem aí, é preciso abrir as
portas da cidade para a folia e dançar, pular e cantar como se nada mais
tivesse sentido. Assim é.
sábado, 2 de fevereiro de 2013
SALVE DONA JANAINA!
(esta é uma postagem antiga, mas o sentimento é o mesmo...)
Hoje, dois de fevereiro, é dia de saudar Iemanjá, Dona Janaína, a Rainha do Mar. Envolvido em coisas torpes e mesquinhas, gastei todo o meu tempo livre em coisas produtivas e interessantes para o futuro do Brasil. Mas, esqueci da santa, de ir num laguinho e jogar alguma coisa pra ela. Uma coisinha qualquer, assim com um barquinho de madeira com velas, uma melancia, um ramo de flores meio murchas que estão precisando de água. Mas iemanjá me entende (eu acho), apesar do crime ambiental envolvido em seu culto.
Claro que cultuar Iemanjá não foi um habito que aprendi na minha infância, na Deitada-a-beira-do-mar de antanho. A Antonina de outrora, um lugar pacato e feliz, onde os padres eram americanos, tinham buldogues e tudo era pecado. Televisão? Pecado! Falar palavrão? Pecado! Faltar na missa? Pecado! Desejar o mal daquele filhodaputa que vivia te azucrinando e te perseguindo no recreio? Pecado! As meninas de mini-saia? Pecado! Pecado! Olhar por baixo da saia das meninas? Pecado mortal!
Como então aquela santa maravilhosa, de vestido azul saindo das águas não seria também pecado? Bela, sensual, arrastando os homens para as profundezas do mar, como não amar Iemanjá? Como não amar aquela vontade de afundar naquele mar de desejos que estava na nossa frente, e que aqueles padres americanos sem-batina (oh pecado!) nos proibiam – secundados por um sem-fim de velhas carolas – nos ameaçando com o mais terrível dos infernos? Como amar, como desejar?
Claro que isso são bobagens que se desfazem quando você desce na rodoviária de São Paulo, a antiga Julio Prestes, cheia de gente de tudo que é canto do Brasil. Ali, aquela balburdia de gente, de cores e cheiros diferentes, de sotaques diferentes, jeitos diferentes e desejos nem sempre iguais, você acaba por sentir que o sermão do padre de Antonina não fazia sentido. Coitado do padre, só entendia de cuidar do buldogue dele, que só entendia ordens em inglês. Bom mesmo era o vento do mar quando saiamos da missa na matriz, olhar se a maré estava cheia ou vazia, ou se tinha navio no porto.
A Antonina de hoje eu estou conhecendo e aprendendo a conhecer. Hoje conheço bem os morros, conheço algumas pessoas e algumas comunidades que nem sequer sonhava em conhecer nos meus tempos de guri. Na prática, é a mesma coisa. Antonina continua com suas idiossincrasias (no popular: com seu “jeitão”), só que atualizado aos tempos do celular internet e Ipad. Uma cidade que tem na primeira divisão do futebol times como “Real Madruga”, “Zorba no Rego” ou “Sovaco da Cobra” é um lugar de uma idiossincrasia bem idiossincrática. Hum...deche...
Iemanjá veio depois na minha vida, na Bahia, em Santa Catarina, no Rio de Janeiro, e nos outros lugares que andei. Embora não-crente, procuro respeitar o credo dos outros. Acho bonito a pessoa crer em algo, eu que creio em coisas risíveis, como igualdade-liberdade-fraternidade, democracia, socialismo. Hoje não entendo mais direito essa coisa de crer, mas acho bonito quem acredita em algo, acredita nos deuses, ou no Deus, contanto que não queira sair por aí queimando hereges (como eu) ou explodindo embaixadas. E acho bonito o culto a essa deusa feminina e caprichosa que nos ama e que quer nos quer destruir. Assim são as mulheres. Viva o dois de fevereiro.
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013
ANTONINA EM FEVEREIRO...DATAS E FATOS
05/02/1925 Nascia, em São Paulo , Wilson Rio Apa
08/02/1931 Falecia, em Petrópolis- RJ, Antônio Luiz Von
Hoonholtz, Barão de Tefé
10/02/1937 Falecia, em São Paulo , o Conde Francisco Matarazzo
11/02/2004 Falecia Heitor Vieira (Relen Salumberg)
15/02/1842 Nascia, em Morretes,
Antônio Ribeiro de Macedo (Coronel)
16/02/1854 Nascia Teófilo Soares Gomes
16/02/1920 Inaugurado o Estádio
Francisco Pinto (A. A. 29 de maio)
16/02/1947 Era fundada Escola de
Samba do Batel
16/02/1991 Era fundada Escola de
Samba Leões de Ouro
17/02/1962 Inaugurado o Cine Ópera
19/02/1942 Escoteiros de Antonina
entregam mensagem a Getúlio Vargas
22/02/1979 Era fundada Escola de
Samba Unidos do Portinho
27/02/1932 Falecia, em Curitiba, Ermelino Agostinho de Leão
(COLABORAÇÃO DE CELSO MEIRA)
sexta-feira, 18 de janeiro de 2013
O PRETO PODE SER UM DIGNO MEMBRO DA SOCIEDADE HUMANA
Karl Von Koseritz (1830-1890) |
"Meus leitores já conhecem Antonina, e assim poderia ficar a
bordo, uma vez que o meu dever de repórter não me chamava. No entanto, quando
se está há alguns dias a bordo sente-se especial prazer em ir a terra de novo,
e, como devíamos permanecer ali longas horas, desembarquei com o sr. Hauer e
logo achamos o restaurante da sra. Rosskampf onde tomamos a excelente cerveja
de Morretes, esta pura e verdadeira flor das cervejas nacionais. Fui em seguida
ao telegrafo, mas como o telegrafista tinha saído para passear tive de esperar
meia hora até que ele voltasse. Depois voltamos à casa da sra. Roskampf, onde
tomamos um almoço frugal, que nos coube muito bem, depois de dias de comida de
bordo.
Visitei
todas as ruas de Antonina, mas alem das coisas notáveis já observadas antes
encontrei uma outra, isto é, uma velha ruína com as portas e janelas
escancaradas, tudo aberto e destruído, arrebentado por toda parte, mas que
trazia uma taboleta com a inscrição “Hospital da Santa Casa”.
Extraordinária idéia. Uma ruína não pode ser
hospital; pode no máximo pretender sê-lo, depois de restaurada. Possivelmente
puseram a taboleta para convidar os estrangeiros a auxiliarem na reconstrução
da casa, que já se acha assim há 20 anos. As ruas de Antonina estavam desertas,
a pesar do domingo, somente os urubus andavam gravemente e sacudiam a cabeça
para os estranhos que perturbavam o seu dia santificado.
Somente pela tarde se
animou; havia corridas nas proximidades, e os jovens cavaleiros de Antonina
vieram à casa da sra. Roskampf a fim de jantar e comentar os acontecimentos das
carreiras. Causou-me
curiosa impressão que um negro se tenha assentado na mesa junto com os rapazes,
(na sua maioria de descendência alemã), e se tenha feito servir confiadamente
por brancos. Isto parece natural aos costumes locais, e afinal o cidadão preto
pode ser um digno membro da sociedade humana.
À noite voltei para bordo e esperei com paciência até que o
carregamento estivesse acabado e nos puséssemos a caminho. Já disse que desde Paranaguá até
Antonina as alturas que cercam a baia são cobertas por espessas florestas, nas
quais não se vê uma clareira.
O sr.
José Hauer me disse que a terra é excelente e muito fértil mas falta gente, e a
incoerência dos governos desacreditou de tal forma o Paraná com os seus erros
que não se pode pensar no reforço da imigração nos próximos tempos.
Infelizmente é sempre a insensatez dos governos que cria impedimentos aonde a
natureza oferece tudo o que é necessário para um bom desenvolvimento da
imigração e da colonização.
Naturalmente quando ocorrem desonestidades como
aqui, onde potentados compram terras por 15 contos para vendê-las ao governo
por 90, terras aonde não há absolutamente nada, então não se deve admirar que a
colonização não progrida. Tenho ainda muita esperança nesta bela e rica
província, aonde a cultura alemã, (pelo menos na capital e imediações),
floresce tão fortemente. Possam os patrícios do Paraná prosseguir no caminho
certo; também eles têm a construir uma parte da historia cultural, e um dia,
conosco e com os alemães de Santa Catarina, seremos um fator nada desprezível
na historia do Brasil meridional.
Amanhã, se correr bem, estaremos ao meio dia em Desterro, e
de lá ainda escreverei. Quarta feira de manhã devemos atingir a nossa barra; se
tal não se der, é outra questão, que fica aberta ao destino.
Antonina, 24 de junho de 1883".
mais um texto de Karl von Koseritz, jornalista alemão que se radicou no Rio Grande do sul e foi um dos grandes propagandistas da imigração alemã para o Brasil nos tempos do Império Esta é sua segunda passagem pela Deitada-a-beira-do-mar. (a primeira pode ser lida aqui). aqui ele narra o passeio pela cidade deserta, sabemos que em Morretes tinha uma cerveja boa. Koseritz narra a moda das corridas de cavalo em Antonina e se surpreende ao ver um negro sendo tratado como igual pelos outros rapazes brancos. Ao final, comenta sobre a corrupção que grassava no Paraná daquela época, onde os fazendeiros compravam terras de graça e as vendiam ao governo por fortunas. Nada que aconteça hoje, felizmente...