terça-feira, 28 de agosto de 2012

O SEXTO DOS INFERNOS

Dante & Virgílio cruzando o Quinto Círculo do Inferno, onde estão os avarentos  e  os gastadores;  o leitor atento poderá reconhecer alguns dirigentes rubro-negros (e não só rubro-negros...) nesta singela imagem

Enfim, acabou o primeiro turno do inferno da segundona. Até que não foi assim tão ruim. Depois de um começo meio assim-assim, em que esteve inclusive cheirando o enxofre da terceirona, o rubro-negro venceu suas últimas quatro partidas e dá uma respirada. Em sexto lugar, a dois pontos do G4, o rubro-negro sonha.
Aqui de meu exílio campineiro acompanho de longe, rodeado de meus amigos Dante e Virgílio, especialistas em inferno. Às vezes, Arthur Rimbaud, poeta maldito, dá uns pitacos pra entendermos nossa Estadia no inferno. Gusano, meu amigo engarrafado, dá uns goles de mezcal e segue com suas filosofias. Longe de tudo isso, mestre Stendhal, o glorioso autor de O Vermelho e o Negro, mergulha nas profundidades da psiquê atleticana. Quer time melhor?
Pois então. Cerca de dois meses e 19 jogos depois, o rubro-negríssimo conta com um time totalmente diferente do que iniciou a infernal jornada. Três técnicos passaram pelo CT do Caju. A diretoria parece confirmar o Drubscky (quem?) como o técnico titular. Junto com o alivio, uma sensação de que o bode, ao menos por enquanto, foi tirado da sala.
Dante me conta que no quinto circulo do inferno estão as pessoas que não sabem lidar com dinheiro. Neste lugar estão os avarentos, aqueles que praticam a usura e não gastam o que tem e também aqueles que, pródigos, gastam demais. Numa sala escura e fétida, numa briga que nunca termina entre os dois lados, os gastadores e mãos-de-vaca escoam seus míseros dias de eternidade.
Segundo Dante (Virgílio concordou com um grave aceno) alguns antigos dirigentes rubro-negros já se encontram nestes círculos, sofrendo as agruras infernais. Outros, ainda em atividade, estão sendo avidamente esperados no quinto circulo do inferno. Claro está que lá também se encontram outros dirigentes do futebol brasileiro e mundial, além de políticos, empresários e figuras do show-bizz.
A Arena da Baixada, segundo Dante, tem aumentado muito o quinto circulo do inferno, a ponto do Sete-peles, vulgo Capiroto, já ter pensado em aumentar a sala do Quinto Circulo e fazer um grande salão com sauna a vapor e massagem da varas. Os empreiteiros do inferno já estão fraudando a licitação.
Mas, enfim, tem ainda dezenove jogos pra ver se saímos ou não do inferno. Por enquanto, ali estamos sem qualquer esperança, como é apropriado em situações como esta. Gusano, a meu lado, dá um gole no mezcal e dá uns cochilos. Aqui em Barão Geraldo neste fim de agosto, mês do cachorro louco, está uma secura só, com direito a fuligem, olhos ardendo e nariz seco. Um inferno.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

CANÇÃO DO EXÍLIO (O MEU)

Palmas pulmões Palmares
minha terra não sabia,
o que se planta se dá:
arroz, feijão e pitanga
as aves que aqui gorjeiam
terreiros de saravá

Os poetas de minha terra
são cambistas, motoristas
declamando ditirambos
em torres de ametista
(os frutos podres das árvores
pedem pelo sabiá)


Palmas pulmões Palmares
em cismar sozinho à noite 
(vontade de me casar!)
minha terra tem capela 
lá no alto da colina
Da Senhora do Pilar

(1999)

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

UMA CONTA SALGADA...


(Bigg-Whiter e seus companheiros pedem a conta do Hotel....que surpresa!)

(...)
Pedimos ao Sr Pascoal a extração de nossa conta para logo e, por varias horas, ficou ele sentado à cabeceira da longa mesa da sala de jantar (a mesma em que eu dormira parte da noite no dia de chegada à Antonina), absorto com as somas e os cálculos, cercado de tinteiros, canetas e longas tiras de papel. Evidentemente, a preparação de conta tão grande era um acontecimento na vida de nosso hoteleiro.
Quando por fim a conta foi apresentada, não nos admiramos mais do tempo que ele havia gasto à mesa.
Segundo as contas do Sr Pascoal, nós e os nossos convidados havíamos consumido trezentas garrafas de cerveja em três dias. Supondo-se mesmo que quarenta garrafas tivessem sido dadas de vez em quando aos carregadores, o nosso consumo por pessoa e por dia era de nove garrafas de cerveja!
Infelizmente, nenhum de nós teve a ideia de contar ou anotar a quantidade gasta. Ele nos garantia, fazendo gestos suplicantes de inocência ofendida, que havia anotado cada garrafa pedida, do que não duvidamos, mas depois, certamente, multiplicou o total por três, como havia feito “Madame”, no hotel “Ravot”, no Rio de Janeiro. Quanto às outras rubricas a conta foi bem razoável, porque a comida era boa e havia fartura. Era muito melhor do que a que vínhamos comendo nas últimas cinco semanas. Resolvemos admitir que as contas do Sr Pascoal estivessem corretas e pagamos o total.
(...)
Na manhã seguinte, cedo, apareceram duas carroças à porta para nós, puxadas cada uma por cinco dos pequenos cavalos da região. Três bestas de sela as acompanhavam; uma para o tropeiro, que seria o guia interprete e camarada, e as outras duas para o Capitao Palm e Curling (chefe do II grupo) que preferiram ir montados, porque ficavam mais à vontade.
A parte do material que ficara pusemo-lo nas carroças e entramos para nos despedir do dono do hotel. A despedida foi muito afetuosa. Se foram as nossas boas qualidades ou a maneira afável que pagamos a extensa conta, que lhe conquistaram o coração, não me atrevo a dizer. Mas o certo é que ele nos abraçou um por um repetidas vezes e com lagrimas nos olhos, desejando a todos nos muitas felicidades e breve regresso diante dos perigos a nossa frente e pedindo que não nos esquecêssemos dele. Quanto a mim , garanto que não esqueci. Todas as vezes que via uma garrafa de cerveja era o bastante para que ele viesse a minha lembrança muitos meses depois. 

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

BICUDOS NA PORTA DE CASA!



(Thomas Bigg-Whiter e seus amigos se espantam com a quantidade de pássaros na Antonina do seculo XIX...)


(...)
Durante aqueles três dias de nossa estadia em Antonina tivemos ocasionalmente tempo de sair com nossas espingardas de caça, mas só ao noitecer do segundo dia foi que fizemos a descoberta de que certos campos alagadiços, nos arredores da cidade, estavam cheios de narcejas. Faber (chefe do grupo I) e eu voltávamos de um passeio às matas, naquela tardinha, quando vimos diversas daquelas aves voando. Não as reconhecemos imediatamente, (nunca pensamos em encontrar no novo mundo aquele tipo de ave), mas, atirando numa por curiosidade, ficamos atônitos por ser realmente uma narceja. Começamos logo a caçada, para recuperar o tempo perdido e conseguir algumas no curto espaço de meia hora que ainda restava de claridade. Naquela mesma noite comentamos o caso, enquanto saboreávamos uma boa batida com ovos, como aperitivo para o jantar.
Foi falta de sorte nossa não ter feito aquela descoberta mais cedo. Se soubéssemos da existência daquela mina ali pertinho de nossa porta, teríamos sem duvida feito penetrações profundas, pois, embora fosse boa a comida do hotel, ela não era variada. Comíamos, todos os dias, os mesmos pratos no almoço e jantar. O terceiro e ultimo dia em Antonina aproveitamo-lo caçando narcejas, embora o Sr. Pascoal, para nos animar, afirmasse haver tão grande numero de “bicudos”, como as chamava, no planalto de Curitiba, que era possível mata-los da porta de casa!

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

A CAPELA NO MÊS DO CACHORRO LOUCO!


05/08/1924    Nascia Milton Oribe

07/08/1942     Falecia o Dr. Heitor Soares Gomes

07/08/1943     Explosão e incêndio destruíam a estação ferroviária da Laranjeira

13/08/1860     João da Silva Machado recebia o título de ‘Barão de Antonina’

14/08/1906     Falecia Nestor Pereira de Castro

15/08/1885     Inaugurada a Casa Escolar Dr. Brasílio Machado (Brasílio Augusto Machado de Oliveira era o Presidente da Província)

18/08/1892     Inaugurados o ramal ferroviário Morretes-Antonina e a estação ferroviária da Laranjeira 

20/08/1854      Iniciada a construção da estrada da Graciosa

29/08/1797     Nascia VILA ANTONINA

Portaria do Governador da Capitania de São Paulo, Antônio Manuel de Mello e Castro Mendonça, emancipava politicamente a Freguesia de Nossa Senhora do Pilar da Graciosa. O território desmembrado da Vila de Paranaguá abrangia as localidades de Morretes e Porto de Cima.

29/08/1991    Falecia, no Rio de Janeiro, Moisés Wille Lupion de Tróia

30/08/1975    Fundada a Filarmônica Antoninense

31/08/1946    Fundado o Ginásio Municipal de Antonina 


(colaboração de Celso Meira)