Johan Jakob Von Tschudi (1818-1889) |
As 5 ½ horas da tarde, levantamos âncora e navegamos para o
interior da baia, para de novo ancorar 1 ½ hora depois, pois o canal de navio,
sob o comando de um capitão como o nosso, não é inteiramente seguro à noite.
Cedo, às 6 horas, recomeçamos a viagem e , cinco quartos de hora depois,
alcançamos a vila de Antonina, situada sobre uma espécie de promontório, nas
proximidades da foz dos rios Cachoeira e Nhundiaquara. Na baixa-mar, o
desembarcadouro é uma costa lamacenta muito traiçoeira; um dique de pedras nuas,
nas quais há sempre o perigo de quebrar as pernas, não o torna nada melhor. A
pequena cidade, com as serras ao fundo, faz um recanto encantador, mas
insignificante, com apenas duas ruas paralelas e uma fileira bem comprida de
casas, que dão para uma praça coberta de capim, onde pastavam cavalos e vacas.
Duas igrejas estavam em construção e uma muito antiga há muito se encontrava em
ruinas. Antonina também se preocupa muito com o comercio do mate e possui
vários engenhos, dos quais alguns a vapor e outros de almanjarra. Entre os
moradores de Antonina e os de Paranaguá reina grande rivalidade e todos se
movimentam para conservar em sua vila a alfandega de Paranaguá. Não podem eles
argumentar com nenhuma outra razão em favor de sua pretensão, senão que Antonina
é o ponto mais próximo de Curitiba, a capital da província. A distância aqui
totaliza 14 léguas de péssimo caminho. Especialmente na serra, no momento
presente, costuma tornar-se impraticável. A cidadezinha de Antonina conta
aproximadamente 2.000 habitantes e goza de clima tão sadio quanto Paranaguá.
Aqui os últimos passageiros deixaram o navio e voltei só
para à bordo, bem feliz de ficar livre dos companheiros, pois eles, com uma
única exceção, no fundo, eram por assim dizer uns camaradas sujos.
As 14 horas, partimos de Antonina e desembarcamos em
Paranaguá às 2 ½ horas, onde, mais uma vez, seria recebida mais carga, e um
funcionário aduaneiro revisou a lista reduzidíssima de passageiros.
abril-maio 1858.
fonte: Trevisan, Edilberto. Visitantes estrangeiros no Paraná. Ed.
autor, 2002, Pag 70-72
(esta pequena perola resgatada pelo prof Edilberto Trevisan narra a curtíssima passagem pela nossa Deitada-a-beira-do-mar pelo grande naturalista suiço Johann Tschudi - tem até a biografia dele na wikipedia em inglês (aqui); é interessante, para alguns bairristas mais fanáticos, conhecer a impressão que os estrangeiros tinham - e têm - de nossa cidade. esse trecho é de abril-maio 1858, há 150 anos portanto)
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