Depois de falar de um dos óbvios da politica antoninense, a
candidatura Munira, agora vou tentar abordar outro tema, tão espinhoso quanto o
anterior: quais as perspectivas e as chances de Canduca no tabuleiro eleitoral?
Lembro-me de ter assistido, em 2008, das janelas do
restaurante Buganvil, a uma passeata da candidatura Canduca. Foi uma coisa pra
mim impressionante e muito nova: as pessoas de branco, o clima alegre, quase de
um desfile escolar. Pelo pouco que vi, foi um reflexo da candidatura Canduca e
seu clima de paz-e-amor: com esse clima, sua candidatura conseguiu pautar uma
eleição numa postura menos “briguenta” e mais propositiva.
Isso foi pra mim uma grande novidade em eleições que sempre
foram muito mais acirradas e briguentas, com acusações de lado a lado, e muita,
muita “marra”. Com essa postura, Canduca conseguiu ficar por cima da briga e,
mesmo com um numero de votos ligeiramente menor do que na eleição de 2004
conseguiu se eleger contra dois candidatos fortes, como Munira Peluso e Kleber,
que então estava com a máquina municipal.
O que houve desde então? Por um lado, Canduca procurou
reorganizar a máquina pública, principalmente conseguindo zerar os Cadastros
que permitiam ao município lutar por verbas públicas oferecidas pelo governo
federal. Uma das maiores coisas dentre todas foi Hospital Silvio Linhares, que está
sendo reconstruído. Muito dessa
conquista é fruto da ação de meu querido amigo Zé Paulo Azim, de longe o melhor
secretário municipal da gestão Canduca, por isso mesmo cacifado para a eleição
municipal. (Ao meu amigo-irmão Zé Paulo desejo boa sorte na sua nova carreira
politica, tão cheia de desafios e percalços).
Por outro lado, Canduca nunca teve medo de desagradar,
quando necessário: mudou a cara da Feira-mar e de outros logradouros, o que lhe
valeu muitas críticas. Nestes últimos anos, depois de muitas reclamações,
inclusive as minhas, ele conseguiu manter a região central da cidade mais
limpa, depois de terminar seu primeiro ano com as ruas ainda cheias de mato.
Canduca, por outro lado, nunca participou ou interferiu na nossa ativa
blogosfera, por mais que tenha sido citado de maneira negativa o mais das vezes.
Esta postura paz-e-amor, considerados alguns de seus antecessores, é uma grande
virtude.
Durante a catástrofe de março/2011 a atuação do governo
municipal foi impecável. Todos lutaram muito, desde os altos escalões até o
mais humilde funcionário, todos participaram ativamente na minimização da
tragédia. A prefeitura, colocada de joelhos pela tragédia, lutou com um só. Eu estava lá, eu vi. O atraso na construção
das casas populares no Batel, por outro lado, está complicando muito sua imagem
nessa área.
No entanto, Canduca deu algumas derrapadas, como na novela
do barracão de fertilizantes e a mudança a toque de caixa do Plano Diretor
Municipal. É necessário um grande ajuste no Plano Diretor Municipal, e não
remendos na lei para atender os interesses de algumas empresas, como ficou
parecendo. Em quatro anos, apesar dos avanços, o município também não conseguiu
dar conta do problema do lixo embora, como já escrevi antes, este não seja um
problema só da prefeitura. Envolve também a educação da população.
Contrariamente a muitos colegas de blogosfera, eu tenho uma
visão positiva da gestão Canduca: se ele não foi um prefeito dos sonhos (e quem
é?), também não vai entregar a prefeitura em pior estado que recebeu. Dizem que
suas chances de reeleição são reduzidas, mas aqui da minha distância
regulamentar não vejo isso, fora as reclamações que todos, Brasil afora, fazem
de seus governantes. Aqui em Campinas, por exemplo, estamos há um ano sem
prefeito e sem vice, cassados por um escândalo de corrupção, governados
interinamente pelo presidente da câmara. Nova Friburgo, além da tragédia do
clima, está sem prefeito pelo mesmo motivo. Querem coisa pior?
O fato de ser honesto obviamente não qualifica ninguém para
ser político. Antes de tudo, é pré-requisito. Não sei como avaliar seus
concorrentes, exceto Munira Peluso, já bafejada com a sorte nas urnas. Se a
leveza do estilo de Canduca não nos fez subir às alturas, pelos menos conseguiu
que não afundássemos na lama. Pode ser muito, pode ser pouco, não tenho os dons
adivinhatórios de mãe Diná pra saber. Pai Zinho, meu guia espiritual, só me
traz notícias do passado. No futuro, serão os próprios bagrinhos que definirão
muito em breve isso tudo nas urnas.
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