Eu ainda não era nascido, mas me lembro muito bem: hoje, há
cinquenta anos atrás, a seleção conquistou seu segundo campeonato mundial no
Chile. Há uns anos atrás, segui com fervor uma serie de programas da TV Cultura
que “retransmitiam” os jogos, com comentários de quem esteve lá, como Newton Santos, Zito e outros.
Não foi uma seleção de jogo bonito, como os times de 58, 70
ou 82. Mas, entre eles havia um gênio, o Mané. Um dos poucos Manés gênios da
historia da humanidade. Como ele, em Copas do Mundo, só houve Maradona, em 86,
e Romário em 94. Times ruins, ou velhos, ou sem criatividade. “Mas passa pra
mim que eu resolvo”, teria dito o Mané do alto de sua autoconfiança nos
gramados.
De dia, os treinos, os exercícios, os jogos. De noite, Elza Soares.
Quem não se torna autoconfiante desse jeito? De acordo com Newton Santos, foi o
amor de Elza por Mané, então na sua fase da paixonite aguda, uma das
explicações para a boa fase do anjo de pernas tortas: fez gol de cabeça contra a
Inglaterra, gol de fora da área, o diabo. E, ainda, recolheu um cachorro que
havia invadido o gramado e que ninguém conseguia pegar. Enquanto todos
perseguiam o pobre animal, Mané, o Garrincha, fez o que seria o óbvio, como
seus dribles desconcertantes: assoviou e chamou o cachorrinho, que correu a
ele, todo contente. Mané pegou-o no colo, carinhosamente, e o devolveu aos juízes.
E o jogo continuou. Naquela copa, Mané só não fez chover.
(Enquanto isso, ontem, em Paranaguá, o festival de horrores
do rubro-negro teve mais um episodio. Ainda bem que Virgilio e Dante Aliguieri,
que estão acompanhando a Eurocopa, não estão aqui pra me zoar...)
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