Nuvens no alto do Morro do Feiticeiro, sinal de chuva na terrinha |
Outubro está acabando. Aqui em Barão Geraldo, onde moro, as vezes chove outras bate sol, como diria o poeta. Mas não é poesia, é que aqui a temporada de chuvas está começando. De marco a setembro até faz um friozinho, até cai uma e outra chuvinha, mas o normal é que o tempo fique seco e ensolarado. Agora espessas nuvens percorrem o céu e, no fim da tarde, cai uma chuva. Mas isso é só a primavera. No verão, em dezembro e janeiro, será pior, com grandes tempestades e enxurradas caindo sem aviso e rios enchendo de uma hora pra outra. Em são Paulo, quem se arrisca em locais baixos pode ter seu veiculo arrastado para uma vala. Fevereiro e março as chuvas caem mais devagar, mas ainda chove muito. E tudo recomeça.
É aí que começo a me lembrar de minha terrinha, onde chove porque sim e chove porque não. No verão, chove mais ainda. No verão passado, a chuva deixou mortos, feridos, desabrigados e uma destruição como nunca se viu nas terras de Valle Porto. Como será o próximo verão?
Os meus amigos da MINEROPAR, valentes como sempre, estão firmes lá em cima do morro, descrevendo os barrancos, anotando as pedras, mapeando as fissuras do verão passado. Em breve, teremos um bom mapeamento do morro, do Bom Brinquedo até o Tucunduva. Existe um pluviômetro instalado no corpo de bombeiros, atento para qualquer seqüência de chuvas anormais.
Estive na terrinha em setembro, fiquei cinco dias com meus alunos aqui da UNICAMP, fazendo um mapa dos escorregamentos de terra da laranjeira e coletando dados para um mapa geológico da cidade. Conversei com varias pessoas, como meu querido Eduardo Bó, vi o lançamento de seu livro e compartilhei com ele a preocupação de todos com o verão chegando. Conversei inclusive com Canduca, que se mostrou também preocupado com os preparativos para este próximo verão, com a questão dos desabrigados e tantas outras.
No entanto, fiquei um tempo ocupado com meus trabalhos e com meus alunos e comecei a ver a blogosfera capelista de vez em quando, quando tinha tempo. O que vejo é que a blogosfera, que antes era um lugar de discussão e debate, está virando uma grande arena eleitoral. Todos com seus blogs, com as exceções de praxe, estão só tentando ocupar espaços para a eleição que se aproxima. Alguns serão vereadores, outros continuarão vereadores, outros serão secretários municipais. Outros, ainda, ficarão de fora da partilha do bolo e irão para a oposição. E com Antonina? Tirando as exceções de sempre, alguém se preocupa?
Não sou candidato a nada, embora tenha minhas idéias e opiniões sobre política. Algumas delas eu exponho aqui no meu blog ou no Bacucu de meu querido amigo Neutinho. Para minha honra, um tempo desses tive até meu nome sondado pra ser candidato nas eleições da terrinha. Mas não. Estou longe. Meu projeto de vida neste momento é bem outro. Até me pergunto, aqui no meu rico exílio em Barão Geraldo, se vale a pena ter um blog voltado pra minha terra. Será que vale o tempo e o esforço de ter idéias e escrever num espaço virtual para poucas pessoas, que nem sei o que pensam do que escrevo?
Quero deixar claro que escrevo sobre tudo para mim mesmo, é por necessidade quase vital de falar algo que arrisco estas maltraçadas linhas. Poderia estar escrevendo sobre outras coisas, para outras pessoas, mesmo outras cidades. Porem, sou teimoso. Amo minha terra e seu povo. Por ela, reviro céus e terra. Mas confesso que, nesse quente mês de outubro, estou cansado, muito cansado. Me preocupa sobretudo que o embate eleitoral do ano que vem seja vazio e inconseqüente, quando sabemos que o verão e as chuvas estão chegando e a reconstrução da cidade depois da tragédia ainda precise da ajuda de todos.
Não desanime! Não sei quantos estão lendo as suas publicações, mas lhe afirmo que das suas crônicas, comentários ou seja lá o que for, mais gosto do que desgosto. Um abraço e continue firme escrevendo sobre Antonina, esqueça a politicagem.
ResponderExcluirUm abraço!
Jefferson O. Fonseca
Valeu, xará...
ResponderExcluirabraços!!