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Registro da reunião que mudou o rumo da Educação no Brasil... |
Como já dizia Cicero
no Senado Romano – “Que tempos! Que costumes!”. A desfaçatez já nada teme, a sabedoria
de nada vale. Vivemos realmente num tempo difícil em que as pessoas não têm
mais pudor em exibir sua ignorância e preconceito para todos verem. Não há nada
mais feio do que a ignorância que se acha, a ignorância sem espelho em casa. Pior,
estas pessoas ainda declamam arrogantemente sua ignorância nas ruas nas
conversas e nas redes sociais como se estivessem falando de uma pia e devota peregrinação
a Jerusalém...
Não bastam os ataques e as interpretações (demasiado livres,
diga-se de passagem) sobre nossa situação institucional, ainda temos que ver o
ministro golpista da educação receber -
quem? Alexandre Frota e o tal do Marcelo sei-lá-quem para discutir os rumos da
educação brasileira (ver aqui).
Onde iremos parar, caras-pálidas?
É o cúmulo do escárnio. Um ministro – por mais golpista que
fosse, o qual deveria estar cuidando das politicas da educação, que é um dos
principais gargalos deste país, passa o tempo a tratar com arrivistas e sub-celebridades
que estarão lá para dar suas “ideias” para ajudar o pais que “eles” amam.
Já tivemos ministros da educação abomináveis – Suplicy de Lacerda,
Jarbas Passarinho, Ney Braga, o general Rubens Ludwig, só pra citar os do
regime militar – pouco preocupados com educação de qualidade, com aumento no nível
de cultura do país e outras causas de estado. O Brasil perdeu durante os anos
60 a chance de melhorar radicalmente a educação e aumentar o patamar de inteligência
da nação como o fez com sucesso a ditadura sul-coreana, militar e de Direita como
a nossa.
A nossa preocupação é sempre com o perigo da Senzala. Nossas
“zelites” (aí incluída a classe média que “pensa” que é elite) morrem de medo
da Senzala. “Educar pra que?”: era assim que falavam os coronéis do interior do
Brasil para justificar que a massa permanecesse iletrada. A massa trabalhadora, as mulheres em
casa, ninguém deveria ter acesso a nada que cheirasse a educação.
Hoje, o mote é outro. As sub-celebridades que foram ao
ministro levavam sua preocupação com a dita escola “partidária”. A preocupação
é que as pessoas tenham uma educação que as torne mais criticas. Isso, segundo
eles, seria “partidarizar” a educação. Ninguém está preocupado com melhorar o nível
de nossa educação, com melhorar as condições dos professores, com melhorar os métodos
de ensino. Não estamos nesta situação porque os governos e mesmo nosso amado povo
não tem um real compromisso com a educação, que seja dita a verdade. Nossa educação está assim porque é “partidária”.
Vamos voltar então a estudar que Pedro Alvares Cabral
descobriu o Brasil por acaso, que a independência do Brasil foi feita porque um
príncipe português gritou com a espada levantada à beira de um riacho nauseabundo. Eu
aprendi, numa escola “não-partidária” que frequentei na minha infância, que os
militares derrubaram um governo legitimamente eleito porque estavam salvando o
Brasil....
Os arautos da Direita nas redes sociais adoram chamar os
outros de “apedeuta” (consulte o google se você não sabe o significado). Lula
seria o apedeuta dos apedeutas. Alias, escreva apedeuta no google e verá a
ligação que os algoritmos fazem entre o nome “lula” e a palavra “apedeuta”.
(O que estas pessoas não falam e não querem falar que, por
mais que se fale de Lula, ele jamais pode ser chamado de apedeuta. Chamar Lula
de apedeuta é mais um dos muitos sintomas de preconceito social que temos, é a
vingança dos que tem um carro na garagem contra um sertanejo que, contra todo o
destino, venceu as barreiras de nossa sociedade de castas e teve por duas vezes
o mérito de ser o presidente do país. Lula pode ser muitas coisas, mas burro com
certeza ele não é. )
Acontece que muitas pessoas não são ignorantes porque
querem. Muitas pessoas não tem acesso a um ensino de qualidade, e muitos sequer
tiveram acesso ao ensino formal. Quantas vezes vemos exemplos de pessoas que,
na velhice, vão para os bancos escolares para melhorar sua compreensão do
mundo. A nossa sociedade de castas se revela no acesso que cada um tem ao
ensino. Democratizar o acesso? Como? Estudar pra quê?, entoam nossos jovens de
Direita, ecoando os coronéis de antanho. Pobres na universidade? Cotas?
Nenhum pais industrial moderno cresceu sem alavancagens
sociais. Os Estados Unidos por anos tem sistemas de cotas raciais. Depois da segunda
guerra mundial criou o “GI Bill”, um PROUNI para os soldados que vinham de
vencer a segunda guerra. Sem um mínimo de alavancagem, ninguém sai de sua
condição econômica e social. Não querer isso é ter o olhar no seu privilegio de
classe, sem enxergar politicas mais abrangentes – de Estado – para melhorar a
educação.
Com isso, voltamos ao “encontro” desta bela tarde de 25 de
maio. Um ministro vinculado ao ensino pago e desclassificados preocupados com a
“partidarização”. Cena que com certeza deixou o “Sensacionalista” e todos nós
perplexos. Alexandre Frota é um desclassificado não porque ele foi ator “sério”
que descambou para o pornô; a profissão de ator pornô pode ser digna para quem
a exerce com dignidade. Alexandre Frota é a mais cabal demonstração de apedeuta
que eu conheço. Ele não é um ator, é um lumpem. Alguém que teve acesso a um mínimo de educação e que trata da
educação com desprezo. Trata o saber com escarnio. Quando foi a ultima vez que ele
veio aproveitar de seu papel de sub-celebridade para falar sobre temas de
educação?
É este o dialogo que
tem ocupado a educação brasileira. É esse o caminho que vamos trilhar.
Foi realmente pra isso que você bateu panelas e gritou “fora
Querida”?